O Centro Cultural Banco do Nordeste-Fortaleza (rua Floriano Peixoto, 941 - Centro - fone: (85) 3464.3108) abrirá a exposição "Correpondências Visuais", reunindo os fotógrafos Marcelo Brodsky, Tiago Santana e Cássio Vasconcellos, na próxima terça-feira, 16, às 18 horas.
Na abertura, os três fotógrafos farão uma palestra, conversando com o público presente sobre a mostra. Com entrada franca, a exposição ficará em cartaz até 16 de setembro no segundo andar do CCBNB-Fortaleza.
O projeto Correspondências Visuais foi iniciado pelo argentino Marcelo Brodsky, ao enviar uma foto para, entre outros artistas, Tiago Santana e Cássio Vasconcellos. Na exposição, serão apresentadas fotografias extraídas de trechos desse diálogo visual. A conversa é formada partindo de alguma característica formal da fotografia inicial. A pergunta inicial, condutora do projeto, foi: o que ocorre quando uma imagem é enviada a alguém, que responde com uma nova imagem? A mostra aproxima os universos culturais e criativos de cada artista.
1 + 1 = 3 O fotógrafo é um criador solitário. Carrega seu instrumento e mira, escolhe um pedaço da realidade, coloca-o no retângulo, dispara. O pensamento acompanha cada movimento do dedo sobre o gatilho. O olho interpreta a realidade, codifica, decodifica, constrói, desconstrói, inventa. O olho observa, investiga, busca sozinho o momento exato, intui, seleciona, imagina. A solidão do fotógrafo se reitera no momento da edição, quando, já concluídos os disparos, tem de escolher as melhores imagens. É um processo íntimo, pessoal, no qual intervêm os anos de experiência, a sensibilidade, a intuição, os livros olhados, as mostras percorridas, os diálogos acerca de outras imagens que estiveram sobre a mesa, o caminho próprio indicando o próximo passo: escolher uma delas. O diálogo visual entre dois criadores rompe o centro que está no Eu do autor e suscita algo distinto. O que determina cada decisão não são apenas os ensaios, os projetos pessoais, a elaboração de um discurso coerente com as obras anteriores e as próximas na construção de uma identidade visual própria. A correspondência não é um solilóquio, e sim se sustenta com um interlocutor, um outro que também olha, que também escolhe, que também fotografa, desenha, pensa. Não a palavra, mas as imagens como forma de comunicação. Sua polissemia admite distintos cursos de ação possíveis diante de cada encruzilhada. O diálogo visual não tem dicionário. Não remete a um diálogo anterior, nem se baseia em uma tradição sólida e estruturada, literária. O diálogo visual muda, sacode-se com rapidez, tem um tempo próprio, e raízes na cultura visual daquele que o protagoniza. A correspondência atravessa momentos fluidos e de estancamento, de comunicações imediatas a outras lentas, postergadas. Sem perder o caráter lúdico, passa por momentos difíceis. Há dúvida, provocação, espontaneidade. Há surpresa, prazer, frustração. Se o autor se libera de seu Eu criativo como principal referência e ensaia uma construção visual a duas mãos, um modo de ver compartilhado, a fotografia e a criação de imagens se aproximam da interpretação musical. O resultado é um dueto de imagens sem partitura, improvisado. Uma composição visual, uma narrativa subjetiva, que convida a uma interpretação aberta. Uma poética que sugere imagens a um terceiro, àquele que vê, para que se relacione com elas através do seu próprio olhar. Ocorre então uma soma de três, um número muito maior que um. (texto de Marcelo Brodsky)
segunda-feira, 15 de agosto de 2011
evento - exposição Correspondências Visuais, reunindo três fotógrafos
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