
 
Jogos de azar
de   José Cardoso Pires
Diz-se jogo de azar aquele em que a perda ou o ganho dependem unicamente da sorte e não das combinações, do cálculo ou da perícia do jogador. Com essa temática, chega às livrarias Jogos de Azar, o primeiro livro inédito no Brasil de José Cardoso Pires, após o relançamento de três obras e uma longa espera.
Em Jogos de Azar, o autor não se interessa somente pela denúncia da injustiça social, mas, também, pelo compromisso evidente com a realidade, reproduzida em linguagem predominantemente denotativa.
José Castello, no prefácio, sentencia: “Via uma generalidade: apagava-a. Deparava com um lugar-comum: jogava-o fora. Deparava com o bom-senso: esmagava-o. Dividido entre Barnard e Caravaggio — no vão entre os dois — tornou-se um exímio caçador do banal. Deixou-nos os restos de suas batalhas, essa literatura esplendorosa.”
O AUTOR
José Augusto Neves Cardoso Pires, (São João do Peso, 2 de Outubro de 1925 — Lisboa, 26 de Outubro de 1998) foi um escritor português.
Foi um  de piloto sem curso, actividade que abandona compulsivamente, «suspeito de indisciplina e detido em viagem do navio Niassa» (c.f. auto da Capitania do Porto de Lisboa, de 02-02-1946). Optou então pelo jornalismo, tendo dirigido também as Edições Artísticas Fólio, onde Aquilino Ribeiro publicou O Retrato de Camilo, com litografias de Júlio Pomar e Carlos Botelho, e as traduções de D. Quixote e Novelas Exemplares, ilustradas por João Abel Manta. Na mesma editora, a colecção Teatro de Vanguarda, revelou em Portugal obras de Samuel Beckett, William Faulkner e Maiakovski. Em 1959 estagiou na revista Época, de Milão, com vista à publicação de um semanário que a censura impediu. A editora lança então a revista Almanaque, cuja redacção, coordenada por Cardoso Pires, é constituída por Luís Sttau Monteiro, Alexandre O'Neill, Vasco Pulido Valente, Augusto Abelaira e José Cutileiro. Colaborou também no Diário de Lisboa, na Gazeta Musical e de Todas as Artes e na revista Afinidades.
Unanimemente considerado um dos maiores escritores portugueses do século XX, numa galeria onde podemos encontrar nomes como José Saramago ou António Lobo Antunes, a sua carreira literária está marcada pela inquietação e pela deambulação. Autor de dezoito livros, publicados entre 1949 e 1997, não se identifica com nenhum grupo, nem se fixa em nenhum género literário, apesar de ser considerado sobretudo como um romancista. A sua relação mais duradoura no campo literário deu-se com o movimento neo-realista português, até ao 25 de Abril de 1974, justificada com a oposição ao regime autoritário português. A inserção da sua obra no neo-realismo é, por essas razões, contraditória. Frequentou também os grupos surrealistas, no início da década de 1940. Foi influenciado pela estética de Hemingway, pela narrativa cinematográfica, o que resulta em discursos curtos e diálogos concisos. O Delfim, de 1968, é geralmente considerado a sua obra-prima, em que o narrador assume uma condição de forasteiro, aparentemente descomprometido com uma realidade anacrónica. A Gafeira, aldeia inexistente, simboliza o Portugal marcelista, com um crime no centro da história. Tendo sido recebido, até 1974, como romance neo-realista, tem despertado um interesse crescente como narrativa pós-modernista. Pode efectivamente ser lido como o primeiro romance português no qual confluem as principais linguagens estéticas norteadoras do futuro pós-modernismo português devido à mistura de géneros, à polifonia, à fragmentação narrativa e à metaficção.
Foi sepultado em 1998 no Cemitério dos Prazeres em Lisboa. No âmbito do programa que evocou o 10º aniversário da morte de José Cardoso Pires, a Videoteca da Câmara Municipal de Lisboa produziu uma curta-metragem intitulada Fotogramas Soltos das Lisboas de Cardoso Pires, realizada por António Cunha.
BIBLIOGRAFIA
  Os Caminheiros e Outros Contos (Contos), 1949
  Histórias de Amor (Contos), 1952
  O Anjo Ancorado (Novela), 1958
  Cartilha do Marialva (Ensaio), 1960
  O Render dos Heróis (Teatro), 1960
  Jogos de Azar (Contos), 1963 ; 1993
  O Hóspede de Job (Romance), 1963
  O Delfim (Romance), 1968
  Dinossauro Excelentíssimo (Sátira), 1972
  E agora, José ? (Ensaio), 1977
  O Burro em Pé (Contos), 1979
  Corpo-Delito na Sala de Espelhos, 1980
  Balada da Praia dos Cães (Romance), 1982
  Alexandra Alpha (Romance), 1987
  A República dos Corvos (Contos), 1988
  Cardoso Pires por Cardoso Pires (Crónicas), 1991
  A Cavalo no Diabo (Crónicas), 1994
  De Profundis, Valsa Lenta (Crónicas), 1997
  Lisboa, Livro de Bordo (Crónicas), 1997
  Lavagante, editado em 2008
Filmes
Algumas das suas obras foram adaptadas ao cinema:
  Balada da Praia dos Cães, realização de José Fonseca e Costa (1987)
  Casino Oceano, realização de Lauro António (1983)
  O Delfim, realização de Fernando Lopes (2001)
  A Rapariga dos Fósforos, realização de Luís Galvão Teles (1978)
  Ritual dos Pequenos Vampiros, realização de Eduardo Geada (1984)
Teatro
Algumas das suas obras foram também levadas à cena.
  O Render dos Heróis (1960)
  Corpo Delito na Sala de Espelhos
e ao Teatro Radiofónico, como "Uma simples flor nos teus cabelos claros" (EN) e "Balada da Praia dos Cães" (folhetim EN)
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segunda-feira, 23 de maio de 2011
Lançamento: Jogos de azar de José Cardoso Pires
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