domingo, 8 de setembro de 2013

Sergio Fingermann apresenta Se noite fosse água, na Dan Galeria


 
 
 
 
Exposição reúne, a partir de 21 de setembro,
a produção mais recente do artista
 
Com vernissage no dia 21 de setembro, na Dan Galeria, a exposição “Se noite fosse água” apresenta a produção mais recente do artista plástico paulistano Sergio Fingermann, incluindo 15 pinturas de grande formato e 10 obras sobre papel, que sugerem cenários de sonho por meio de construções espaciais. Essa “suíte construtiva”, como a chama o artista, nasceu a partir de sua experiência com a realização de mosaicos de pedra portuguesa nas obras do arquiteto mexicano Ricardo Legorreta. A geometria da obra instiga o espectador e o convida a percorrer o território da ilusão. O nome da mostra, “Se noite fosse água”, foi inspirado no poema “Meditações sobre o Tietê” (1945) de Mario de Andrade, e é uma provocação, uma estratégia para promover uma leitura cruzada de imagens, que faz surgir novos sentidos.
 
Arquiteto de formação (FAU-USP), Fingermann desenvolve há mais 30 anos uma extensa obra gráfica, marcada pela disciplina e por uma apurada técnica. O jogo do claro e escuro e das tramas, frequente na gravura, foram o ponto de partida do artista na produção de mosaicos, que dialogam com espaços arquitetônicos. Em sua maioria, essas pinturas atuais são construções que recuperam essa experiência gráfica, acrescentando, por vezes, a colagem de papel de arroz (Kozo), jogando, às vezes, com a sensação de tridimensionalidade, outras vezes, afirmando a bidimensionalidade da pintura.
 
No evento, Fingermann lança um livro com o mesmo nome da exposição, que reúne a produção desses últimos 15 anos e apresenta uma extensa seleção de imagens que se relacionam poeticamente entre si, traduzindo as questões plásticas de sua obra.  O artista propõe uma reflexão sobre o fazer artístico e as bases de sua criação. “Num período de experimentações, de expansão do próprio conceito de arte, de modismos, procurei desenvolver minhas experiências criativas, fundadas numa relação com o ofício, com a afirmação de um pacto poético, com a crença na construção de uma linguagem marcada pela singularidade e pela originalidade”, diz o artista.
 
 Com ensaios de Ana Magalhães (historiadora, curadora e docente do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo – MAC USP) e de Laura Abreu (historiadora e curadora do Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro – MNBA-RJ), Se noite fosse água traz 180 trabalhos reproduzidos, e conta ainda com fotos de Cristiano Mascaro e um texto do próprio artista.
 
 
 
Entrevista com o artista
 
Qual é a originalidade de Se noite fosse água, sua série mais recente, em relação às outras já realizadas?
 
Utilizei sistematicamente um papel japonês, chamado Kozo. É um papel feito de arroz, que encontrei para ser a fisicalidade da imagem que eu queria criar. A trama do papel deixa o fundo da tela sempre aparente, que simboliza o “entre”: não é nem a tela em si, e nem a imagem como um todo. Ela deixa espaço para o observador imaginar. É como se o assunto fosse o próprio fundo do trabalho; o fundo é o substantivo, e a superfície é o adjetivo.
 
Qual é a sua preocupação, como artista plástico, em escrever um livro?
 
Os meus livros sempre tiveram a preocupação de deixar um testemunho de onde está fundada a minha experiência artística. Meus textos mostram o pensamento ético de ser artista, e uma reflexão do que é ser artista e fazer arte. Ao escrever e explicitar o meu processo artístico, eu crio laços com o público.
 
Em Se noite fosse água, há textos meus, mas também de Ana Magalhães, uma das curadoras do MAC, e de Laura Abreu, curadora do Museu Nacional de Belas Artes. Convidei-as para participar do livro com o intuito de obter críticas externas ao meu trabalho. Elas traçaram minhas referências e situaram minha produção no contexto histórico e na cena artística brasileira.
 
Qual é, em sua opinião, o papel do artista no cenário da arte contemporânea?
 
Acho que temos a obrigação de falar ao público em que bases estamos trabalhando. Quanto mais artista é generoso em oferecer ao público as suas referências e seu processo de trabalho, ele fornece mais acessibilidade à sua própria obra. Meu trabalho, por exemplo, sempre dialoga com a história da arte. Nessa série mais recente, o diálogo é diretamente com o cubismo, e os textos do meu livro verbalizam e explicam o porquê de eu ter escolhido essa vanguarda para ser a minha referência.
 
Além disso, o artista não deve ter como seu principal objetivo o mercado, mas a excelência do fazer artístico. O artista deve ter um compromisso direto com o extraordinário, o incomum. Ele deve produzir para o outro uma nova maneira de ver as coisas, de pensar.
 
 
Exposição
 
Dan Galeria
Rua Estados Unidos, 1638
Coquetel de abertura: sábado, dia 21 de setembro, das 10h às 14h
Visitação: De 21 de setembro a 21 de outubro de 2013
                  De segunda a sexta das 10h às 18h, sábado das 10h às 13h
 
Ficha técnica
 
Se noite fosse água
Português • 1ª edição • 2013
244 p •  29 x 23 cm
ISBN: 978-85-7850-101-3
O artista já publicou pela BEI: Fragmentos de um dia extenso (2001), Elogio ao silêncio (2007), Gravura: Trama de sombras (2009) e Uma aprendizagem (2010).
 

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