Artistas
e curadores criam intervenções a partir da interação com o público e o
diálogo com as obras do Festival SESC_Videobrasil
Voltado
para ações de ativação da mostra Panoramas do Sul e da exposição 30
Anos, o Foco 7 dos Programas Públicos da 18ª edição do Festival de Arte
Contemporânea Sesc_Videobrasil, Leituras Sobrepostas, terá como
destaques intervenções que tratam da interação do público com as
exposições e a relação da arte com a escrita. A artista Galciani Neves e
os curadores Júlio Martins, Carolina Mendonça e Paulo Miyada são os
convidados deste foco, apresentando de 16 a 18 de janeiro, nos espaços
expositivos do Sesc Pompeia, o resultado de suas leituras sobre o 18º
Festival.
Paulo
Miyada e Carolina Mendonça construíram propostas de ativação a partir
da relação do público com as mostras. "A participação do público costuma
ser pouco reconhecida dentro dos espaços expositivos", afirma o
curador, arquiteto e urbanista Paulo Miyada, que apresentará no sábado
(18) Mixtape: Videobrasil, um filme
semi-documental (ou semi-ficcional) feito a partir dos diálogos de um
casal sobre a exposição. " A gente passa a maior parte do tempo falando
dos artistas e curadores, eu quis falar do público. O que me interessa é
fazer uma homenagem ao público", afirma.
O
filme, concebido e realizado ao longo de um mês, foi idealizado a
partir da observação da interação do público com o espaço expositivo.
Daí a opção do diretor em não utilizar atores nem artistas como casal,
mas sim pessoas que, em suas vidas, tivessem alguma ligação com a arte,
visitassem exposições, tivessem interesse no tema. No caso, um designer e
uma arquiteta. "Os artistas partem de uma premissa roteirizada, para
depois abrir espaço para lidar com o imprevisto", conta Paulo.
É da interação do público com as obras expostas que nasce também a intervenção da artista Carolina Mendonça, a performance Público,
criada ao longo de dois meses, durante os quais ela estudou a história
do Festival, visitou a exposição por diversas vezes e observou a maneira
com que o público regia a ela. “Minha ideia é que a performance
aconteça a partir do público, com performers contratados interagindo com
ele, no espaço expositivo, mas de uma forma que ele não saiba
exatamente o que se passa”, explica Carolina.
É
a primeira vez que a artista participa de uma intervenção desse tipo,
ou seja, que cria uma obra a partir de outra(s) em uma exposição. "Mas
já participei em exposições que tinham essa natureza", afirma. Em 2009,
na exposição Verbo, Carolina, junto do artista Bruno Freire,
fez um muro que era construído e destruído durante a abertura da
exposição. "Foi bem numa época em que a prefeitura estava fazendo várias
intervenções, fechando bares", conta.
Já em 4 Livros à Margem, a intervenção volta-se para a escrita. Curador, historiador e crítico de arte Júlio Martins
criou textos que apresentam uma visão particular sobre a mostra
Panoramas do Sul a partir de reflexões sobre a sua expografia e espaço
expositivo, obras e artistas. Quatro livretos estarão dispostos em
extremos do espaço expositivo, representando um dos quatro eixos
geográficos - Norte, Sul, Leste, Oeste - com as anotações pessoais dele
sobre a exposição. "A ideia era produzir um comentário, um desdobramento
da mostra. No meu processo de analise crítica, eu anoto algumas ideias,
então trouxe isso para o espaço expositivo como se fosse uma nota de
rodapé", conta.
Júlio
conta que a prática da escrita lhe interessa muito enquanto curador. A
diferença, neste caso, é que ele utiliza uma voz em primeira pessoa para
narrar suas impressões, ao contrário do que costuma fazer e do que
costuma ser feito na crítica de arte. "Todas essas questões da
exposição, como a do Sul Geopolítico, me levam a querer tomar partido,
uma coisa que eu não costumo fazer", afirma.
No
caso do Festival, o seu objetivo era dialogar com as obras dos
artistas. Para tanto, visitou várias vezes a exposição Panoramas do Sul.
Sobre sua intervenção, ele afirma que "num gesto simples você consegue
que a sua linguagem acompanhe a dos artistas."
Gal Neves,
crítica e curadora, participa pela primeira vez de uma ativação como a
que será realizada no Foco 7 com uma intervenção também voltada para a
escrita. Leituras Sobrepostas foi feita com a
colaboração de catorze artistas - tanto alguns participantes do
Festival, quanto artistas de fora -, todos convidados a escrever sobre
uma das obras expostas na Panoramas do Sul. São eles: Fabio Morais,
Jorge Menna Barreto, Haroldo Saboia, Maíra Dietrich, Matheus Leston,
Patricia Osses, Ana Luiza Dias, Natercia Pontes, Gui Mohallem,
Michel Zózimo, Mariana Xavier, Omar Salomão, João Loureiro e Coletivo
Madeirista. A própria Gal também escreve sobre a sua ação.
Na
exposição, os textos ficarão expostos ao público durante uma semana, ao
lado das legendas técnicas das obras. "O meu objetivo era dar um
direcionamento para a percepção do público que acontece a partir da sua
relação com a obra, a legenda oficial e o espaço entre elas", explica.
"Há uma diversidade de estilos entre os textos que intensificam a
proposta."
FOCO 7 - LEITURAS SOBREPOSTAS | PROGRAMAS PÚBLICOS
Escrituras Sobrepostas, de Galciani Neves
16.1.2014, 20h — Sesc Pompeia / Galpão e Quadra
16.1.2014, 20h — Sesc Pompeia / Galpão e Quadra
Público, de Carolina Mendonça
17.1.2014, 17h — Sesc Pompeia / Galpão e Quadra
18.1.2014, 10h — Sesc Pompeia / Galpão e Quadra
18.1.2014, 10h — Sesc Pompeia / Galpão e Quadra
4 livros à margem, de Júlio Martins
17.1.2014, 20h — Sesc Pompeia / Galpão e Quadra
Mixtape: Videobrasil, de Paulo Miyada
18.1.2014, 18h — Sesc Pompeia / Galpão e Quadra
Local: Sesc Pompeia
Rua Clélia, 93 – Pompeia, São Paulo SP
Telefone: 11 3871-7700
Entrada gratuita
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