Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) analisa os tempos de deslocamento casa-trabalho da população brasileira, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), para o período de 1992 a 2009. Como o foco do estudo são as condições de transporte nas áreas urbanas, excluíram-se da análise os residentes em áreas rurais, empregados em atividades de agricultura, extrativismo e mineração, bem como os que trabalham em fazendas ou sítios. Também não foram incluídos os que trabalham em seu próprio domicílio ou são empregados em atividades noturnas (entre 22h e 5h), a fim de considerar apenas aqueles indivíduos expostos às mesmas condições de tráfico diário. A análise enfatiza as diferenças encontradas entre as nove maiores regiões metropolitanas (RMs) do país mais o Distrito Federal (DF), além de destacar como estas diferenças variam de acordo com níveis de renda e sexo, destacando-se os seguintes resultados. i) no ano de 2009, o tempo médio de viagem nas áreas metropolitanas analisadas era 63% maior do que nas áreas não metropolitanas: 38 minutos contra 23,3 minutos, diferença que tem se mantido estável entre 1992 e 2009, com aumento do tempo médio para ambas áreas; ii) o tempo de deslocamento casa-trabalho no ano de 2009 era 31% maior nas RMs de São Paulo e Rio de Janeiro se comparado às demais RMs. As três regiões metropolitanas do Nordeste e de Belém exibem tendência de aumento dos tempos de deslocamento, enquanto as RMs de Porto Alegre e Curitiba têm mostrado alguma estabilidade; iii) as principais RMs do país têm observado aumento gradual da sua proporção de longas viagens casa-trabalho (duração acima de uma hora) de 1992 a 2009, especialmente nos últimos cinco anos, com a exceção das RMs de Porto Alegre e Curitiba; iv) os trabalhadores de baixa renda (1º decil de renda) fazem viagens, em média, 20% mais longas do que os mais ricos (10º decil), e 19% dos mais pobres gastam mais de uma hora de viagem contra apenas 11% dos mais ricos, mas a relação entre renda e tempo de viagem varia ao longo do território nacional: a diferença do tempo de deslocamento entre ricos e pobres é muito maior em algumas RMs (Belo Horizonte, Curitiba e Distrito Federal) e quase nula em outras (Salvador, Recife, Fortaleza e Belém); v) houve aumento de tempo de deslocamento desde 1992, com piora mais intensa entre as pessoas do 1º decil de renda e entre a população mais rica (entre 7º e 10º decil), diminuindo diferenças de tempo de viagem entre faixas de renda no período analisado; vi) a diferença do tempo médio gasto nos deslocamentos casa-trabalho entre homens e mulheres diminuiu consideravelmente desde 1992, aproximando-se de zero. A análise dos autores aponta também que os efeitos positivos dos investimentos em infraestrutura e ampliação da capacidade do sistema de transporte, em termos de redução dos tempos de viagem, possuem duração limitada, pois diminuem com o passar do tempo, à medida que estes sistemas se reaproximam da sua capacidade limite. O estudo ainda aponta que existe uma carência de pesquisas que avaliem como os tempos de viagem casa-trabalho poderão ser afetados por políticas como o programa Minha Casa Minha Vida e os investimentos de mobilidade vinculados aos megaeventos, bem como as políticas de diminuição de custos do transporte individual. |
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sexta-feira, 22 de agosto de 2014
Mobilidade urbana: Ipea estuda deslocamentos casa-trabalho no Brasil
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