Projeto idealizado em parceria com o Museu dos Quilombos e Favelas Urbanos incentiva o empreendedorismo culinário
Você já comeu um galopé? E um peixe que é um
vegetal? Frango com quiabo em pó? Doce de jiló? Pois estes são pratos
comuns na comunidade do Aglomerado Santa Lúcia. Sem muita pretensão e
transbordando sabor, a criatividade é o mote das receitas.
O quiabo em pó surgiu para evitar o desperdício. Dona Amélia,
ex-proprietária de um pequeno sacolão, às voltas com o problema de
sobras de quiabo, tratou de desidratar o vegetal e triturá-lo até virar
pó, experiência que deu certo, pois preserva o gosto e
os nutrientes.
O assa-peixe, uma erva bastante usada para o
tratamento da gripe, bronquite, asma e tosse, vira filé, no Aglomerado. A
folha empanada faz as vezes do peixe e tanto o aspecto, quanto o sabor
não deixam a desejar. O doce de jiló substitui
o de figo. E assim, a cozinha criativa da comunidade nos mostra que há
uma imensa variedade de ingredientes e temperos ainda pouco conhecidos
pela maioria das pessoas e que são facilmente encontrados nos quintais e
pelas ruas do Aglomerado.
Valorizar e preservar estes conhecimentos,
identificar as formas de expressão da gastronomia do Aglomerado, bem
como os principais ingredientes utilizados, modos de fazer, saberes e
oportunidades de negócios que a envolvem, são objetivos
do projeto Gastronomia no Morro, idealizado pela Secretaria de
Estado de Turismo e pelo Museu dos Quilombos e Favelas Urbanos – Muquifu
e desenvolvido em conjunto com a comunidade do Aglomerado Santa Lúcia e
outros parceiros.
Minas Gerais que é reconhecida pelos turistas por
suas qualidades gastronômicas, vem trabalhando nas mais variadas
vertentes. Além da alta gastronomia, o governo incentiva e valoriza o
conhecimento de outros nichos populacionais, a exemplo
do Aglomerado Santa Lúcia. De acordo com o Secretário de Estado de
Turismo, Agostinho Patrus, “trabalhando a gastronomia social dentro do
projeto Minas Criativa e diante das possibilidades que a comunidade
apresenta, o objetivo é ajudar a pensar novos negócios
e estimular as pessoas envolvidas a se tornarem membros produtivos do
mercado de trabalho gastronômico”.
Dentre as ações
realizadas, destacam-se a elaboração de um plano de atividades para a
promoção da gastronomia do Aglomerado, a identificação e o fomento de
parcerias entre o Governo de
Minas Gerais e entidades que atuam no setor gastronômico e o incentivo
ao empreendedorismo no setor gastronômico na comunidade.
Gastronomia no Morro
- O projeto, lançado no final de setembro, será desenvolvido em
duas etapas. Na primeira, que acontecerá no dia 19 de outubro, o chefs
do Aglomerado apresentarão suas receitas para cinco renomados chefs de
Belo Horizonte. O evento acontecerá no Salão
Paroquial do Aglomerado (Salão do Encontro Padre João Batista Guetta),
na Rua Principal, 321, às 13h.
Na segunda etapa,
prevista para o dia 02 de novembro, os chefs convidados vão cozinhar
para os chefs do Aglomerado. O evento acontecerá no restaurante Vecchio
Sogno, em horário a ser confirmado.
MUQUIFU – Inspirado
nos museus comunitários da Maré e do Cantagalo/Pavão Pavãozinho, do
Rio, o Muquifu pretende ser um museu a céu aberto, etnográfico,
histórico e artístico.
A gestão do Muquifu está
sob a responsabilidade da comissão do Quilombo, que organiza as três
semanas de “Paz e Cidadania”, evento que acontece anualmente no Morro do
Papagaio, como é conhecido o aglomerado Santa
Lúcia.
Em dezembro de 2012 foi
inaugurado o Memorial do Quilombo, primeiro núcleo do Muquifu. Ali é
catalogado e arquivado o material recebido para o museu. Contar a origem
do congado, da arte negra, da dança e as comidas
típicas da comunidade são alguns dos objetivos do Museu.
Projeto
Uma casa de dois andares, situada no Beco Santa Inês, foi escolhida para ser o “aparelho cultural” do Papagaio.
O projeto, de Sylvio
Podestá, propõe um prédio de três andares com biblioteca, sala de
exposições, cineclube, cafeteria e uma cozinha (para cursos de
culinária).
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