quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Ópera Barroca e Pastoral na Capela Santa Maria

As duas noites de apresentação de “Prazeres de Versailles” e “Actéo”, obras escritas por Marc Antoine Charpentier, vão transportar o público para os aposentos da realeza francesa.

A apresentação da mini-ópera “Os Prazeres de Versailles” e da pastoral “Actéon”, obras de Marc Antoine Charpentier, escritas por volta de 1680, fazem parte do programa Ópera Ilustrada, que acontece na Capela Santa Maria, nesta sexta-feira e sábado (4 e 5), às 20h. Uma das solistas é a soprano Marília Vargas. A direção artística é de Luís Otávio Santos e a direção cênica, de Carlos Harmuch.

O espetáculo encerra a série Ópera Ilustrada, promovida pela Fundação Cultural de Curitiba com recursos do Fundo Municipal da Cultura. Este ano, quatro produções foram selecionadas por meio de edital. O público teve oportunidade de conhecer trechos de “Suor Angélica”, de Giacomo Puccini, “Domitila”, de João Guilherme Ripper, e “Così Fan Tutte”, de Wolfgang Amadeus Mozart.

Participam deste novo espetáculo, além de Marília Vargas, os cantores Ariadne Oliveira (mezzo soprano), Paulo Mestre (contratenor), Milton Monte (barítono), Christian Segala (tenor), Ludmila de Carvalho (soprano) e Viviane Kubo (soprano). Além das apresentações de sexta e sábado, o grupo fará um ensaio aberto ao público na quinta-feira (3), às 20h.

Os Prazeres de Versailles - Com duração de apenas meia hora, “Os Prazeres de Versailles” foi escrita para ser representada nas dependências do castelo de Luis XIV, em soirées privadas oferecidas pelo rei em seu castelo. Os principais personagens são a Música e a Conversação, às quais se junta um coro. Mais tarde aparecem Comus (o Deus das festas) e o “Jogo”. Seu enredo hedonista trata da arte e do prazer de entregar-se aos momentos de ociosidade.

A incessante tagarelice da Conversação interrompe o canto da Música. Uma questão se instala e o tom aumenta: qual das duas é mais essencial ao prazer do rei, a Conversação ou a Música? Temendo que elas desapareçam do castelo de Versailles, o coro dos prazeres pede ao Deus das festas, Comus, que intervenha. Ele oferece a cada uma delas chocolate, o mais fino dos vinhos, tortas. Mas é tudo em vão. Ele solicita então a ajuda do Jogo, que é imediatamente derrotado: as duas rivais continuam sua disputa.

Apesar de tudo elas acabam se reconciliando, para o alívio do coro dos prazeres: a Música e a Conversação continuarão a sua missão de fazer "descansar" o grande rei Luis XIV, nos períodos em que ele não estiver ocupado com a guerra.

Actéon - Pastoral em seis cenas escrita para ser representada na residência da família de Guise, em Paris, entre 1683 e 1685, esta é a história de Actéon e de um coro de caçadores que estão planejando um jogo para seduzir Diana, a Deusa da caça. Quando Diana e suas companheiras estão se banhando em uma fonte nas proximidades, Actéon decide distanciar-se do grupo para encontrar uma pacata clareira e dormir. Encontrando as banhistas, ele tenta se esconder, mas é imediatamente descoberto. Para evitar que ele se vanglorie do que viu, Diana transforma-o em um cervo. Os caçadores vêm procurando Actéon para convidá-lo a aderir à caça, mas Junon aparece e anuncia a sua morte. Ele é despedaçado por seus próprios cães. Esta obra pode ser comparada a uma tragédia lírica em miniatura.

Actéon assemelha-se a outras obras de Charpentier, como David e Jonathas e Médée, em suas dimensões psicológicas. Um momento especialmente pungente é o lamento instrumental que acompanha a transformação de Actéon em um cervo.

O compositor - O parisiense Marc-Antoine Charpentier (1643 - 1704) não revelou desde pequeno talento natural para a música. Só em 1662, quando conheceu o compositor Carissimi, em Roma, é que resolveu abraçar seriamente esse caminho. Na Itália permaneceu tendo aulas por cinco anos. O interessante é que, por isso, absorveu muita coisa do estilo italiano e levou essas influências na bagagem de volta à França. Lá se tornou músico na casa de Marie de Lorraine, a Duquesa de Guise (e também Princesse de Joinville), que, conforme o periódico Mercure Galante, rivalizava na qualidade musical com os maiores soberanos da Europa.

Nessa época inicia-se a associação com Molière, que pediu a Charpentier que escrevesse a música para diversas de suas peças. Charpentier começa a incomodar Jean Baptiste Lully, que nessa época dominava despoticamente a cena musical na corte do soberano Luís XIV e que não permitia a outros compositores que se destacassem com suas obras. Assim Charpentier tinha que se limitar às concessões permitidas por Lully. E foi dessa forma que apresentou David e Jonathas, uma tragédia lírica, como espetáculo amador num colégio de jesuítas e que foi uma revelação pela originalidade.

Mais tarde foi nomeado maître de musique na Igreja de Saint Louis, a principal igreja jesuíta de Paris. Essa aproximação com os jesuítas, que encomendaram muitas peças sacras, especialidade do compositor, permitiu que ele deixasse para a posteridade centenas de manuscritos que continuam até hoje a ser descobertos e interpretados. Charpentier ainda viria, após a morte de Lully, a apresentar sua obra-prima, a Medée, com a qual revolucionou a escrita operística de seu tempo.

Serviço: A apresentação da mini-ópera “Os Prazeres de Versailles” e da

pastoral “Actéon”, obras de Marc Antoine Charpentier

Local: Capela Santa Maria Espaço Cultural – Rua Conselheiro Laurindo,

273 - Centro

Data e horário: 4 e 5 de dezembro (sexta e sábado), às 20h

Ingressos: R$10,00 e R$5,00 e um quilo de alimento não perecível

Ensaio aberto ao público: 3 de dezembro (quinta-feira), às 20h.

Informações: 3321-2840

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