Entre a linguagem
do sonho e do pesadelo
Bosques míticos, cidades em
ruínas, calabouços infernais, praias de areias brancas, catedrais, cemitérios à
beira mar, bunkers, sol da Galileia, jardins metafísicos... Nos contos reunidos
em Passagem do Aqueronte, que será lançado no dia 22 de novembro, às 20h no
Jokers, o escritor, dramaturgo, diretor teatral e coordenador de teatro da
Fundação Cultural de Curitiba, Clovis Severo Brudzinski, apresenta paisagens
mentais que convidam ao passeio por universos oníricos e a reflexão sobre o que
é essencial e transitório na vida. Durante o lançamento, haverá intervenções
artísticas com o Estábulo de Luxo - Selvática Ações Artísticas, a partir das
21h.
Ao falar dos onze contos que beiram o surrealismo, Severo gosta de
lembrar das referências e influências, presentes no livro, mas nem sempre de
maneira direta. A linguagem musical marca seu universo criativo. “Escrevo
ouvindo música, sempre”, revela o escritor, que vai buscar no ethereal wave de bandas como Dead Can
Dance e Cocteau Twins e nas imagens do filmes de Luís Buñuel e Andrei Tarkovsky
a fonte de sua inspiração. “Gosto de
citar as referências por que dão um horizonte mental para quem lê”, afirma. Quanto
à influência do teatro, em vez de citar nomes ele prefere dizer que é o tempo
teatral o que influencia seus textos.
Severo graduou-se em Artes Cênicas pela Faculdade de Artes do Paraná e
especializou-se em
Gestão Pública pela PUC-PR. Desde 2005, atua na Coordenação
de Teatro da Fundação Cultural de Curitiba. É autor dos livros Os amores e mortes de Gustavo
Carbel (2005) e Líricas (2008), ambos pelo selo independente
Stultifera Navis. Passagem do Aqueronte (2012) será lançado pela Kafka Edições.
“É um livro mais maduro, com voz mais
autoral, em que assumo um compromisso mais real com a forma”, diz Severo. As cartas de amor são os primeiros textos que
ele lembra ter escrito. Severo tem muito
presente as imagens do tempo de escola e do então professor de literatura, o
escritor Paulo Venturelli. “Faço uma espécie de homenagem a ele no livro.
Espero que ele perceba”, comenta o autor de Passagem do Aqueronte.
Embora a narrativa não tenha começo, meio
e fim, não seja realista e tome a linguagem dos sonhos como inspiração, Severo
avisa: “é um universo de sonho, mas não tem a ver com leveza. Fica mais entre o
sonho e o pesadelo... Uma literatura pesada”. Com o vocábulo mitológico
Aqueronte no título, não poderia ser diferente. O nome do rio localizado na
região noroeste da Grécia pode ser traduzido como "rio do infortúnio". Acreditava-se que fosse um afluente do rio
Styx, localizado no mundo dos mortos. E
no Inferno de Dante, o rio Aqueronte é o que forma fronteira com o Inferno...
Lançamento do livro Passagem do
Aqueronte
Data e horário: 22 de novembro, às 20h
Local: Jokers – Rua São Francisco, 164, Centro
Ingresso: gratuito
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