Memória oral da geração mais antiga de paratienses é a fonte da exposição audiovisual Histórias e Ofícios do Território, do Museu do Território de Paraty, que relembra a vida na cidade durante os anos de isolamento, antes da inauguração da rodovia Rio-Santos (anos 1970). Na abertura, uma jornada de debates sobre ofícios tradicionais reúne convidados de Paraty, do Rio e de São Paulo.
Habituados
a dar a palavra a visitantes de todas as partes do Brasil e do mundo,
os paratienses são os narradores em primeira pessoa de uma história
ainda desconhecida por muitos, mas que será reconstituída durante três
meses, no Centro Histórico de Paraty.
Concebida
a partir da memória oral de paratienses da velha guarda, selecionados
em pesquisa de campo junto à comunidade, a exposição audiovisual Histórias e Ofícios do Território,
primeira ação pública do Museu do Território de Paraty, pretende
rememorar a vida na cidade antes dos anos 1970, quando foi inaugurada a
rodovia Rio-Santos (BR-101). Com ela, veio o progresso, mas também
começou a acabar um modo de vida.
Histórias e Ofícios do Território
é parte do processo de implementação do Museu do Território de Paraty,
com patrocínio do BNDES, uma iniciativa da Casa Azul, que realiza a
Festa Literária Internacional de Paraty (Flip).
JORNADA DE DEBATES
Uma pequena jornada de debates, de 4 a 6 de dezembro,
abrirá a mostra, que permanecerá em cartaz até 8 de março de 2015,
espalhada por dois espaços expositivos e por 15 pontos do Centro
Histórico.
Na
jornada, o tema principal são os ofícios tradicionais de Paraty. Cada
mesa de debate reunirá um convidado de fora e um local, especializados,
cada um à sua maneira, na mesma área. Professores de artes plásticas,
biologia marinha, patrimônio histórico, antropologia e sociologia da
alimentação vão conversar informalmente com seus correspondentes locais
sobre pintura, o mar, os peixes, a cidade, as comidas, as festas.
EXPOSIÇÃO
Na exposição, a
história oral dos paratienses é o principal conteúdo. Após a seleção,
por indicação da comunidade, dos representantes da geração mais antiga,
depositária das lembranças mais profundas da cidade, estabeleceu-se um
foco: os ofícios tradicionais, em vias de desaparecimento ou de sofrer
transformação radical, como a arte de construir canoas, o comércio de
secos e molhados, a pesca, a comida, a arte popular, o ensino nas
escolas do passado.
Trechos
desses depoimentos foram transcritos em 15 placas comemorativas
espalhadas pela cidade e em dois espaços expositivos: o Espaço
Experimental de Cultura – Cinema da Praça e a Casa da Cultura de Paraty
(sala Samuel Costa). Na Casa da Cultura ainda será realizada uma oficina
sobre memória e fotografia, com o fotógrafo Walter Craveiro.
PLACAS COMEMORATIVAS
A
tradicional linguagem da sinalização de monumentos históricos é
subvertida para dar relevo a testemunhos de pessoas comuns, gravados em
15 placas comemorativas.
As
placas serão fixadas em muros erguidos durante o processo de tombamento
da cidade, concluído em 1974, para fechar lotes vagos.
OFICINA DE FOTOGRAFIA E MEMÓRIA
A Sala Samuel Costa, na Casa da Cultura de Paraty, abriga a oficina pedagógica Redescobrindo Paraty: fotografia, história e memória.
Ministrada pelo fotógrafo Walter Craveiro, a oficina busca construir um
mapa afetivo de Paraty por meio do resgate da memória de seus
participantes. Tendo como público alvo moradores de Paraty, com mais de
17 anos, ou menores de 17, desde que cursando o ensino médio, a oficina
será realizada em dois momentos: entre os dias 3 e 5 de dezembro de 2014
(módulo 1) e 27 e 28 de fevereiro de 2015 (módulo 2).
INFORMAÇÕES
Espaço
Experimental de Cultura Cinema da Praça: depoimentos em vídeo de
antigos moradores paratienses e painéis expositivos (de 4 de dezembro de
2014 a 8 de março de 2015)
Pela cidade: placas comemorativas com testemunhos de moradores
Casa da Cultura de Paraty
sala Samuel Costa: oficina Redescobrindo Paraty: fotografia, história e memória
com Walter Craveiro (de 3 a 5 de dezembro de 2014 e de 27 a 28 de
fevereiro de 2015) e exposição (de 4 de dezembro a 1 de março de 2015)
auditório: jornada de debates (de 4 a 6 de dezembro de 2014)
Programação Jornada de Debates
Quinta-feira, 4 de dezembro
Sessão 1 – 18h30
Abertura
André Bazzanella
Mauro Munhoz
Sexta-feira, 5 de dezembro
Sessão 2 – 16h
Do patrimônio material ao patrimônio imaterial
Angelo Oswaldo
Luciane Gorgulho
Sessão 3 – 18h
Ecossistemas do território
Almir Tã
Rodrigo Leão de Moura
Sessão 4 – 20h
O território caiçara
Carlos Alberto Dória
Zé Ferreira
Sábado, 6 de dezembro
Sessão 5 – 15h
Artes e formas do território
Júlio Paraty
Paulo Pasta
Sessão 6 – 16h30
Sabores do território
Maria Rameck
Paula Pinto e Silva
Convidados Jornada de debates
Almir Tã - pescador, artesão e líder comunitário da Ilha do Araújo, autor do livro Cultura caiçara
André Bazzanella - técnico do Iphan na Costa Verde do RJ
Angelo Oswaldo - presidente do Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), ex-prefeito de Ouro Preto
Carlos Alberto Dória - sociólogo, autor de Formação da culinária brasileira
Júlio Paraty - pintor paratiense
Luciane Gorgulho - responsável pelo departamento de Economia da Cultura do BNDES
Maria Rameck - professora e especialista na culinária paratiense
Mauro Munhoz - arquiteto, diretor-presidente da Associação Casa Azul
Paula Pinto e Silva - antropóloga, autora de Feijão, farinha e carne-seca
Paulo Pasta - pintor e professor, autor de A educação pela pintura
Rodrigo Leão de Moura - professor de biologia marinha na UFRJ
Zé Ferreira – agricultor paratiense, especialista em práticas agroecológicas
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