Várias narrativas neo-realistas portuguesas apresentam protagonistas infantis – assim os romances Esteiros (1941) de Soeiro Pereira Gomes, Fanga (1943) de Alves Redol, Vagão «J» (1946) de Vergílio Ferreira, alguns contos de Aldeia Nova (1942), O fogo e as cinzas (1951) – ambos de Manuel da Fonseca, Refúgio perdido (1950) de Soeiro Pereira Gomes, e Constantino (1962) de Alves Redol. Este último autor publicou também narrativas para crianças: em 1956, A vida mágica da Sementinha, texto imbuído de marcas neo-realistas, e, em finais dos anos 60, quatro contos incluídos na série A Flor (A Flor vai ver o Mar, A Flor vai pescar num bote, Uma Flor chamada Maria, Maria Flor abre o Livro das Surpresas), nos quais persistiam idênticas marcas. O presente ensaio tenta provar como estes volumes trouxeram um contributo maior quer à literatura portuguesa que tematizava a infância, quer à que lhe era destinada.
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Violante F. Magalhães faz parte dos órgãos sociais da Associação Portuguesa de Críticos Literários. Doutorada em Literatura Portuguesa, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, é membro do Centro de Estudos Comparatistas da mesma Faculdade. Lecciona Língua e Cultura Portuguesas, Literatura Infantil, Promoção e Mediação da Leitura, na Escola Superior de Educação João de Deus, em Lisboa.
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