A
obra - que será apresentada na Câmara Árabe - aborda história do país
desde 1921 até os dias atuais. Autor reabriu a embaixada brasileira em
Bagdá na década passada
São Paulo, 9 de abril de 2014
– O embaixador Bernardo de Azevedo Brito está lançando esta semana o
livro “Iraque: dos primórdios à procura de um destino”, que conta a
história do país desde 1921 até os dias de hoje. Nesta quarta-feira, dia
9, ele esteve na Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, em São Paulo,
para fazer uma apresentação sobre o livro. A obra, na avaliação do
autor, deve interessar a acadêmicos e a empresários que querem fazer
negócios no Iraque.
“As empresas
brasileiras devem ter uma presença maior no país, cito elementos para
uma presença consciente, uma perspectiva das dificuldades. O livro fala
do Iraque desde [Winston] Churchill [então secretário de Estado das
Colônias Britânicas], em 1921, até agora, e mostra que os problemas de
hoje já existiam naquela época”, afirmou o autor, que foi embaixador do
Brasil na nação árabe de 2006 a 2011 e acompanhou de perto a realidade
local.
De acordo com o
diplomata, fazem parte da atual realidade do Iraque uma economia em
expansão e a recuperação da indústria do petróleo. “É um país próspero e
de grandes perspectivas na região”, destacou. Mesmo na seara política
Brito vê avanços. Para ele, a jovem democracia iraquiana é problemática,
mas é uma democracia, e a Constituição de 2005 “é bastante avançada”.
OCUPAÇÃO
A obra aborda os diferentes momentos da história moderna da região, começando pela monarquia imposta pelos ingleses, passando pela república e o regime de Saddam Hussein, a Guerra Irã-Iraque, a invasão do Kuwait, as sanções que se seguiram, a invasão norte-americana de 2003 e os acontecimentos mais recentes que afetaram o país e o mundo árabe.
Brito diz, por
exemplo, que a Primavera Árabe mostrou que a população consegue mudar
regimes ditatoriais no Oriente Médio “sem a necessidade de intervenção
externa”. “O povo encontra sua solução”, afirmou. Para ele, a ocupação
do Iraque pelos Estados Unidos “foi uma agressão”.
O embaixador decidiu
escrever o livro para trazer à luz ao leitor brasileiro uma realidade
pouco conhecida, que além da violência sectária que marcou o país após a
invasão norte-americana. “Há atentados, há a insatisfação da minoria
sunita, existem problemas, mas há também outra realidade”, declarou.
DEMOCRACIA
Ela é avançada, diz Brito, na medida em que prevê um instrumento chamado “geometria variável” que, em tese, permite que diferentes regiões do país tenham autonomia sem que isto signifique a separação da união. “É que no Iraque e no Oriente Médio há mais do que o princípio de ‘um homem, um voto’, há também a questão das minorias”, destacou.
O embaixador se diz
“otimista” com o futuro do país. “Eu diria que o livro é realista, mas
há uma dose equilibrada de otimismo”, ressaltou. A obra, em sua
avaliação, deve interessar a acadêmicos e a empresários que querem fazer
negócios no Iraque. Brito foi o principal incentivador da participação
de companhias brasileiras em feiras na região do Curdistão, no norte do
Iraque, primeiro em Suleimaniyah e depois em Erbil. A Câmara Árabe, o
Itamaraty e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e
Investimentos (Apex-Brasil) organizam anualmente o estande do Brasil na
Feira Internacional de Erbil, que em 2014 será realizada de 22 a 25 de
setembro.
LANÇAMENTO
A obra é uma publicação da Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e foi lançada oficialmente no dia 10, na Fundação Cultural Badesc, em Florianópolis, onde Brito mora.
Brito entrou na
carreira diplomática em 1958, trabalhou nas embaixadas brasileiras em
Copenhague, na Dinamarca, e Oslo, na Noruega, e foi cônsul em Sevilha,
na Espanha. Ele integrou a missão Brasileira na ONU, foi representante
do País na Agência das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação
(FAO), diretor-executivo do Programa Mundial de Alimentos (PMA) e
embaixador do Brasil no Iraque, Zâmbia, Zimbábue, Finlândia e Estônia.
O embaixador, que
hoje tem 78 anos, se aposentou após ter servido como chefe do escritório
de representação do Brasil em Ramallah, na Cisjordânia, órgão que ele
mesmo inaugurou em 2004. Foi chamado de volta à ativa para reabrir a
embaixada brasileira em Bagdá, que estava fechada desde o início dos
anos 90. “Sou duas vezes aposentado”, brincou.
Serviço
“Iraque, dos primórdios à procura de um destino”
Bernardo de Azevedo Brito
Editora UFSC
376 páginas
Preço: R$ 58,00
Onde comprar: www.editora.ufsc.br
Lançamento
Quinta-feira, 10/04, às 19 horas
Local: Fundação Badesc, Rua Visconde de Ouro Preto, 216, Centro, Florianópolis, SC
Tel.: (048) 3224-8846
Site: http://fundacaoculturalbadesc. com/ encomendado especialmente para a ocasião.
Sobre a Câmara de Comércio Árabe-Brasileira
A
Câmara de Comércio Árabe-Brasileira representa 22 países árabes, foi
fundada em 1952 e tem como missão aproximar comercialmente o Brasil dos
países árabes, incrementando intercâmbios culturais e turísticos entre
árabes e brasileiros. A entidade oferece diversos serviços, como
certificação de documentos, informações de mercado, traduções, realiza
eventos e workshops. Disponibiliza, também, o Espaço do Conhecimento
Comercial, um centro de referência para pesquisas das relações entre o
Brasil e os países árabes.
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