E o lixo?
Paulo
Reims
Quem não aprecia a limpeza, ver tudo no seu devido
lugar...?
Você já se sentiu indignado ao ver lixo jogado em
qualquer lugar, pior ainda, por ver gente jogando lixo no chão, sem o menor
escrúpulo?
Existem pessoas e povos privilegiados por princípios
éticos, sentimentos de respeito para com o ecossistema, para com todas as
criaturas. São aportes que vêm do “berço”; fazem parte indissociável da
personalidade. É muito bom estar e conversar com este tipo de gente que tem
nobreza de caráter, sensibilidade pela vida em todas as dimensões. Há muita
gente que sabe que faz parte do todo, ou seja, que é um com o universo, e por
conta disso o trata bem, pois sabe que está fazendo o bem, antes de tudo, para
si próprio.
O respeito pela natureza, evidentemente, não consiste
apenas em não jogar lixo em qualquer lugar. Ele começa quando vencemos a
compulsão em querer e adquirir tudo o que nossos olhos vêem. Recordo-me de um
passeio que fazia pelos Alpes Italianos com outras pessoas amigas e, de repente,
avistei uma florzinha; ela era simples e linda e queria tê-la comigo, e a
apanhei. Fui surpreendido com uma repreensão de uma amiga, que também me lembrou
que se houvesse ali um guarda florestal eu seria multado. Fiquei triste comigo
mesmo, pois além da florzinha secar mais rapidamente e deixar de embelezar
aquele ambiente, outras pessoas ficaram privadas de apreciar a sua beleza. Faz
muitos anos; pedi um perdão holístico, a lição continua valendo, e sempre que
tenho oportunidade eu planto árvores e flores, contribuindo para que o planeta
recupere sua beleza original, e para tornar o caminho de tanta gente menos
árduo.
Portanto, o respeito pelo planeta começa quando eu
disciplino o meu ser e o meu agir, quando busco aquilo que é verdadeiramente
necessário, e o mais saudável possível. Daí a necessidade de valorizarmos e
fomentarmos a agroecologia.
É preocupante a produção, em larga escala, de
agrotóxicos que poluem o ar, a água e a terra e, consequentemente, nos adoecem
também. Quantos cânceres provenientes da ingestão de produtos contaminados!
Venenos que em outros países são de comercialização proibida, aqui continuam
entrando, infelizmente, para produzir e lucrar mais e mais...
Existem preocupações dos dirigentes das nações em
proporcionar vida com qualidade para todos, mas está mais na teoria, a prática
está muitíssimo aquém das metas.
Há muita gente que só vai descobrir que não se come
dinheiro, quando todas as águas estiverem poluídas e todas as árvores forem
derrubadas. É o tipo de gente que não pensa no seu fim, preocupada somente em
ter, esquece de que está apressando o seu próprio fim e o fim do planeta que
geme, grita, chora, vomita e agoniza; esta é a leitura simbólica que podemos
fazer das constantes enchentes, deslizamentos, chuva demais ou de menos,
furacões, terremotos, vulcões... E apesar de todos os nossos modos
insustentáveis de agir para com ele, continua nos sustentando, qual mãe
que não abandona seus filhos rebeldes. Até quando?
Hoje, 20 de agosto, baseada na Lei Municipal 3273/2001,
a cidade do Rio de Janeiro iniciou o programa Lixo Zero, que prevê multas que
vão de R$ 157,00 até R$ 3.000,00 para quem jogar lixo no
chão.
O antigo ditado de que quem não aprende pelo amor,
aprende pela dor, tem muito de verdadeiro. Quando a dor bate no “bolso” a pessoa
toma consciência com facilidade.
Este programa deveria ser aplicado em toda parte, sem
deixar de lado os programas educativos nas escolas e na
imprensa.
Os governantes deveriam investir mais em projetos
educativos referentes ao meio ambiente, pois não podemos, como alguém já disse,
nos preocupar apenas com o mundo que vamos deixar para nossos filhos, mas
sobretudo com os filhos que vamos deixar para o mundo.
Quando estivermos prestes a jogar lixo no chão, olhemos
para os lados, para cima, e percebamos que todo o universo nos olha, não para
nos aplicar multas, mas de forma carinhosa, conspirando a nosso favor para que
tenhamos atitudes dignas de seres humanos que respeitam a si mesmos e a todos os
outros seres.
21/08/2013
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