A
galeria Almeida e Dale apresenta a exposição Aldo Bonadei (1906-1974), a
partir de 8 de novembro. A mostra, em homenagem aos 40 anos de sua
morte, reúne cerca de 30 trabalhos do artista entre óleos, colagens e
tecidos, reunindo obras produzidas nas diferentes épocas de sua vida.
Com curadoria de Denise Mattar, a exposição inclui uma cronologia
ilustrada, poemas e textos do artista, objetos do seu atelier e suas
músicas preferidas.
Aldo
Bonadei foi uma personalidade rara entre os artistas paulistas.
Participou do Grupo Santa Helena, formado por artistas como Francisco
Rebolo Gonsales, Manoel Martinse Alfredo Volpi. Mas, apesar da afinidade
com o grupo, sua produção é mais complexa, e seu estilo é
inconfundível.
Suas
paisagens urbanas registram, com certa nostalgia, uma São Paulo que
crescia assombrosamente engolindo as paisagens bucólicas das bordas da
cidade. Suas naturezas-mortas são composições construídas à maneira de
Cézanne. Quase nunca registra a figura humana e seu olhar lírico cria
poesia em todos os detalhes.
Ao
mesmo tempo, poucos artistas brasileiros tiveram tão grande
envolvimento com a pesquisa plástica, e a busca da inovação foi uma
constante em sua trajetória. Seus primeiros trabalhos são quase
acadêmicos, aos poucos as lições do cubismo foram por ele assimiladas
numa expressão inteiramente pessoal, e de forma pioneira trilhou os
caminhos da abstração. Na década de 1940, quando, no Brasil, havia uma
absoluta rejeição à abstração, pintou as suas impressões musicais,
transmitindo plasticamente suas sensações. Uma dessas pinturas será
apresentada na exposição juntamente com a música que inspirou o artista a
produzi-la.
Bonadei
exercitou sua criatividade em várias áreas. Criou quadros-objetos
incorporando diversos materiais, como bordados e costuras sobre tela,
projetando experiências profissionais próprias, oriundas de seu grupo
familiar, dedicado à costura e ao bordado. Fez gravuras utilizando
processos inéditos de gravação. Mudou o suporte da pintura de forma
inovadora eliminando a moldura. Pintou tecidos e criou padrões para a
indústria. Fez projetos gráficos, criou cenários e figurinos para a Cia
Nydia Lícia e para Walther Hugo Khoury. Escreveu poesias e considerações
sobre os processos de criação plenas de lirismo.
Aldo
Bonadei foi um artista atuante e participante. Junto ao Sindicato dos
Artistas Plásticos, defendeu arduamente o reconhecimento da profissão.
Expôs em várias edições do Salão Paulista de Arte Moderna recebendo os
mais importantes prêmios do certame. Participou da Bienal de São Paulo,
representou o Brasil na XXVI Bienal de Veneza, expôs no Japão, Chile,
Cuba e Paris e realizou exposições individuais nas mais importantes
galerias da época como Domus e Bonfiglioli.
Todas
essas facetas serão relembradas pela exposição, que segue em cartaz até
dia 6 de dezembro. Segundo a curadora Denise Mattar “Esta exposição
pretende resgatar a plenitude de Aldo Bonadei um artista que sabia
harmonizar contradições produzindo uma obra densa, lírica, nostálgica, e
ao mesmo tempo vibrante e sem estridência. Um trabalho que surpreende
pela inovação e pela naturalidade com que ela brota do seu fazer
artístico”.
Sobre
Aldo Bonadei escreveram grandes críticos brasileiros como: Pietro Maria
Bardi, Mario Schenberg, Walter Zanini, Lourival Gomes Machado, Roberto
Pontual, Arnaldo Pedroso D’Horta, Lisbeth Rebolo, Emanoel Araújo, entre
outros.
Coquetel de abertura: quinta-feira, 7 de novembro de 2013, das 19 h às 23 h
Nenhum comentário:
Postar um comentário