quinta-feira, 31 de março de 2011

MIDIANEWS - O convívio da empresa com as redes sociais

Um estudo da universidade americana de Purdue, feito sob
encomenda da empresa de softwares McAfee com 1.055
empresários em 17 países que adotaram tecnologias 2.0, revelou
números surpreendentes no Brasil. 90% das empresas brasileiras
pesquisadas utilizam redes sociais como Facebook ou Twitter e três
entre quatro destas empresas informaram que estão lucrando com
estas ferramentas.

Como o estudo foi realizado em empresas de maior porte, os 90%
reduzir-se-iam a no máximo 10% se considerássemos o universo
total de empresas, com a inclusão das micro, pequenas e médias
empresas. Mas o fato é que se evidencia uma tendência que
impactará não só os internautas mas também os empresários.

O contato mais próximo que as empresas conseguem com seu
consumidor final pode gerar e está gerando retorno para as
empresas que investiram nesse nicho. Mas há um processo
vicioso: os consumidores são, ao mesmo tempo, trabalhadores de
outras empresas, e a utilização destes softwares tem sido
combatida por provocar a perda de qualidade e tempo de trabalho.
Boa parcela dos lucros que alguns têm obtido com estas
ferramentas tem origem em pessoas que desperdiçam o tempo de
seu trabalho mergulhadas em redes sociais. Ou seja, o lucro de
um é o prejuízo de outro.

Calcula-se que no Brasil um terço das empresas impõem restrições
ao uso de sites como o Facebook, e o número cresce a cada dia.
Essa restrição é vista, algumas vezes com maus olhos pelos
funcionários, que se esquecem que vendem suas horas de serviço
e atenção às empresas. Para que se tenha idéia, o tempo médio
de cada login no Orkut é de 25 minutos; no Twitter, 20 minutos;
no Facebook, 16 minutos. Boa parte desse tempo é desperdiçada
nas empresas em horário de trabalho. Como a tendência é que a
cada dia as restrições no uso da internet no horário de trabalho
sejam maiores, chegaremos a um ponto em que, eventualmente,
os que lucram hoje não alcançarão amanhã números tão
substanciosos e terão que se voltar ao consumidor em suas horas
vagas. Isso mudará o cenário pois, a meu ver, Facebook e Twitter,
têm um apelo maior como distração no horário de trabalho do que
quando concorrerem somente com nossos momentos de diversão.

Não havia Facebook nem Twitter quando Lacordaire alertou: “Por
toda parte onde se quer vender, o homem encontra compradores.”
Isso nos induz a pensar se não somos vítimas de um processo de
servidão. Usamos ou estamos sendo usados por esses sites e
empresas?

Pela certeza que temos de que toda empresa visa o lucro, é
necessário refletir!

“Adicionar” e “seguir” são termos de uso comum nessas
ferramentas. Tenho a percepção que os seguidores, se não se
cuidam, estão na verdade sendo seguidos e controlados. Os
“adicionantes”, se não atentarem, restarão colados como insetos à
lâmpada quente, distanciando-se diariamente da vida real que,
por si, é o que importa.

Vale a pena cada um pensar como nos atingem essas ferramentas
na vida real, para não conhecer na pele o que pensava Benjamin
Franklin: “Se comprares aquilo de que não careces, não tardarás a
vender o que te é necessário.”

*Carlos Alberto Pompeu de Toledo Soares, é diretor da Gcapts
Consultoria, especializada em reestruturação empresarial
gcapts@terra.com.br

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