Licenciado
pela Som Livre, LP chegará às lojas simultaneamente ao
CD
Rio de Janeiro, 17 de Setembro de 2013
Eis aqui o meu primeiro disco. Foi
feito num inesperado porém muito bem-vindo exílio, numa terra onde não
me imaginava achar mas que, por conta de toda diferença e de na
chegada eu lá ter sido um total desconhecido, me deu a divina
oportunidade de re-conhecer a minha natureza, recobrar a minha ascendência
e as minhas saudades que, de longe, entravam em foco umas enquanto se
esmaíam outras. Pois que, na solitude de ser estrangeiro, pensando na
mobília que havia abandonado e tentando ainda enxergar-me nela eu me
encantei com a sala vazia, com o espaço, e me pus a olhar pra distância,
a ver o duplo que me espelha de fora, que reflete a visão que chamo
de minha, veículo e cúmplice inventado do qual sou eu também o
canal, esse que chamo Cavalo.
Eu sempre me senti estrangeiro de
um jeito ou de outro, me mudando a cada 3 anos durante a infância e
adolescência, fingindo ter o desprendimento e a coragem que acabei por
inventar mas carregando secretamente a mágoa do desvio, da espera da
volta. Quando por fim voltei ao Rio com um sotaque três vezes mexido e vi
que essa minha terra natal era minha mais por eu a ter
inventado descobri-me assim, estrangeiro, e me senti livre e
agradecido. Acabei partindo de novo. De repente me vi num deserto, feliz de
estar só, deslumbrado com o vazio, com o silêncio, de onde escrevi essas
músicas. Acredito que todo mundo em alguma medida também se
sente estrangeiro, na forma como outros o vêem, em seu corpo, em seu
destino talvez, e por isso sonho que esse meu veículo, espelho
imprevisível que preencho, que me serve e me move, possa também
mover a ti, servir ainda a outros, com sorte.
Pra dar lugar a esse duplo que se
cria como eco num vão, que se mostra na distância, eu abri espaço o
quanto soube, tirei até sobrar quase o mote, joguei fora os adjetivos e
usei outros idiomas que por eu não dominar como o meu me levaram a uma
nova concisão, códigos que não serão compreendidos sempre e que por
isso criam mais espaços, levam a outros desvios, invenções. Joguei fora
também a capa. Tudo o que estava do lado de dentro protegido pela máscara
veio pra fora, ficou exposto, limpo de direções, cores, está claro e sem
vergonha, aberto. Se revelou a beleza simples da página, o preto no
branco que a gente gosta de usar como sinônimo de coisa exata mas que é
justo onde moram as infindáveis delícias da interpretação, onde há o
maior dos vãos, onde está num enfileirado de códigos o potencial reflexo
improvável de ti, do teu olhar. Dentro só o que ouvir. Aí outra
separação, outro espaço e outro duplo, dentro e fora, superfície e
volume, a coisa e o nome da coisa, eu e a ideia que faço de mim. Entre um
e outro a mão estendida, o trem parado na estação, o véu, o teu
próprio sonho. Com sorte!
Obrigado pela chance.
R.Amarante
NADA EM
VÃO
HOURGLASS
MON
NOM
IRENE
MANÁ
FALL
ASLEEP
THE RIBBON
O COMETA
CAVALO
I’M READY
TARDEI
Rodrigo Amarante
Lançamento: Slap (CD) e Polysom (Vinil)
Preço médio: R$ 24,90 (CD) e R$ 69,90 (Vinil)
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