O seminário é resultado das pesquisas realizadas por meio de edital do Fundo Municipal da Cultural. Pesquisadores do Rio de Janeiro e São Paulo participam como convidados.
A influência da ferrovia no processo de urbanização de Curitiba foi tema de pesquisas financiadas pelo Fundo Municipal da Cultura. O resultado desse trabalho de mapeamento histórico e arquitetônico da paisagem ferroviária da cidade, feito por pesquisadores curitibanos, será apresentado num seminário na próxima quarta-feira (17), às 17h, no Memorial de Curitiba. Participam do evento, como convidados, os professores doutores Manoela Rufinoni (Unifesp) e Rafael Winter Ribeiro (UFRJ).
A professora Manoela Rufinoni apresenta a sua pesquisa “Preservação do patrimônio arquitetônico industrial na cidade de São Paulo: iniciativas de levantamento, valorização e tutela”. Ao tratar da paisagem fabril de São Paulo, a pesquisadora trata de um aspecto importante e vital para a própria paisagem ferroviária de Curitiba, uma vez que ela foi a mola propulsora da primeira região fabril da cidade, o Rebouças, bairro que ainda hoje resguarda exemplares remanescentes daqueles tempos.
A apresentação do professor Rafael Ribeiro, “Paisagem Cultural e Políticas de Patrimônio: tradições e conflito”, aborda mais teoricamente a paisagem como elemento cultural e na forma como ela foi tratada no Brasil ao longo do século 20. Ribeiro demonstra que, em se tratando de patrimônio cultural, as concepções e as tendências também são revistas, reavaliadas e repensadas, sempre na busca das melhores soluções para um patrimônio cada vez mais sustentável.
Em seguida, Dayana Zdebsky Cordova apresenta a pesquisa “Pelos trilhos: paisagens ferroviárias de Curitiba”, selecionada pelo edital de Identificação e Registro da Paisagem Ferroviária de Curitiba, lançado em 2009 pela Fundação Cultural de Curitiba. As apresentações serão mediadas pelo arquiteto e professor da Universidade Federal do Paraná, Key Imaguire Jr.
“O lançamento deste edital veio ao encontro de preocupações, relacionadas às paisagens, que perpassam diversos órgãos de pesquisa e preservação do patrimônio cultural. Durante oito meses, dois ramais ferroviários foram totalmente esquadrinhados e palmilhados diariamente, resultando em fotografias, entrevistas, levantamentos arquitetônicos, anotações de leituras e impressões em blog e num site”, explica Marcelo Sutil, historiador da Casa da Memória e coordenador do seminário.
História - A ferrovia simbolizou não apenas a chegada da modernidade a Curitiba, mas também trouxe toda uma leva de técnicos que contribuíram para urbanizar e construir uma cidade que veria, apenas entre 1890 e 1900, sua população dobrar. Regiões antes desabitadas tiveram ruas abertas, lotes marcados e moradores recém-chegados. Em virtude da proximidade com os trilhos do trem, a região do atual bairro do Rebouças foi uma das que mais se desenvolveu no período. A presença da estação e a proximidade do núcleo central da cidade fizeram com que afluíssem para o Rebouças inúmeras fábricas e engenhos de erva-mate, que no rastro levaram toda uma população de ferroviários e operários que passaram a habitar nas circunvizinhanças.
Em poucos anos, no curso dos trilhos, a cidade se adensou. De norte a sul, de leste a oeste os ramais ferroviários espalharam-se por uma Curitiba em crescimento, marcaram a paisagem, cadenciando o ritmo das vidas e das memórias visuais e sonoras, construindo uma paisagem em permanente transformação e, por isso mesmo, vital para a história da cidade. Foi visando justamente o registro dessa história que a Fundação Cultural de Curitiba lançou, em 2009, através do Fundo Municipal de Cultural, o edital de Identificação e Registro da Paisagem Ferroviária de Curitiba.
Nas últimas duas décadas, instituições de preservação têm levado a cabo iniciativas que valorizam e incorporam a paisagem como um bem patrimonial, a partir de perspectivas que a qualificam de cultural. Esta é uma noção compreendida como um sistema agregador de diferentes valores, pois a paisagem não é mais vista como mero entorno ou área de ambiência para um sítio ou de determinados bens que se queira destacar. Dessa forma, a categoria de paisagem cultural mostra-nos, hoje, uma gama de abordagens possíveis, devido ao seu caráter relacional e integrador de aspectos que, até então, muitas vezes eram trabalhados de forma isolada. É o natural em contato com o cultural, o material junto ao imaterial, numa abordagem holística e sustentável.
Serviço:
Seminário “Paisagem ferroviária de Curitiba”
Local: Teatro Londrina - Memorial de Curitiba (R. Claudino dos Santos, 79)
Data: 17 de novembro de 2010, das 17h às 20h
Programação
17 h: Abertura
17h10: Prof. Dr. Rafael Winter Ribeiro (Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ). PAISAGEM CULTURAL E POLÍTICAS DE PATRIMÔNIO: TRADIÇÕES E CONFLITOS
17h50: Profa. Dra. Manoela Rossinetti Rufinoni (Universidade Federal de São Paulo/Unifesp). PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO INDUSTRIAL NA CIDADE DE SÃO PAULO: INICIATIVAS DE LEVANTAMENTO, VALORIZAÇÃO E TUTELA.
18h30: Dayana Zdebsky Cordova e equipe: PELOS TRILHOS: paisagens ferroviárias de Curitiba.
Projeto executado pelo Fundo Municipal da Cultura, Programa de Apoio e Incentivo à Cultura/PAIC, edital 064/09, Paisagem Ferroviária. Lançamento de website.
Mediador: Dr. Key Imaguire Jr (arquiteto e professor da Universidade Federal do Paraná/UFPR)
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
Fundação promove seminário sobre paisagem ferroviária de Curitiba
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