quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Prêmio Brasil Fotografia 2013

Ministério da Cultura e Porto Seguro Cia de Seguros Gerais
convidam para a exposição dos trabalhos premiados pelo
Prêmio Brasil Fotografia 2013
Abertura dia 22 de outubro, às 19h

Imagem de Bruno Veiga – premiado na categoria ensaio

Boris Kossoy foi indicado ao
Prêmio Brasil Fotografia Especial
pelo conjunto da obra e sua
importante reflexão sobre a fotografia.

A edição 2013 do Prêmio Brasil Fotografia selecionou e premiou  oito fotógrafos que, com seus trabalhos, formam uma pequena, mas representativa, mostra da produção fotográfica contemporânea brasileira.
A Comissão de Premiação foi composta por: Cildo Oliveira, Eder Chiodetto, Diógenes Moura, Maria Hirszman e Ronaldo Entler.
Os critérios para a seleção e premiação foram a preocupação com a linguagem e narrativa, qualidade técnica e criatividade.
Dada as diferenças entre formatos, propósitos e recursos técnicos, não foi possível estabelecer um critério uniforme para a avaliação das categorias blogs e sites, sendo que estes dois prêmios foram então acrescidos ao valor previsto para a categoria Bolsa de Desenvolvimento de Projetos gerando duas bolsas. Maiores informações pelo site: www.premiobrasilfotografia.com.br

Os premiados foram:
Prêmio Brasil Fotografia Especial, no valor de R$40.000 (quarenta mil reais), a Boris Kossoy, pelo conjunto da obra e sua importante reflexão sobre a fotografia.

Um Prêmio Brasil Fotografia Ensaios, no valor de R$ 30.000 (trinta mil reais), a Bruno Veiga, pelo trabalho “Paisagem Blindada”, composto de 12 fotos.

Um Prêmio Brasil Fotografia Ensaios, no valor bruto de R$30.000 (trinta mil reais), a Carolina Krieger, pelo trabalho “Espelho do Avesso”, composto de 12 fotos.

Prêmio Brasil Fotografia Revelação, no valor bruto de R$10.000 (dez mil reais), a Priscila Buhr, pelo ensaio “Auslander”, composto de 12 fotos.

Um Prêmio-Bolsa para desenvolvimento de projeto, no valor bruto de R$15.000 (quinze mil reais), a Fernanda Rappa, projeto “Sementes Crioulas”.

Um Prêmio-Bolsa para desenvolvimento de projeto, no valor bruto de R$15.000 (quinze mil reais), a Denise Camargo, projeto “Memórias de Espuma Rosa”.

A comissão ainda deliberou outorgar três menções honrosas a:
- Dirceu Maués, pela obra “Frenetic Slow City”;
- Dirnei Prates, pelo ensaio “Verdes Complementares”;
- Leonardo Costa Braga, pela obra “Paradigma”.

Sobre os trabalhos premiados

Prêmio Brasil Fotografia Ensaios
Bruno Veiga

Conceito: Paisagem Blindada
Junho de 2013: Brasil em plena conflagração.
Passeatas, protestos, violência e repressão nas ruas do Rio de Janeiro e de todo Brasil. O medo entra em cena, os tapumes nas fachadas de prédios e especialmente nas agencias bancárias surgem como biombos contra a violência e as idéias que estão vindo das ruas.
Os módulos de compensado formam conjuntos que expressam o temor, mas também  criatividade e expressão de individualidade, pois cada fachada exige uma saída numa verdadeira arquitetura improvisada do medo.
Pela Av. Presidente Vargas as equipes de trabalho desfilam suas técnicas nas montagens de tapumes, alguns resultam em montagens mais apuradas, mais precisas outras mais toscas e improvisadas.
Objetivo: PAISAGEM BLINDADA trata desta questão: as ações objetivas dos operários acabaram por criar formas subjetivas  transformando o que deveria bloquear em algo que acaba por ampliar e problematizar por um novo ângulo as questões que estavam colocadas nas ruas.
Carolina Krieger

Conceito: “O Espelho do Avesso”, composto de 11 imagens, é um ensaio que trata da (in)distinção a partir de uma narrativa em aberto. Miranda que traz a tona a polaridade das cosias do mundo: natureza e cultura, luz e sombra, primitivo e divino, beleza e fealdade.
A pesquisa que gerou esse ensaio foi inspirada pelo seguinte trecho do livro “Memórias da Bananeira” da poeta Isadora Krieger:
“Quando vimos um cão correndo na beira, na beira do mar e na sua, sim, ela existe dentro de nós, é na beira da que a contemplação começa, é na contemplação que começa a brecha, e a brecha termina onde? E se eu te disser que nunca termina? E se eu te disser mais, disser que o nunca termina parece muito com a vez que vimos um cão correndo na beira, quando o mar virou um ouro molinho, todo derramado, respingando dourado aqui e ali, quando vimos o fogo junto com a água, o acima com o embaixo, o lá longe com o cá perto, quando nos vimos com patas e vimos o cão com pernas, tudo misturado, quando vimos o acontecer tão imenso que o esticar nem sequer existia, absurdo e natural, assim.”
Objetivo: “O Espelho do Avesso” busca uma fenda para a consciência da unidade. Propõe um estar no mundo silenciosamente.

Prêmio Brasil Fotografia Revelação
Priscila Buhr

Ausländer
“Fisicamente, habitamos um espaço, mas, sentimentalmente, somos habitados por uma memória.” José Saramago.
Ausländer, em alemão, quer dizer estrangeiro. Esse ensaio retrata o paradoxo dos sentimentos despertados durante a procura por uma identificação pessoal em uma terra desconhecida, distante e, ao mesmo tempo, impregnada de memórias e raízes. Uma história sobre busca, sobre um reencontro imaginário entre neta e avô.
Em 1935, tempos difíceis que antecediam a Segunda Guerra Mundial, meu avô materno, com 18 anos, deixava a Alemanha e chegava ao Brasil. Para trás, ficaram os pais, os amigos, os sonhos. Cresci ouvindo suas histórias e buscando referências daquele país que, de alguma forma, também sentia como meu.
O ensaio “Ausländer” começou a ser produzido em junho de 2011, durante uma viagem de 20 dias que fiz pela Alemanha, na tentativa de um encontro com todo o significado da palavra ascendência. O destino, o vilarejo de Nannhausen, terra do meu avô. Ruas vazias, apenas um silêncio quase absoluto, que me conduziu ao encontro da casa em que meu avô nascera. Um encontro de poucas palavras, de uma troca de olhares tímidos e um sentimento indescritível de se sentir no eixo, no princípio. Porém, como poderia fotografar algo que ali não existia mais? Onde estava a presença do meu avô, além de no meu imaginário? Ali não existiam as minhas memórias e sim, as dele. Então, a casa deixou de ser o meu objeto de busca e parti para uma construção das minhas próprias memórias, memórias criadas sobre lembranças efêmeras de uma relação entre neta, avô, laços e ausências.
As fotografias surgiram a partir do processo de identificação com o desconhecido naquele país mas, mais do que isso, as imagens surgiam como se eu fotografasse, para mostrar para o meu avô, como eu via e sentia a sua terra. A inquietação da contradição, entre se sentir estrangeira e, ao mesmo tempo, fortemente ligada afetivamente a uma terra, guiou a construção do meu olhar, sobre as minhas relações com o espaço e com o vazio. São fotografias que revelam sentimentos muito fortes porém voláteis e frágeis de uma memória familiar fragmentada, quase inexistente. Memórias que me habitam e fazem-me sentir habitante de um lugar que não é o meu. “Ausländer” é um ensaio sobre a construção dessas memórias e assim, precisei me reencontrar com outra casa. Um ano após a minha viagem para a Alemanha, voltei meu olhar para casa, em que meu avô viveu no Recife. Um lugar em que também vivi grande parte da minha infância, mas que me desperta a dúvida se as lembranças que tenho dos momentos que vivi ali são reais ou imaginárias. De alguma forma essa ausência me deu a possibilidade de me reencontrar com o meu avô e ainda que, no meu imaginário, pude lhe mostrar essas fotografias que criei sobre a sua ausência em mim.
Prêmio-Bolsa para desenvolvimento de projeto
Fernanda Rappa
Conceito
O Projeto Sementes Crioulas, apresenta uma reflexão sobre a relação entre magia e ciência. Tem como principal objeto de estudo a proteção das sementes crioulas (que não foram geneticamente modificadas) na região do Agreste da Borborema, no estado da Paraíba. Essas sementes são protegidas pelos moradores da região que se articularam em organizações para promover a agricultura familiar e a conservação da agrobiodiversidade.
Objetivo
O projeto Sementes Crioulas tem como objetivos: -      Documentação fotográfica da relação entre a população local e o Banco de Sementes Crioulas na região de Queimados, no planalto da Borborema – Paraíba -Coleta de informações sobre mitos, lendas e estórias que reflitam o imaginário coletivo local. -         Construção de uma camera escura, juntamente com a população na região do plantio.
Fotografia Documental Imaginária Instalação Fotográfica Land Art
Denise Camargo
Conceito
Memórias da espuma rosa, a um primeiro olhar, versa sobre um tema corriqueiro na fotografia: a memória. Entretanto, pretende problematizar noções de identidade e o próprio processo de criação. São fotografias construídas a partir de textos produzidos pela autora e registram as condições em que se dá o fazer artístico, evidenciado pela relação entre textos e imagens.
Objetivo
O objetivo deste projeto é a criação de uma série fotográfica cujo ponto de partida são textos que remontam a memórias cotidianas, em geral, de infância, e que no conjunto revelam aspectos identitários da autora. O resultado final do projeto é um livro-objeto, contendo textos, imagens e registros do processo de criação do trabalho.

Menções honrosas

Dirceu Maué
FreneticSlow City é um vídeo feito com aparelho de celular em uma única tomada contínua nas ruas de Belém do Pará.  A partir da multiplicação e desaceleração dos frames, distorções de cores e deformações das imagens. Efeitos obtidos pela subversão do uso dos programas contidos no aparelho de celular ou de programas simples de edição de imagens. O vídeo chega a um resultado de caráter pictórico, onde as imagens vem e vão numa simbiose contínua de cores. É um vídeo-pintura, onde formas e cores vão se transformando lentamente a partir de movimentos distintos: o movimento frenético das ruas da cidade, num traveling panorâmico de um trajeto aleatório, meio ao acaso e o movimento desacelerado de imagens em profusão e multiplicadas. Uma pequena viagem aos fragmentos pixelizados de uma cidade super-exposta em imagens que se transmutam lenta e surpreendente em uma mixagem quase radiográfica de seus signos urbanos.
Dirnei Prates

Conceito: No projeto, procuro estabelecer relações entre os campos cromáticos e meus estados de percepção e sentido, através de imagens de grande circulação que me são absorvidas e descartadas diariamente. O diálogo entre fotografia e pintura, recorrente em meu processo, se apresenta sob a forma de grandes planos de cor, oriundos de imagens secundárias eleitas das noticias de jornais, que podem ser lidos no conjunto, como num pequeno diário cromático.
Objetivo: O projeto tem por objetivo desenvolver trabalhos em fotografia que operem um deslocamento no olhar do observador a partir de imagens do seu cotidiano. O projeto objetiva também, subverter a noção de valores nestas imagens, ao enfatizar elementos secundários e ao abordar possíveis diluições de fronteiras entre intenção documental e representação pictórica.
Leonardo Costa Braga

Conceito: O Paradigma da existência é uma pergunta muito simples – Qual a relação de separação e de união entre o observador e o observado? A arte, a ciência, a religião e qualquer meio de conhecimento ou relacionamentos apenas existem porque esta dúvida ou experiência se perpetua no espaço, no tempo e na consciência desde que o universo é universo, ou desde que a fotografia é fotografia, ou será que o universo é apenas uma fotografia na nossa consciência e a fotografia é o universo em cada um? Poderíamos pensar infinitos paradoxos que estão propostos nestas imagens. Quem cria a imagem, o artista, a natureza, a máquina ou o espectador que a vê neste agora? Como é possível a maré que durou seis horas na paisagem, que engoliu o artista, se transformar em seis segundos de fotografias que engoliram a maré perpetuando este instante num mar de pensamentos dentro das pessoas? Como o trabalho parece um auto-retrato, para mim não era retrato nenhum, era apenas estar querendo recriar a linguagem da vida naquele único momento, para quem estava olhando da praia era uma performance, para a máquina era luz, para a linguagem fotográfica era um documento, para a arte pode ser a possibilidade de reverter conceitos contemporâneos em discurso próprio. Então vamos a derradeira pergunta – A separação ou a união entre os seres é apenas um ponto de vista?
Objetivo: O Trabalho tem como propósito a investigação da percepção subjetiva da vida se utilizando dos mecanismos visuais para gerar uma proposta de linguagem que questione o que cada um chama de realidade.
Prêmio Brasil Fotografia Especial

BORIS KOSSOY
Natural de São Paulo, Boris Kossoy interessou-se desde jovem pela fotografia, uma paixão que perduraria ao longo de sua vida. Sua obra fotográfica se desenvolve em quatro grandes áreas: profissional, acadêmica, institucional e artística. Em cada uma delas sua atuação tem deixado marcas e seguidores.
Assim como grande parte dos fotógrafos brasileiros de sua geração, Boris foi um autodidata; sua carreira profissional teve início em 1965 através do Estúdio Ampliart, atuando nas áreas de jornalismo, documentação e publicidade. Prestou serviços para jornais, revistas e veículos como Jornal da Tarde, Ultima Hora, Quatro Rodas, Manchete, TV Record, paralelamente a uma obra autoral que segue até o presente.
Arquiteto pela Universidade Mackenzie (1965); mestre e doutor pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo (1977-1979). Iniciou-se no magistério em 1973, instalando o primeiro curso de fotografia da Faculdade de Comunicação Social Anhembi (SP); foi professor também do Curso de Especialização em Museologia, e da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da UNESP (Campus de Bauru). Seu percurso na Universidade de São Paulo teve início em 1987; em 2000 prestou concurso para livre-docência e, em 2002, para o cargo de professor titular da Escola de Comunicações e Artes. Nesta instituição é pesquisador e professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação. Entre outras atividades é coordenador do Núcleo de Estudos Interdisciplinares de Imagem e Memória (NEIIM/LEER – USP).

Ao longo de sua carreira acadêmica a fotografia foi o centro das investigações em diferentes direções: teoria, história e poética. Enquanto historiador, teórico e pesquisador têm sua obra mais conhecida voltada à investigação da história da fotografia no Brasil e América Latina, aos estudos teóricos da expressão fotográfica e à aplicação da iconografia como fonte de investigação nas Ciências Humanas. Dentre seus trabalhos mais recentes como curador, é de se mencionar: “Círculo Fechado: os japoneses sob o olhar do DEOPS” (Memorial da Resistência de São Paulo/Estação Pinacoteca, 2009); “Horizontes; fotografias de Bruno Cals" (1500Gallery, NY, 2012) e “Um olhar sobre o Brasil: a fotografia na construção da imagem da nação” (Instituto Tomie Ohtake/Ministério da Cultura/Fundação Mapfre, SP, 2012-2013 e circuito nacional).
Sua carreira autoral como fotógrafo esteve centrada principalmente no realismo fantástico e na busca de elementos de mistério que permeiam as cenas do cotidiano urbano e da natureza, percepção essa que chamou de “mundos paralelos”. Mostras individuais de sua obra fotográfica foram montadas no Museu de Arte de São Paulo, Universidade de Nova York, Centro de la Imagen (México), Museu de Arte da Bahia, Pinacoteca do Estado de São Paulo, além de ter participado de um número expressivo de exposições coletivas. Fotografias de sua criação encontram-se representadas, entre outras instituições, nas coleções permanentes do Museu de Arte Moderna (NY), Biblioteca Nacional de Paris, Museu Metropolitano de Arte (NY), Centro da Imagem (México, D.F.), Instituto Smithsonian (Washington D.C.), Eastman House/Museu Internacional de Fotografia (Rochester, NY), Museu de Arte Moderna de São Paulo, Pinacoteca do Estado de São Paulo, além de coleções particulares.
É ampla a bibliografia sobre sua obra, publicada tanto no Brasil como internacionalmente. Kossoy é autor de 13 livros, entre eles, os clássicos: Viagem pelo Fantástico; Hercules Florence, a descoberta isolada da Fotografia no Brasil; São Paulo, 1900; Fotografia e História; Realidades e Ficções na Trama Fotográfica; Os tempos da fotografia, o efêmero e o perpétuo; Dicionário Histórico-Fotográfico Brasileiro; Boris Kossoy Fotógrafo e Um olhar sobre o Brasil; a fotografia na construção da imagem da nação (coord.).
Em 1984, recebeu do Ministério da Cultura e da Comunicação da França, a condecoração: Chevalier de l’Ordre des Arts et des Lettres, pelo conjunto de sua obra.

Prêmio Brasil Fotografia 2013
Exposição aberta ao público
Abertura para convidados: dia 22 de Outubro, às 19h
Visitação de 23 de Outubro de 2013 à 9 de Janeiro de 2014.
Espaço Cultural Porto Seguro
Endereço: Avenida Rio Branco, 1489 – Campos Elíseos – São Paulo (SP)
Horário de funcionamento: de terça a sexta-feira, das 10h às 19h; sábado e domingo, das 10h às 17h
Entrada gratuita
Estacionamento no local no dia da abertura.
Durante a temporada estacionamento somente na entrada da Rua Guaianases, 1238.
Acessibilidade a portadores de necessidades especiais
Visita  Educativa
de 23 de Outubro à 23 de Dezembro de 2013
de segunda as sexta das 10h às 14h com agendamento prévio pelo email : agendamento@premiobrasilfotografia.com.br
Informações: 3337-5880 Radamés/Paula

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