quarta-feira, 22 de junho de 2011

evento - Primeira exposição individual do artista Yuri Firmeza




Primeira exposição individual do artista Yuri Firmeza acontece no Centro Cultural BNB-Fortaleza



Vida da minha vida é a primeira exposição individual do artista Yuri Firmeza (SP, 1982), que tem construído sua obra entre Ceará e São Paulo, e que apresenta, com o conjunto de trabalhos inéditos apresentados no Centro Cultural do Banco do Nordeste-Fortaleza (rua Floriano Peixoto, 941 - Centro - fone: (85) 3464.3108), desdobramentos muito recentes de sua obra, portanto ainda pouco conhecidos do público. Além do apoio do Banco do Nordeste, a mostra conta com o patrocínio da Secretaria de Cultura do Ceará (Secult), por meio do edital de Artes Visuais.

Nacionalmente conhecida por suas preocupações políticas (sobretudo com o trabalho Souzousareta Geijutsuka, 2006, que envolveu a criação de um artista inventado que teria uma mostra no Museu de Arte Contemporânea do Ceará e a problematização da repercussão criada pela mídia), a obra de Firmeza não se restringe, todavia, a preocupações concernentes ao campo da arte e suas formas de funcionamento, e é desse transbordamento que o público cearense participará na mostra Vida da minha vida, com curadoria de Clarissa Diniz (PE).

Entendendo que arte "é menos a produção de objetos e mais a produção, a invenção, de uma vida transbordante", que por sua vez é, "parafraseando Mário Pedrosa (...), o exercício experimental da liberdade" (Yuri Firmeza em entrevista a Suely Rolnik, 2011), os trabalhos recentes do artista são feitos a partir de encontros/relações (com familiares, memórias, imagens, cidades, silêncios, corpos), ao passo que também os suscita. Ao "voltar-se" para "si", retroativamente "volta-se" para o outro, propondo um espaço-tempo de contato, subjetividade, invenção.

Dois trabalhos da exposição (A Fortaleza, 2010 e Forte e grande é você, 2011) foram elaborados a partir de retratos do artista. Em A Fortaleza, estão postas lado a lado duas imagens de Yuri Firmeza contraindo os músculos do braço (uma na infância e outra na idade adulta) diante de uma vista da cidade de Fortaleza.

À ironia de força que sobressai do retrato magro do artista, soma-se a constatação da forte especulação imobiliária que vivencia o Brasil, na obra evidenciada pelo vertiginoso crescimento dos prédios da paisagem.

Desenvolvimento econômico, social e urbano são ironicamente postos em conversa com o desenvolvimento "humano" e da subjetividade, exploração da relação indivíduo-cidade já presente em obras anteriores de Firmeza, como as séries Demarcação de Território (2006-2008), Ação 3 (2005), Entre (2010) e Arresto (2010).

Por sua vez, Forte e grande é você (2011) - pequeno retrato do rosto do artista, quando criança, vestindo roupa de exército e dentes de vampiro, do qual emana refrão homônimo, trecho de música (1983) da banda punk Cólera - circunscreve, numa dimensão diminuta e íntima, similar sensação de impotência.

O movimento intimista sugerido por Forte e grande é você se realiza também na obra Deserto Povoado (2010). Uma gaveta de proporções humanas, situada ao chão, se abre para que nela penetremos, fechando-nos num ambiente extremamente luminoso, coberto por sal grosso, e no qual circula um som que é uma mixagem de áudio do artista (ainda na barriga de sua mãe) com seus primeiros suspiros e choros, a outros sons eletrônicos, conformando um padrão sonoro que, não sendo música ou fala, demanda um tipo particular de escuta, de si, do outro, do mundo.

A horizontalidade que Deserto Povoado demanda ao corpo, misto de descanso e morte, proteção e tensão, se coloca noutra densidade na videoinstalação Vida da minha vida (2011), obra que intitula a mostra, e que é a primeira parte de uma pesquisa ainda em processo, envolvendo a relação de Yuri Firmeza com sua avó.

Na instalação apresentada no CCBNB, uma imagem em super-8 de uma mulher idosa boiando sobre uma água tranquila é contraposta a imagens de mares rebentando violentamente, tensionando, numa escala corporal, a calma e a confiabilidade suscitadas pela imagem da avó do artista na água.

Polaridades que não se anulam, mas que complexificam, abrindo espaço para a ambivalência que desestrutura a uma racionalidade hierárquica e normatizante. Para Yuri Firmeza, "a vida [é] vontade e a arte [é] um modelo alternativo para a racionalidade. Essa é a dimensão clínica da arte, a alegria do corpo, a superabundância da vida" (Yuri Firmeza em entrevista a Suely Rolnik, 2011).

Integrando a mostra Vida da minha vida, será lançado o livro Vida da Minha Vida, que apresenta a produção de Yuri Firmeza desde 2004, contando com textos de Paulo Herkenhoff (RJ) e Clarissa Diniz (PE), bem como com entrevista inédita com o artista, realizada por Suely Rolnik (SP). O lançamento do livro, que tem patrocínio de SECULT e CCBNB, está prevista para Setembro. Também no contexto da programação da exposição, haverá um bate-papo com o artista e a curadora no dia 28 de Junho, 18h,no CCBNB.



Lista de obras

Vida da minha vida, 2011

Videoinstalação, dimensões variáveis.



Forte e grande é você, 2011

Objeto



A Fortaleza, 2010

Fotografia
150cm x 110cm (cada fotografia, total de duas).



Deserto Povoado, 2010

Inscultura (Madeira, Sal e equipamento de áudio)

230cm x 100cm x 82cm



Serviço

O que: Vida da minha vida, primeira exposição individual do artista visual Yuri Firmeza

Onde: Centro Cultural do Banco do Nordeste-Fortaleza (rua Floriano Peixoto, 941 - Centro - fone: (85) 3464.3108

Quando: 28 de junho a 31 de julho de 2011

Informações: CCBNB 3464-3108

Entrada franca



Perfis



Yuri Firmeza nasceu em São Paulo, SP, 1982, vive e trabalha em São Paulo. Mestre em Artes Visuais pela ECA/USP, com bolsa de pesquisa Fapesp. Graduado em Artes Visuais pela Faculdade Grande Fortaleza, Fortaleza, CE [2005]. Participou das exposições: Laços do Olhar, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo [2008]; 7º Festival de Performance de Cali, Colômbia [2008], Nano Stockholm, Galeria Artist Space, Suécia [2009]; Confrontações Poéticas, CCBNB [2007]; Rumos Artes Visuais, SP/RJ/GO/SC [2006]; Espacios en transito, Centro Cultural de Bellas Artes de Lima, Peru [2005]; Selecionado pelo projeto Bolsa Pampulha 2007_2008, premiado na terceira edição do prêmio Marcantonio Vilaça SESI/CNI e, em parceria com o artista Pablo Lobato, no projeto Marcantônio Vilaça Funarte [2009]. Tem textos publicados em diversos livros, jornais, catálogos e revistas: Jornal Estado de São Paulo, Jornal Estado de Minas, Revista Tatuí, Revista Investigação n°11. Em 2008 lançou o livro Ecdise decorrente do projeto Bolsa Pampulha; em 2007 organizou e publicou o livro Souzousareta Geijutsuka, de seu trabalho homônimo e em 2006 lançou o livro de artista Relações. Além do exercício de escrita, integra também o corpo de seus trabalhos a participação em diversas mesas de debates: Mesa de Trabajo, Buenos Aires [2009], Arte, rua e sociedade, Museu da República, Brasília [2008], entre outros.

CLARISSA DINIZ (Recife-PE, 1985), crítica de arte, é graduada em Lic. Ed. Artística/Artes Plásticas pela Universidade Federal de Pernambuco, UFPE. Mestranda pelo Instituto de Artes da Uerj (RJ), é editora da Tatuí, revista de crítica de arte. Foi premiada com bolsa-pesquisa do 47º Salão de Artes Plásticas de Pernambuco, a partir da qual publicou o livro Crachá - aspectos da legitimação artística (Recife: Massangana, 2008). Publicou também os livros Gilberto Freyre (Rio de Janeiro: Coleção Pensamento Crítico, Funarte, 2010) - em coautoria com Gleyce Heitor - e Montez Magno (Recife: Grupo Paés, 2010), em coautoria com Paulo Herkenhoff e Luiz Carlos Monteiro. De curadorias desenvolvidas, destacam-se Encarar-se - Fernando Peres e Rodolfo Mesquita (Museu Murillo La Greca, Recife-PE, 2008), O Lugar Dissonante, cocuradoria com Lucas Bambozzi (Espaço Cultural Torre Malakoff, Recife-PE, 2009), Refrações - arte contemporânea em Alagoas (cocuradoria com Bitu Cassundé. Pinacoteca da UFAL, 2010) e contidonãocontido, cocuradoria com Maria do Carmo Nino e EducAtivo Mamam (Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, Recife-PE, 2010). Tem textos publicados em revistas, catálogos e livros especializados. Foi curadora assistente do Programa Rumos Artes Visuais 2008/2009 (Instituto Itaú Cultural, São Paulo) e, entre 2008 e 2010, integrou o Grupo de Críticos do Centro Cultural São Paulo, CCSP.

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