terça-feira, 14 de janeiro de 2014

LEITURAS SOBREPOSTAS


Artistas e curadores criam intervenções a partir da interação com o público e o diálogo com as obras do Festival SESC_Videobrasil
 
 
Voltado para ações de ativação da mostra Panoramas do Sul e da exposição 30 Anos, o Foco 7 dos Programas Públicos da 18ª edição do Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil, Leituras Sobrepostas, terá como destaques intervenções que tratam da interação do público com as exposições e a relação da arte com a escrita. A artista Galciani Neves e os curadores Júlio Martins, Carolina Mendonça e Paulo Miyada são os convidados deste foco, apresentando de 16 a 18 de janeiro, nos espaços expositivos do Sesc Pompeia, o resultado de suas leituras sobre o 18º Festival.
 
Paulo Miyada e Carolina Mendonça construíram propostas de ativação a partir da relação do público com as mostras. "A participação do público costuma ser pouco reconhecida dentro dos espaços expositivos", afirma o curador, arquiteto e urbanista Paulo Miyada, que apresentará no sábado (18) Mixtape: Videobrasil, um filme semi-documental (ou semi-ficcional) feito a partir dos diálogos de um casal sobre a exposição. " A gente passa a maior parte do tempo falando dos artistas e curadores, eu quis falar do público. O que me interessa é fazer uma homenagem ao público", afirma.
 
O filme, concebido e realizado ao longo de um mês, foi idealizado a partir da observação da interação do público com o espaço expositivo. Daí a opção do diretor em não utilizar atores nem artistas como casal, mas sim pessoas que, em suas vidas, tivessem alguma ligação com a arte, visitassem exposições, tivessem interesse no tema. No caso, um designer e uma arquiteta. "Os artistas partem de uma premissa roteirizada, para depois abrir espaço para lidar com o imprevisto", conta Paulo.
 
 
É da interação do público com as obras expostas que nasce também a intervenção da artista Carolina Mendonça, a performance Público, criada ao longo de dois meses, durante os quais ela estudou a história do Festival, visitou a exposição por diversas vezes e observou a maneira com que o público regia a ela. “Minha ideia é que a performance aconteça a partir do público, com performers contratados interagindo com ele, no espaço expositivo, mas de uma forma que ele não saiba exatamente o que se passa”, explica Carolina.
 
É a primeira vez que a artista participa de uma intervenção desse tipo, ou seja, que cria uma obra a partir de outra(s) em uma exposição. "Mas já participei em exposições que tinham essa natureza", afirma. Em 2009, na exposição Verbo, Carolina, junto do artista Bruno Freire, fez um muro que era construído e destruído durante a abertura da exposição. "Foi bem numa época em que a prefeitura estava fazendo várias intervenções, fechando bares", conta.
 
 
Já em 4 Livros à Margem, a intervenção volta-se para a escrita. Curador, historiador e crítico de arte Júlio Martins criou textos que apresentam uma visão particular sobre a mostra Panoramas do Sul a partir de reflexões sobre a sua expografia e espaço expositivo, obras e artistas. Quatro livretos estarão dispostos em extremos do espaço expositivo, representando um dos quatro eixos geográficos - Norte, Sul, Leste, Oeste - com as anotações pessoais dele sobre a exposição. "A ideia era produzir um comentário, um desdobramento da mostra. No meu processo de analise crítica, eu anoto algumas ideias, então trouxe isso para o espaço expositivo como se fosse uma nota de rodapé", conta.
 
Júlio conta que a prática da escrita lhe interessa muito enquanto curador. A diferença, neste caso, é que ele utiliza uma voz em primeira pessoa para narrar suas impressões, ao contrário do que costuma fazer e do que costuma ser feito na crítica de arte. "Todas essas questões da exposição, como a do Sul Geopolítico, me levam a querer tomar partido, uma coisa que eu não costumo fazer", afirma.
 
No caso do Festival, o seu objetivo era dialogar com as obras dos artistas. Para tanto, visitou várias vezes a exposição Panoramas do Sul. Sobre sua intervenção, ele afirma que "num gesto simples você consegue que a sua linguagem acompanhe a dos artistas."
 
Gal Neves, crítica e curadora, participa pela primeira vez de uma ativação como a que será realizada no Foco 7 com uma intervenção também voltada para a escrita. Leituras Sobrepostas foi feita com a colaboração de catorze artistas - tanto alguns participantes do Festival, quanto artistas de fora -, todos convidados a escrever sobre uma das obras expostas na Panoramas do Sul. São eles: Fabio Morais, Jorge Menna Barreto, Haroldo Saboia, Maíra Dietrich, Matheus Leston, Patricia Osses, Ana Luiza Dias, Natercia Pontes, Gui Mohallem, Michel Zózimo, Mariana Xavier, Omar Salomão, João Loureiro e Coletivo Madeirista. A própria Gal também escreve sobre a sua ação. 
 
Na exposição, os textos ficarão expostos ao público durante uma semana, ao lado das legendas técnicas das obras. "O meu objetivo era dar um direcionamento para a percepção do público que acontece a partir da sua relação com a obra, a legenda oficial e o espaço entre elas", explica. "Há uma diversidade de estilos entre os textos que intensificam a proposta."
 
FOCO 7 - LEITURAS SOBREPOSTAS | PROGRAMAS PÚBLICOS
Escrituras Sobrepostas, de Galciani Neves
16.1.2014, 20h — Sesc Pompeia / Galpão e Quadra 
Público, de Carolina Mendonça
17.1.2014, 17h — Sesc Pompeia / Galpão e Quadra
18.1.2014, 10h — Sesc Pompeia / Galpão e Quadra 
4 livros à margem, de Júlio Martins
17.1.2014, 20h — Sesc Pompeia / Galpão e Quadra

Mixtape: Videobrasil, de Paulo Miyada
18.1.2014, 18h — Sesc Pompeia / Galpão e Quadra 
 
 
Local: Sesc Pompeia
Rua Clélia, 93 – Pompeia, São Paulo SP

Telefone: 11 3871-7700
Entrada gratuita
 

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