A ordem era extrair dos instrumentos sons
incomuns, subverter seus usos, sendo que cada aluno deveria apresentar ideias
em seu próprio instrumento. Dispostos a aceitar os desafios propostos pelos
professores, transformaram violões e guitarras em instrumentos de percussão,
violoncelos em máquinas de ruídos, flautas em instrumentos de canto, e vozes em
sons sem distinção. E durante 15 minutos tocaram daquela maneira, deixando
fluir a criatividade. Era mais um exercício de improvisação coletiva do curso
de Soundpainting da 31ª Oficina de Música de Curitiba.
O ítalo-suíço-brasileiro Michelangelo
Pagnano, a francesa Fanny Menegoz, o suíço Didier Métrailler, e o alemão
Karsten Hochapfel, foram os condutores dos cinco encontros do curso. O primeiro
é um autodidata da música popular, e os outros três, músicos de formação
erudita. Juntos, são conhecidos por Michelangelo 4tet, grupo que combina música
brasileira e africana com jazz e música erudita. E esse grande caldeirão sonoro
e étnico, eles trouxeram também para as aulas da Oficina.
Na descrição das aulas, os estudantes
encontravam, entre outras propostas, a de que ali vivenciariam “um atelier para
se libertar tocando o que se sente, o que se é”. Além do Soundpainting,
linguagem de sinais criada pelo compositor norte-americano Walter Thompson para
músicos, atores e bailarinos, aprenderiam o mais importante para o
desenvolvimento de uma abordagem musical intuitiva: a desaprender.
“Como temos formações variadas, cada um de
nós trouxe uma técnica de improvisação diferente para o curso”, explicou
Pagnano. O objetivo, disse, era de que os alunos descobrissem em si mesmos as
músicas que ecoam em seus mundos imaginários. “É a busca por uma identidade
musical própria. Esquecer a formação musical tradicional para encontrar uma
linguagem pessoal. Ou seja, tocar o que se é de verdade, transformar
experiências em músicas originais e únicas”.
O último encontro
do curso de Soundpainting foi realizado na sexta-feira (25). Depois de
descobrirem e exercitarem novas abordagens para seus potenciais criativos, os
aprendizes se despediram uma, duas, três vezes de seus professores. Ninguém
queria o fim daquela experiência tão intimista.
Para o estudante
de música da Escola de Belas Artes do Paraná, Marc Olaf Thiessen (22), o
aprendizado obtido no curso de Soundpainting se deu em diversas áreas. Apesar
das barreiras idiomáticas, conta, o grupo desenvolveu uma linguagem própria,
baseada em sinais. “Não havia tanta comunicação verbal, mas comunicamos muito
uns aos outros por meio de gestos”. Em sua opinião, essa comunhão só foi
possível graças à metodologia adotada no curso. “Como trabalhávamos sempre em
grupo, todos se sentiam muito parte do estava sendo feito. Esse misto de
atenção e participação exigidas criou uma intimidade entre nós. Acabamos
aprendendo muito e nos tornamos bons amigos”.
Para realizar
a Oficina de Música, a Prefeitura e a Fundação Cultural de Curitiba contam com
patrocínio do Ministério da Cultura, Petrobras, Sanepar e Copel. Além disso,
têm os seguintes apoios: Air France, Centro Cultural Teatro Guaíra, Consulado
Geral da República da Polônia em Curitiba, Consulado Geral dos Estados Unidos em São Paulo, Escola de
Música e Belas Artes do Paraná, Escritório do Quebec, FAP – Faculdade de Artes
do Paraná, Família Farinha, Goethe-Institut Curitiba, ICAC – Instituto Curitiba
de Arte e Cultura, Paróquia Senhor Bom Jesus dos Perdões, Pró-Reitoria de
Extensão e Cultura da UFPR, Rádio e Televisão Educativa do Paraná E-Paraná,
Polloshop, SEEC -Secretaria de Estado da Cultura, SESC da Esquina, SESC Paraná,
SESC Paço da Liberdade, UTFPR – Universidade Tecnológica Federal do Paraná.
Também contam com o apoio do Projeto Conta Cultura e do Governo do Estado do
Paraná.
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