Exposição reúne, a partir de 21 de setembro,
a produção mais recente do artista
Com vernissage no dia 21 de setembro, na Dan Galeria, a exposição “Se noite fosse água”
apresenta a produção mais recente do artista plástico paulistano Sergio
Fingermann, incluindo 15 pinturas de grande formato e 10 obras sobre
papel, que sugerem cenários de sonho por meio de construções espaciais.
Essa “suíte construtiva”, como a chama o artista, nasceu a partir de sua
experiência com a realização de mosaicos de pedra portuguesa nas obras
do arquiteto mexicano Ricardo Legorreta. A geometria da obra instiga o
espectador e o convida a percorrer o território da ilusão. O nome da
mostra, “Se noite fosse água”, foi inspirado no
poema “Meditações sobre o Tietê” (1945) de Mario de Andrade, e é uma
provocação, uma estratégia para promover uma leitura cruzada de imagens,
que faz surgir novos sentidos.
Arquiteto de formação
(FAU-USP), Fingermann desenvolve há mais 30 anos uma extensa obra
gráfica, marcada pela disciplina e por uma apurada técnica. O jogo do
claro e escuro e das tramas, frequente na gravura, foram o ponto de
partida do artista na produção de mosaicos, que dialogam com espaços
arquitetônicos. Em sua maioria, essas pinturas atuais são construções
que recuperam essa experiência gráfica, acrescentando, por vezes, a
colagem de papel de arroz (Kozo), jogando, às vezes, com a sensação de
tridimensionalidade, outras vezes, afirmando a bidimensionalidade da
pintura.
No evento, Fingermann lança um
livro com o mesmo nome da exposição, que reúne a produção desses
últimos 15 anos e apresenta uma extensa seleção de imagens que se
relacionam poeticamente entre si, traduzindo as questões plásticas de
sua obra. O artista propõe uma reflexão sobre o fazer artístico e as
bases de sua criação. “Num período de experimentações, de expansão do
próprio conceito de arte, de modismos, procurei desenvolver minhas
experiências criativas, fundadas numa relação com o ofício, com a
afirmação de um pacto poético, com a crença na construção de uma
linguagem marcada pela singularidade e pela originalidade”, diz o
artista.
Com ensaios de Ana Magalhães
(historiadora, curadora e docente do Museu de Arte Contemporânea da
Universidade de São Paulo – MAC USP) e de Laura Abreu (historiadora e
curadora do Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro – MNBA-RJ), Se noite fosse água traz 180 trabalhos reproduzidos, e conta ainda com fotos de Cristiano Mascaro e um texto do próprio artista.
Entrevista com o artista
Qual é a originalidade de Se noite fosse água, sua série mais recente, em relação às outras já realizadas?
Utilizei sistematicamente um
papel japonês, chamado Kozo. É um papel feito de arroz, que encontrei
para ser a fisicalidade da imagem que eu queria criar. A trama do papel
deixa o fundo da tela sempre aparente, que simboliza o “entre”: não é
nem a tela em si, e nem a imagem como um todo. Ela deixa espaço para o
observador imaginar. É como se o assunto fosse o próprio fundo do
trabalho; o fundo é o substantivo, e a superfície é o adjetivo.
Qual é a sua preocupação, como artista plástico, em escrever um livro?
Os meus livros sempre tiveram a
preocupação de deixar um testemunho de onde está fundada a minha
experiência artística. Meus textos mostram o pensamento ético de ser
artista, e uma reflexão do que é ser artista e fazer arte. Ao escrever e
explicitar o meu processo artístico, eu crio laços com o público.
Em Se noite fosse água,
há textos meus, mas também de Ana Magalhães, uma das curadoras do MAC, e
de Laura Abreu, curadora do Museu Nacional de Belas Artes. Convidei-as
para participar do livro com o intuito de obter críticas externas ao meu
trabalho. Elas traçaram minhas referências e situaram minha produção no
contexto histórico e na cena artística brasileira.
Qual é, em sua opinião, o papel do artista no cenário da arte contemporânea?
Acho que temos a obrigação de
falar ao público em que bases estamos trabalhando. Quanto mais artista é
generoso em oferecer ao público as suas referências e seu processo de
trabalho, ele fornece mais acessibilidade à sua própria obra. Meu
trabalho, por exemplo, sempre dialoga com a história da arte. Nessa
série mais recente, o diálogo é diretamente com o cubismo, e os textos
do meu livro verbalizam e explicam o porquê de eu ter escolhido essa
vanguarda para ser a minha referência.
Além disso, o artista não deve
ter como seu principal objetivo o mercado, mas a excelência do fazer
artístico. O artista deve ter um compromisso direto com o
extraordinário, o incomum. Ele deve produzir para o outro uma nova
maneira de ver as coisas, de pensar.
Exposição
Dan Galeria
Rua Estados Unidos, 1638
Coquetel de abertura: sábado, dia 21 de setembro, das 10h às 14h
Visitação: De 21 de setembro a 21 de outubro de 2013
De segunda a sexta das 10h às 18h, sábado das 10h às 13h
Ficha técnica
Se noite fosse água
Português • 1ª edição • 2013
244 p • 29 x 23 cm
ISBN: 978-85-7850-101-3
O artista já publicou pela BEI: Fragmentos de um dia extenso (2001), Elogio ao silêncio (2007), Gravura: Trama de sombras (2009) e Uma aprendizagem (2010).
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