A primeira redação da América do Sul a contar com luz elétrica, que dos 200 anos da imprensa brasileira, fez parte de 175, tem data e hora para encerrar suas atividades. O Monitor Campista, de Campos dos Goytacazes - RJ, terceiro jornal mais antigo do Brasil, será fechado no próximo domingo (15/11).
Os Diários Associados anunciaram o fechamento do veículo, fundado em 04/01/1834, em carta enviada aos funcionários. Segundo jornalistas do Monitor Campista, a alegação da empresa é que o jornal tinha mais despesas que receitas, o que impossibilita a continuidade do negócio. A notícia veio logo depois que a prefeitura da cidade deixou de publicar o Diário Oficial nas edições do jornal, o que já acontecia há 100 anos.
Apesar dos argumentos da empresa, os profissionais discordam que esse seja o motivo do fechamento do jornal. "Sempre falaram de crise, mas nunca tivemos problemas com nossos salários, e comercialmente o jornal ia bem, crescendo a carteira de publicidade”, rebateu Jane Nunes, editora do veículo, que disse que muitos contratos terão que ser cancelados a partir de agora.
Movimento “Viva Monitor”
O fechamento do jornal mobilizou os jornalistas e a comunidade, que organizam manifestações contra a medida. Nesta sexta-feira (13/11) mais de 100 pessoas protestaram em frente ao prédio do veículo. A Associação Imprensa Campista (AIC) emitiu uma carta pública aos Diários Associados e fez um abaixo-assinado online contra o fim do jornal. Além disso, leitores e amigos do veículo lançaram o movimento Viva Monitor, que pretende aquecer as manifestações a favor do jornal.
A AIC promete mais movimentos. “Amanhã vamos organizar uma reunião para tentar resolver essa questão, que é um problema muito grave, não se pode matar essa memória cultural”, declarou Orávio de Campos Soares, presidente da AIC. O dirigente também disse que convidou os Diários Associados para participar da reunião, mas ainda não houve confirmação por parte da empresa.
Segundo uma fonte do jornal, as negociações que envolvem o fechamento do principal veículo da cidade são um mistério. “Alguma coisa muito nebulosa aconteceu, é muito estranho tudo isso”.
Na segunda-feira (16/11), os 45 funcionários do jornal terão que apresentar suas carteiras profissionais à empresa, já que as atividades encerram no próximo domingo. “Sabemos que será a última edição. Estamos trabalhando nela, mas é como assassinar um filho para nós”, desabafou Jane.
Izabela Vasconcelos, do Comunique-se
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