Jornalistas e bloqueiros, preparem-se. Arianna Huffington, CEO do The Huffington Post (HP), está no Brasil e anunciou que todo o conceito que conhecemos como jornalismo colaborativo no País irá mudar. Em outubro, o portal chegará à França, e no mês seguinte ao Brasil. Para isso, ela procura um editor brasileiro para o site.
Criadora do mais famoso portal de notícias e agregador de conteúdo de blogueiros e colunistas independentes dos Estados Unidos e também do Reino Unido, ela foi a atração do segundo dia do Info@Trends 2011, realizado pela revista Info, da Editora Abril, em São Paulo.
Lançado em 2005, o HP foi recentemente adquirido pelo grupo AOL por US$ 315 milhões. Em maio, o site teve cerca de 35 milhões de page views, ultrapassando o New York Times nos Estados Unidos.
Arianna, dona do site de US$ 315 milhões (Foto: Denis Ribeiro/Abril) |
À procura de um editor
Sobre as operações do The Huffington Post Brasil, Arianna deixou claro que haverá um escritório no País, seguindo os mesmos padrões da matriz norte-americana e com uma plataforma “para dar voz e amplificar a voz dos blogueiros, que postam conteúdos importantíssimos e podem até conseguir contratos de trabalho com isso”.
No entanto, ela revela que a parceria comercial não está fechada ainda e que procura alguém com o perfil compatível com o do HP. A respeito das editorias, Huffington disse que haverá canais básicos como entretenimento, negócio, estilo de vida, uma área feminina e política – que segundo ela é interessantíssima. Os cadernos regionais serão definidos “de acordo com o perfil dos leitores brasileiros, mas normalmente, focando mais em conteúdos locais”.
A chave de todo o processo, segundo ela, ainda falta ser encontrada. “Para que a qualidade no Brasil seja como a dos Estados unidos, precisamos de um elemento essencial, que é um editor. Nós estamos procurando alguém com a nossa cara, que ao traduzir esse conteúdo para o inglês e mantenha a essência regional. Assim que acharmos esse talento editorial o projeto deslanchará.”
Arianna procura alguém com a cara do portal (Foto: Denis Ribeiro/Abril) |
Brasil chamou a atenção
Ao ser questionada sobre o motivo pelo qual escolheu o Brasil para as novas investidas do site, a CEO do veículo responde: “Há muito a se aprender com a forma que vocês cobrem as coisas aqui. É muito divertido e interessante.
Arianna diz também estar impressionada com o compromisso que os brasileiros, independentemente de partidos, têm com o avanço social dos mais pobres. “Eu percebi em dezembro, quando estive aqui, que é uma agenda nacional de todas as classes tirar as pessoas da pobreza e inseri-las na classe média.”
Questionada sobre as diferenças culturais no Brasil, ela deixou claro que todos, de todos os estados participarão do projeto do Huffington Post Brasil. “Tudo o que nós queremos é publicar as histórias das pessoas para que o mundo conheça um outro lado do Brasil, até então desconhecido. Por isso, até vocês mesmos podem me mandar um e-mail [arianna@huffingtonpost.com] que a gente traduz e publica o seu conteúdo no Huffington Post”.
A cobertura da imprensa brasileira despertou o interesse de Arianna (Foto: Denis Ribeiro/Abril) |
Publicidade e conteúdo pago
Arianna Huffington conta que quando o HP foi criado, em 2005, ela recebeu muitas críticas dos americanos, pois eles diziam que eles faziam as notícias de uma forma não rentável, mas que a publicidade reverteu esse quadro. “Estamos apostando em propaganda, esse e o nosso modelo de monetização do negócio. As pessoas estão tão acostumadas a receber as notícias online de graça que é difícil cobrar. Já no caso do iPad e tablets é diferente, porque é um outro modelo de negócio”.
Segundo Arianna, o HP tem uma forma diferente de trabalhar com a publicidade. “As marcas querem se conectar com as pessoas, fazê-las terem experiências agradáveis e o Post faz isso.” Ela nos conta que para viabilizar esse processo, o HP lançou um tipo específico de publicidade, para que as marcas pudessem falar a respeito de seu conteúdo para o público, isso evita excesso de propagandas pequenas que atrapalham a navegação.
"Os jornalistas devem se desconectar das redes sociais", afirma Arianna (Foto: Silvana Chaves) |
Arianna comenta também que a qualidade de vida dos jornalistas deve ser uma prioridade para eles mesmos. “É necessário que a gente saiba o momento de se desconectar da mídia social e ter sua vida. Em algum dia você vai ter uma conferência que não terá Wi fi e acho que as pessoas vão adorar! Deixam os dispositivos de lado e passam por um processo de redescoberta. É como encontrar alguém que você ama depois de um longo tempo. É bom! E nunca coloquem o celular pra carregar do lado da cama e vejam como é bom dormir depois do que falamos!”, finaliza, sorrindo.
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