O teatro passou por reformas e ganhou novas cadeiras, confeccionadas em materiais ecológicos e projetadas por Sérgio Rodrigues especialmente para o espaço.
Após passar por um período de reformas, o Teatro do Paiol reabre na próxima quarta-feira (22) com várias melhorias, entre elas, a instalação de novo mobiliário. As cadeiras da plateia foram substituídas por um modelo projetado especialmente para o teatro pelo arquiteto e designer carioca Sérgio Rodrigues e doadas à cidade pelo Grupo Boticário. Na reabertura, às 19h, Sérgio Rodrigues, um dos principais nomes da história do design nacional, participa de uma edição especial do Hora da Prosa para conversar com o público sobre sua trajetória. O encontro terá como convidada a designer Geórgia Hauner, outra importante referência da área no Brasil.
O convite para que Sérgio Rodrigues projetasse as novas cadeiras do Paiol partiu do presidente da Fundação Cultural de Curitiba, Paulino Viapiana, que levou o designer para conhecer o espaço e falou sobre a preocupação do município em preservar as características históricas do teatro, reforçando a sua condição de ícone da cidade. “Queríamos que fosse acrescentado algo que pudesse valorizar o espaço e que estivesse em consonância com uma das características da cultura curitibana, que é a inovação”, diz Viapiana.
O Grupo Boticário entrou nesse projeto como parceiro, patrocinando a confecção do novo desenho pela empresa Lin Brasil, licenciada por Sérgio Rodrigues para produzir os projetos de sua autoria. Atendendo a uma das preocupações do Grupo Boticário, o modelo foi produzido com materiais ecológicos. A almofada aplicada sobre o assento é recoberta em couro natural, sem tratamentos convencionais que poluem o meio ambiente. A estrutura, em eucalipto e lâminas de ipê, utiliza madeiras certificadas.
Encontro - O encontro de Sérgio Rodrigues e Geórgia Hauner deverá representar um momento de grande emoção, já que os dois, embora amigos e parceiros em muitos projetos, não se vêem há pelo menos 20 anos. A partir de um determinado momento eles passaram a percorrer trajetórias distintas, mas dos anos 50 até década de 1970 figuraram entre os principais representantes do estilo moderno no campo da arte, da arquitetura e do design, ao lado de nomes como Oscar Niemeyer, Vilanova Artigas, Lina Bo Bardi, Lasar Segall, entre outros.
A trajetória de Sérgio Rodrigues confunde-se com a história do design moderno no Brasil. No final dos anos 40, quando ainda cursava a faculdade de arquitetura no Rio de Janeiro, ele percebeu que a arquitetura brasileira vivia um grande momento, porém o interior das casas e prédios projetados por Oscar Niemeyer, Lúcio Costa e outros companheiros não seguiam o espírito inovador das construções. “Eles usavam móveis do estilo colonial ou peças importadas. Faltava ao mobiliário a mesma identidade nacional que tínhamos conquistado na arquitetura”, conta.
Em 1955, fundou no Rio de Janeiro a Oca, marca que, por duas décadas, foi referência de móvel moderno no Brasil. Buscando uma linguagem própria, ele lançou mão de materiais tradicionais, como couro, palhinha e o jacarandá. Um de seus projetos, a poltrona “Sheriff”, (conhecida como Poltrona Mole) recebeu o 1º prêmio da IV Bienal Internacional do Móvel em Cantu (Itália / 1961) e foi incluída no acervo permanente do Museu de Arte Moderna de Nova York. Em meio século de trabalho e pesquisa, Sérgio Rodrigues produziu mais de 1.500 modelos de móveis entre protótipos e linhas industriais.
Serviço:
Reabertura do Teatro do Paiol
Hora da Prosa Especial com Sergio Rodrigues
Data e horário: 22 de setembro, às 19h
Local: Teatro do Paiol – Pça. Guido Viaro, s/nº
Entrada Franca
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