convida para a
abertura da exposição
Trouxeste a
chave?
de Branca de
Oliveira
no dia 18 de
novembro, a partir das 19h
“Branca de Oliveira
é acostumada com complexas tecnologias.
Leva-nos, contudo,
neste trabalho a uma viagem na potencialidade do material mais simples da
história da arte: a grafite.
À aventura na forma
mais básica das artes visuais: o desenho.
Marcia
Tiburi
A Mônica Filgueiras
Galeria de Arte convida a abertura da exposição Trouxeste a chave?, de
Branca de Oliveira, no dia 18 de novembro, com vernissage a partir das
19h.
Trouxeste a
chave? é um conjunto de 53
peças que opõem o ato de criação às trancas impostas pelas inúmeras fechaduras
que impedem o pensamento de se manifestar. A imagem de múltiplas asas
remete à potencialidade da vida que aguarda alçar o vôo.
Estarão expostas
três
séries de trabalhos inéditos que têm como problema as potências da vida, da
criação e da liberdade. A artista opera alegorias para compor a sua obra poética
instigante e perturbadora - que experimenta o corpo, o ar e a água como limite e
como expansão.
Delírios
corpográficos é resultado da
original correspondência com uma jovem artista em torno do corpo como suporte do
processo criativo. Ao longo de meses, Branca se correspondeu com ela através de
desenhos que apresentam não apenas os avanços da experiência como também a fusão
entre palavras, imagens, dores, desvarios, tudo inscrito e costurado à pele com
a linha da fantasia.
Conquistaremos a
Distância/ Do mar ou outra... é uma série de
trabalhos baseados na imagem de peixes que espreitam, e do aquário, lançam o
anzol na captura de desejos derivantes que carregam para suas
profundidades.
Branca de
Oliveira é Doutora em
Poéticas Visuais pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São
Paulo, onde é Docente e Coordenadora do Grupo de Pesquisa Poética da
Multiplicidade. Expôs seus trabalhos em diversas mostras nacionais e
internacionais.
Ela trabalha com a
ancestral técnica da encáustica: camadas de desenho em grafite e cera se
alternam até que o efeito translúcido permita que a figura flutue numa matéria
que não é totalmente transparente - como nada é na vida.
Serviço:
Trouxeste a
chave?de Branca de Oliveira
Abertura: dia 18 de Novembro, às 19h
Exposição: de 19 de novembro a 20 de dezembro de 2013
Local: Mônica Filgueiras Galeria de Arte
Rua Bela Cintra, 1533 - Tel (11) 3082-5292
Horário: 2a a 6ª feira, das 10h às 19h
Sábado: das 10h às 14h30
Ainda que o último
fio seja intangível aos nossos olhos
Marcia
Tiburi
Corpográfios.
Vulcanográficos, ambigráficos, personográficos. Tramográficos, aracnográficos,
espacialográficos. Ascensográficos. Impulsográficos. Aerográficos.
Corrosivográficos. Levitográficos. Sabergráficos. Vorticegráficos. Pelegráficos.
Inundográficos. Rebentográficos. Anjográficos. Riscográficos. Ventográficos.
Branca de Oliveira é
acostumada com complexas tecnologias. Leva-nos, contudo, neste trabalho a uma
viagem na potencialidade do material mais simples da história da arte: a
grafite. À aventura na forma mais básica das artes visuais: o desenho. Não é
somente o retorno ao elemento fundante do gesto imagético, mas um aprofundamento
no fantasma da tecnologia que, historicamente, nos dispensou as mãos. Branca
volta a elas, devolve-as ao gesto e ao corpo que desenhando, pratica seu
primeiro movimento: ir além de si. Esse gesto liga, relaciona, anexa. Tenta,
testa, e por isso risca, arranha, suja, deixa acontecer. Funda nexos.
Toda a
experimentação é desenho. Desenho é design, é gesto de significação. Mas
desenho é grafo. Grafo é linha que conecta e desconecta uma coisa com outra, e a
linha a outra linha. Grafar implica uma gramática: grafamos com vértices,
arestas, paralelos, setas, laços, nervuras, ranhuras, arcos. Olhar esse trabalho
de Branca de Oliveira implica deixar-se levar pelas linhas, aceitar seus
emaranhados; ao mesmo tempo, duvidar deles. Prestar atenção em seus limites e
direcionamentos. Podemos, sem dúvida, olhar para os símbolos, os signos, os
sinais. Para o universo de conteúdos aos quais nos lança nesta experiência. Mas
eles seriam completamente outros caso não fossem desenhados.
É que o desenho nos
traz a sombra. O desenho nos dá o erro; no mais básico dos gestos, a
potencialidade do que poderia ser. O desenho não é somente o grafo e sua
história, mas é ainda o desajuste no mapa, o que estremece na planta, o que
alucina na imagem desenhada, a imagem corpografada nascida nesse ponto simples
da mão que atua. A imagem levitografada, ambigrafada é toda não imagem. Às
vezes, quando algo escapa, então, algo foi desenhado.
Ficamos sabendo que
a mutegrafia é diurna, que é também noturna. Olhando bem, vemos que o corpo
desenhado é corpográfico. E que é possível corpografar. Basta começar por algum
lugar como ela começou. Problema seria fazer o começo. Então nosso olhar roda,
roda; roda até encontrar o quadrado mágico, o palíndromo, o design...
Ambigrafamos quando transformamos qualquer um, em verso e reverso... problema,
sabemos, é versar e reversar. Por isso, olhar atentamente é o caminho. Sabendo
que o desenho de Branca de Oliveira começa no morfismo, mas rompe com ele:
dimórfico mórfico, eis como seria o caso de tentar entendê-lo.
Mas um desenho não
se entende simplesmente, antes, é preciso vê-lo. Encantados com a narrativa,
curiosos da alegoria, concentrados no conjunto de detalhes que nos poem em
estado de vertigem mental, fixamos os olhos. Ora, o desenho é um gesto sempre
sutil que exige a concentração mais delicada. Quanto há para interpretar? O que
se pode dizer?
Não é preciso dizer
nada. Basta ver, ainda que o último fio seja intangível ao nossos olhos.
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