sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

As glórias de Srila Prabhupada






Brahmananda: Prabhupada estava determinado a publicar o Bhagavad gita Como Ele É, mas não tínhamos dinheiro suficiente para imprimi-lo por conta própria. Allen Ginsberg, que não era um devoto, mas era muito simpatizante e entusiasmado, tentou ajudar. Allen havia estado na Índia e gostava de cantar. Prabhupada tinha instruído ele a cantar Hare Krishna antes de ler poesia, e Allen costumava fazer isso. Ele deu a Prabhupada um harmônio que havia trazido da Índia. Ele também fazia doações, e estava ajudando com os papéis de imigração de Prabhupada. Allen enviou o manuscrito do Bhagavad gita de Prabhupada para os editores dele, mas eles rejeitaram-no. Ele o enviou a outras editoras, e elas também o rejeitaram. Depois de seis meses de tentativas, ele perdeu o interesse. Prabhupada deu o manuscrito a Rayrama, que era o editor da revista De Volta ao Supremo. Rayrama o enviou aos editores acadêmicos, e novamente todos o rejeitaram. Ele desistiu. Em seguida, Prabhupada me deu o manuscrito. Naquela época, eu pude ver que aquele livro não tinha valor comercial. Cada página era sobre a consciência de Krishna. Pensei, “ Se você não for consciente de Krishna, e não estiver interessado em consciência de Krishna, não terá interesse nesta obra.” Não havia poesia imaginária, comentários eruditos, de acadêmicos ou coisas esotéricas. Eu não tinha fé, e não sabia o que fazer. Fui até às livrarias e bibliotecas para aprender como publicar um livro.



Neste ínterim, Prabhupada havia gravado o disco Hare Krishna, que atraíra o interesse dos Beatles, e estava vendendo bem. Uma estação de rádio alternativa, WBAI, tocava o disco ininterruptamente por dez horas.



Eu costumava apanhar as correspondências, trazê-las para Prabhupada, e nós dois as líamos juntos. Ele ditava as respostas e eu anotava. Certo dia, chegou um pedido do disco proveniente da editora internacional Macmillan. O pedido estava como o timbre da MacMillan e havia um cheque anexo. Corri até Prabhupada e disse, “Prabhupada, alguém escreveu da MacMillan!” Não sabia o que fazer. Estava paralisado. Prabhupada teve que nos dizer tudo. Ele pensou por um instante e disse, “Leve você pessoalmente o disco amanhã. Diga à pessoa que você tem um Bhagavad gita que deseja publicar.” Eu disse, “Okay.” “Devo levar o manuscrito comigo?” Ele disse, “Apenas diga a eles”. Eu disse, “Tudo bem. Mas devo dizer algo sobre o senhor como o autor. Talvez eu devesse levar alguns dos livros que o senhor publicou na Índia.” Ele respondeu, “Não. Apenas diga a eles que você tem um Bhagavad gita para publicar.” Eu disse, “Está certo.”



No dia seguinte, vesti um terno e gravata e fui até ao arranha-céu da companhia MacMillan. A pessoa que comprou o disco era um contador. Ele trabalhava com números e não tinha nada a ver com publicações. Eu estava pensando, “Como vou dizer a ele? O que vou dizer a ele?” Nós estávamos falando sobre o disco e o mantra e eu estava perplexo. Então a porta se abriu, e de repente, o contador disse, “Este é James Wade. Ele é o nosso editor sênior.” Apertei a mão do Sr. Wade, olhei diretamente para ele e disse, “Eu tenho um Bhagavad gita para publicar.” Ele perguntou, “Um Bhagavad gita? De um Swami? Um Swami indiano? Aqui em Nova Iorque? Ele escreveu o livro ele mesmo?” Eu respondi, “Sim.” Ele indagou, “Completo? O Bhagavad gita inteiro?” Eu repliquei, “Sim, sim.” Ele disse, “Isto é exatamente o que estou procurando para completar minha seção de religião. Tenho sobre o Budismo, o Alcorão. Temos tudo, mas não dispomos de um Bhagavad gita. Nós iremos publicá-lo.”



Não pude acreditar no que acontecera. Ele concordou em publicá-lo sem ver o manuscrito. Todos os outros haviam recusado por qualquer que fosse a razão, e aqui ele tinha concordado sem nem sequer vê-lo. Corri para Prabhupada e contei-lhe a respeito. Eu estava tão agitado. Prabhupada acenou afirmativamente como se já estivesse esperando por isso.





- Do livro “Memories”, traduzido por Vyasa Das (DVS)

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