sexta-feira, 29 de agosto de 2014
COR-LUZ - HERMELINDO FIAMINGHI E O PARADIGMA CONCRETO
Exposição na Dan Galeria traz 40 obras do artista que criou um novo paradigma
na arte brasileira
Cor-Luz 9002/ 1990/ 140 x 150 cm/ Têmpera/óleo sobre tela
“Eu achava que poderia existir uma arte em que a cor era ela mesma. Digo “ela
mesma” e não cor pura, porque tecnicamente essa história de cor pura é própria
da linguagem de um crítico. Na verdade, que parâmetro é conferido a uma cor
para se dizer que ela é pura? Talvez possa-se dizer que uma cor é mais luminosa
que a outra, ou mais limpa.”
As palavras de Hermelindo Fiaminghi (1920-2004) expressam o desejo nascido na
exposição de Max Bill, realizada no MASP, em 1950, que se consumaria no início
da década seguinte na estética que veio a ser conhecida como Cor-Luz, centro da
exposição sobre o artista na Dan Galeria, que reunirá também obras do período
concretista.
Paradigma da obra de Fiaminghi, a Cor-Luz é caracterizada pela obtenção da cor
e da imagem por meio de retículas feitas em pincel compostas individualmente,
por meio do pincel e tinta, criando uma nova maneira de composição de imagem,
ao invés da tradicional mistura de tintas. Cada ponto é uma espécie de unidade
celular da pintura e desvela o que está por detrás da pintura tradicional. Por
meio das retículas e da pesquisa em torno da fusão e difusão da cor pela luz,
Fiaminghi leva às artes plásticas a influência da estética da arte gráfica –
que exerceu nos anos 1940 - ao mesmo tempo em que retoma o caráter plástico da
pintura. “Quando elimina a construção geométrica da escola concretista e passa
a trabalhar com a retícula, Fiaminghi inicia o paradigma da Cor-luz”, afirma
Peter Cohn, da Dan Galeria, curador da exposição junto de Daniela Bousso.
O artista
Hermelindo Fiaminghi nasceu em São Paulo em1920. Cursa, entre 1936 e 1941, o
Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, onde teve aulas com Lothar Charoux (1912
- 1987) e Waldemar da Costa (1904 - 1982). Inicia sua trajetória como artista
gráfico no início dos anos 1940, ao passar a se dedicar a litografia. Em 1946,
monta sua primeira empresa no setor, o Graphstudio.
No início dos anos 1950, o artista começa a realizar trabalhos abstratos, em
que revela a influência da arte construtiva, e colabora ainda com os poetas
concretos na programação gráfica de seus poemas. Em 1955, na terceira Bienal de
Artes de São Paulo, é “denunciado” como concretista, embora tido como “intruso”
por um dos líderes do movimento, o artista Waldemar Cordeiro (1925 - 1973),
cujo manifesto – Ruptura, que dera nome ao seu grupo – fora concebido pouco
tempo antes. Ao longo dos anos 1950, contribui na produção gráfica dos
poemas-cartazes de poetas concretistas de São Paulo, como Haroldo de Campos
(1929 - 2003) e Décio Pignatari (1927-2012).
Em 1959, Fiaminghi rompe com Waldemar Cordeiro (1925 - 1973) e o grupo de
artistas concretistas de São Paulo. A partir dos anos 1960, o artista inicia as
experiências com a cor que criaram a estética e o paradigma da Cor-Luz. Na
década de 1980, realiza uma série de "desretratos", como o de Haroldo de
Campos, de 1985, e de "despaisagens", com pinceladas livres, que revelam o
colorido como superfície flutuante. A Cor-Luz marcará sua obra e busca
artística até o fim de sua vida.
Hermelindo Fiaminghi – Cor-luz, na Dan Galeria
Coquetel de abertura: sábado, dia 30 de agosto, das 10h às 14h
Visitação: De 30 de agosto a 30 de setembro
De segunda a sexta das 10h às 18h, sábado das 10h às 13h
Rua Estados Unidos, 1638
Telefone: (11) 3083-4600
Marcadores:
as-A4,
Dan Galeria
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