sábado, 6 de outubro de 2012

Os sapatos de Orfeu de José Maria Cançado





Os sapatos de Orfeu
de José Maria Cançado



Páginas: 338
Formato: 14 cm x 21 cm

Os sapatos de Orfeu busca reconstituir, como esclarece o próprio autor na introdução, por meio do mapeamento biográfico de um dos maiores artistas brasileiros do século passado, a socialização de uma época e de uma cultura, iluminando não apenas a trajetória de Carlos Drummond de Andrade, mas a de muitos companheiros de sua geração e das que se seguiram.
Com escrita fluente e sedutora, José Maria Cançado dividiu seu relato em três grandes partes. A primeira cobre o período de 1886 a 1930, percorrendo os anos de formação do poeta. A segunda, de 1930 a 1950, reconstitui as relações profissionais e políticas de Drummond paralelamente à publicação de seus primeiros livros. A terceira se estende de 1950 a 1987, ano em que morreu, privilegiando o trabalho da memória em sua obra poética.
Foram diversas as estratégias que o autor adotou para capturar a biografia de um homem que sempre fez questão de manter indevassável sua intimidade. Cançado pinçou dos próprios poemas os motes possíveis para o descortino de uma vida, sem cair em qualquer reducionismo que tornasse a biografia do poeta uma decorrência necessária de seus textos, ou vice-versa. Trata-se de empreendimento difícil e arriscado, no qual o autor se saiu muito bem, evitando explicações simplistas e mantendo a natureza enigmática sempre irredutível da vida e da obra de qualquer homem. Ressalte-se, ainda, a reconstrução cuidadosa da vida afetiva e sexual de Drummond, aspecto que é nevrálgico em toda a sua existência, sem qualquer traço de sensacionalismo gratuito. E, por fim, as ambiguidades políticas de Drummond e de seu tempo, tanto em seus envolvimentos com o Partido Comunista nos anos de 1940 quanto com a vida literária do país.
A edição traz, ainda, prefácio do poeta Armando Freitas Filho.


A crítica
‘‘Se a Orfeu se concederam sapatos, a seu biógrafo não tocaram senão franciscanas sandálias: é a partir de um material bastante pobre que José Maria Cançado logrou erigir este belo relato sobre a vida de Carlos Drummond de Andrade (...) Seu texto, respeitoso mas nunca apologético, dá conta de muitos impasses que atravancaram os sapatos de Orfeu, mas não a ponto de impedi-los de alargar os limites da poesia brasileira deste século.’’ (Antonio Carlos Secchin, Jornal do Brasil)
“Em Os sapatos de Orfeu, Cançado preocupou-se, antes de tudo, em escapar das armadilhas que – apesar de primárias – grassam no gênero biográfico. Primeiro, evitou fazer da reconstrução da vida de Drummond o polo único, a chave-mestra da explicação da obra. Segundo, passou longe da tradição que narra os episódios de uma vida, o tempo, a história como uma articulação dotada de um sentido pleno, moldada como se um telos qualquer a dirigisse e que tende, numa imagem caricatural, a ver em acontecimentos gratuitos ou irrelevantes os germes de uma trajetória futura que só poderia se concretizar de forma como veio a ser de fato, como destino.’’ (Ricardo Musse, O Estado de S. Paulo)

O PERSONAGEM


O autor
José Maria Cançado foi jornalista e professor da PUC-MG. Defendeu tese doutoral na área de literatura brasileira na mesma universidade sobre a obra de ficção de Pedro Nava. É autor de diversos livros, dentre os quais se destacam Marcel Proust: as intermitências do coração, Um colégio nos trópicos e Memórias videntes do Brasil: a obra de Pedro Nava. Morreu em julho de 2006.


um lançamento


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