Marcia Camargos discute literatura infantil e anuncia livro
sobre o Teatro Municipal de São Paulo
Evento no próximo dia 9 de setembro discute literatura infantil no Itaú Cultural e festa no dia 12 comemora 100 anos do Teatro Municipal de São Paulo e anuncia o seu livro Theatro Municipal cem anos, palco e plateia da sociedade paulistana
No Próximo dia 9 de setembro, sexta-feira, às 18h00, durante a sexta edição dos “Encontros de Interrogação” do Itaú Cultural, Marcia Camargos participa da mesa “A Literatura Infantil e Seus Passos de Gigante: A Quantas Anda o Gênero no Brasil? Ao lado de Eva Furnari, Leo Cunha, Marisa Lajolo e sob a mediação de Suzana Vargas, a autora vai contar como fica a leitura de Monteiro Lobato depois de três ou quatro gerações de escritores do gênero. Também serão levantadas algumas questões para a mesa como, “Há critérios claros que separam a ficção adulta da ficção infantil?” Como a literatura infantil no Brasil se renova a partir de sua tradição?” “Existe uma tendência internacional seguida por autores nacionais?” Biógrafa de Monteiro Lobato, Marcia Camargos adianta parte da sua fala desse encontro.
“No princípio, éramos todos nós, filhos de Lobato. Leitores e escritores inspiravam-se diretamente no criador da literatura infanto-juvenil brasileira. Agora, já na terceira ou quarta geração de autores do gênero, vamos diversificando. As fontes multiplicaram-se, o mundo transformou-se e nos defrontamos com a necessidade de renovar na tradição, com o desafio de falar com a contemporaneidade sem perder as raízes, conseguir o frescor do atual, do moderno, mantendo uma ligação com os clássicos fundadores. Tornar-se, enfim, universal e cosmopolita, em um planeta todo conectado pelas redes sociais, sem abrir mão da individualidade, das referências locais e nacionais. Algo que já no início do século XX o mesmo Monteiro Lobato fazia com maestria, ao ambientar os personagens das suas histórias no espaço do Sítio de um Brasil agrário e, ao mesmo tempo, fazê-los dialogar com os filósofos da Grécia antiga e os cientistas europeus, mandá-los em viagens espaciais, ao passado e ao futuro, sempre mantendo uma conexão com as origens rurais e saborosas da roça. Como já disse Leon Tolstoi: "Canta a tua aldeia e serás universal". Creio que este é o caminho para a literatura infantil. O diferencia de hoje é a preocupação com a inclusão e a alteridade. Como os livros infantis e juvenis sempre carregam um caráter didático, já que falam com um público em formação, ele assumem esta dupla função, a de divertir e de educar. Portanto, precisam manter alguma preocupação com o politicamente correto sem ser moralista. Ao contrário, têm o papel de abordar questões que afetam a sociedade atual em constante transformação. Famílias ampliadas com vários pais e irmãos, perfis étnicos, necessidades especiais, características regionais, populações de risco e comportamento como o de pais homossexuais, por exemplo, acabam entrando no escopo estes livros para atenderem as crianças do terceiro milênio. E o escritor precisa estar atento a estas questões para falar com o jovem em formação e conseguir atraí-lo para a leitura.”
100 anos do Teatro Municipal de São Paulo
No próximo dia 12 de setembro o Teatro Municipal de São Paulo vai completar 100 anos e Marcia Camargos prepara o lançamento do livro, Theatro Municipal cem anos, palco e platéia da sociedade paulistana, que já está no prelo, e conta a história do teatro centenário. Na noite da festa será apresentado para convidados um programa clássico do repertório lírico: Rigoletto, conhecida e estimada obra de Verdi, em montagem inconvencional e inédita de Felipe Hirsch e Daniela Thomas. Nesta ópera o compositor nos alerta para a nobreza de sentimento, que pode se ocultar numa aparência monstruosa. O corcunda implacável cantará mais uma vez: “tutto al mondo è tal figlia per me”.
A seguir trechos do folheto que será entregue no evento e que adianta um pouco do que será o livro:
"Quando começaram a chegar a São Paulo artistas da cena internacional como as divas Eleonora Duse e Sarah Bernhardt, tornava-se clara a necessidade de um teatro de porte, bancado pela municipalidade. Já por volta de 1890, os aficionados da música ressentiam-se da falta de uma casa à altura das companhias que nem sempre dispunham de palco apropriado, vendo-se obrigadas a seguir do Rio de Janeiro direto para Buenos Aires.
Inúmeras propostas tramitaram na Câmara Legislativa, até que, na gestão de Antônio da Silva Prado, de 1899 a 1911, a ideia deslanchou. Em 10 de maio, o prefeito assinava com a Fazenda do Estado a cessão dos terrenos desapropriados entre as ruas Barão de Itapetininga, Formosa, Conselheiro Crispiniano, além do futuro prolongamento da rua 24 de maio.
O teatro foi pensado de modo a aproveitar as características do terreno, com a frente para a rua Barão de Itapetininga, e a lateral para a esplanada, que já prenunciava os planos de ajardinamento do vale como previstos pelo paisagista francês Joseph Bouvard. Assim o Municipal e o teatro São José, cujos telhados se complementavam, imprimiam um uso urbano refletido, específico e nobre ao morro do Chá, em contraste com a área mais antiga, caótica e desorganizada. As plantas e o orçamento eram de autoria de Francisco de Paula Ramos de Azevedo, Domiziano Rossi e Cláudio Rossi.
(.....)
Na terça-feira, 11 de setembro de 1911, a cidade acordou em suspense. Não durou muito a expectativa. É que o navio vindo de Buenos Aires com os cenários e figurinos atrasara-se. Por isso, ao atracar no porto de Santos, não tinha mais chance de cumprir o cronograma, obrigando ao adiamento. Retocaram-se as maquiagens e refizeram-se os figurinos.
Na noite seguinte, ao cair da tarde, um desfile infindável de carruagens e tílburis formou um inédito engarrafamento na cidade. Dos trezentos veículos existentes, mais de cem dirigiram-se para a região do teatro. Os carros chegavam ao Municipal por todas as direções. Vinham pelo viaduto do Chá, pela rua Conselheiro Crispiniano, na direção do largo do Paissandu, pela rua 24 de maio. Como não era de bom tom procurar o próprio carro pelas redondezas, os convidados aguardavam na porta do Theatro até os motoristas aparecerem, fazendo com que o congestionamento se repetisse na saída."
Marcia Camargos é escritora e jornalista, com pós-doutorado pela USP. É biógrafa de Monteiro Lobato e autora de Villa Kyrial: crônica da Belle Époque paulistana, A Semana de 22: entre vaias e aplausos, Micróbios na cruz, Pinacoteca do Estado: a história de um Museu e O Irã sob o chador- os dois últimos, em co-autoria.
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
evento - Marcia Camargos discute literatura infantil e anuncia livro sobre o Teatro Municipal de São Paulo
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