terça-feira, 24 de novembro de 2009

Cine-Re-Sonar no Teatro da CAIXA


Projeto reúne imagens das décadas de 20 e 40 com música atual

Não é somente um show de música. Não é apenas uma exibição de filmes antigos e remasterizados. É tudo isso, e mais um pouco, ao mesmo tempo. A definição do espetáculo Cine-Re-Sonar que será apresentado entre os dias 26 e 29 de novembro, de quinta-feira a domingo, no Teatro da CAIXA revela para o público um projeto criativo e pioneiro no Brasil. Idealizado pelo compositor Vadeco, a produção traz para o palco a exibição de trechos de filmes mudos realizados nas décadas de 20 e 40 por alguns desbravadores do cinema paranaense (Luis Baptista Groff, Annibal Requião e João Botelho), remasterizados e editados numa projeção de 40 minutos, que será apresentada com o suporte de uma trilha sonora inédita, interpretada ao vivo por um sexteto musical com a participação especial do músico Jr. Tolstoi (produtor do último disco do Lenine).

Afastado dos palcos há dois anos, Vadeco conta que esse projeto começou a ser desenhado no início da carreira com sua banda Vadeco e os Astronautas. Depois de um longo tempo de amadurecimento, somado a experiência de quase uma década junto ao cinema, como sound designer e compositor de trilhas ("O Poeta", "Brichos"), o músico e compositor teve a ideia de reunir parte do acervo dos primeiros registros filmados da capital paranaense, recuperar esse material, remasterizar e, finalmente, compor uma música para ser apresentada simultaneamente no palco com a projeção das imagens.

Na prática o público vai ter uma experiência sensorial inédita. Os seis músicos – Vadeco (direção musical), Jorge Falcón (guitarras e violões), Vina Lacerda (percussão), Fábio Cardoso (piano), Iriz Knopfholz (violino), Thomas Jucksch (violoncelo) – vão interpretar a trilha sonora sem aparecer para a plateia. Eles estarão ocultos por uma grande tela que vai exibir imagens da Curitiba de outrora com cenas da Rua das Flores, de uma nevasca na capital e, quem diria, até da passagem do dirigível Zepelim sobre a cidade. Tudo isso embalado e sincronizado por uma música instrumental, de influência minimalista e com muitos efeitos sonoros. "Nós estamos fazendo algo que seja contemporâneo e ao mesmo tempo que seja de fácil assimilação, pois temos certeza que o projeto vai atrair pessoas de todas as idades. Ou seja, queremos fazer algo gostoso de assistir por todos", define o compositor.

O projeto

A idéia inicial de Vadeco – após um período de pesquisa sobre o material do cinema mudo paranaense – era compor uma trilha e tocar em cima dos filmes montados e prontos. Só que a medida que o projeto foi se desenvolvendo, músico e equipe perceberam que isso poderia prejudicar a dinâmica da apresentação. Assim, ao mesmo tempo em que a trilha estava sendo composta, o material cinematográfico passava por um processo de edição, elaborado cuidadosamente pelo diretor de imagens André de Souza.

Souza explica que partiu da ideia de um projeto artístico multimídia e, após a seleção do material, houve uma certa liberdade na manipulação dos filmes utilizando a tecnologia moderna a favor da imagem. Ou seja, uma manipulação com ferramentas tecnológicas usadas para apresentar as imagens de uma maneira diferente, com outro olhar. "Logicamente que não vamos tirar a essência do original. O que fizemos foi um corte do material e nós usamos as imagens em parte para contar um pouco a história que foi filmada - como a escolha de pessoas, ruas, casas... - e, em outros momentos como representação daquilo que está sendo tocado no palco", adianta.

Vadeco completa e diz que o material é reeditado em cima das ideias sonoras. "Isso vai permitir uma linearidade das imagens diferente do original. Então acaba se tornando uma ‘releitura’ por temas. Isso permite outro olhar. Quando você está com a imagem aberta, por exemplo, da Rua XV, é possível aproximar no rosto das pessoas, com closes. Mostrar a roupa, rostos, a maneira de andar... Tudo isso serve de material para climatizar o público no que estava acontecendo naquela época", considera.

Sobre o critério de seleção dos filmes, o mais importante foi a estética das imagens. Vadeco confessa que o material mais acessível que eles encontraram também teve um peso na hora da escolha, mas chama atenção ao fator não-bairrista do projeto: "É claro que o público da cidade vai reconhecer seus espaços de hoje nas imagens filmadas há muito tempo como Praça Osório, Rua XV, Santos Andrade... Mas uma pessoa que não conhece a cidade vai se envolver da mesma maneira. É importante notar que independente de serem imagens do Paraná não existe nenhum intuito bairrista nesse projeto".

Trilha minimalista

As músicas do projeto Cine-Re-Sonar foram compostas livremente por Vadeco. Ele lembra que a única preocupação foi amarrar o "set" de piano, violões, guitarra, percussão violoncelo e violino. "O grupo é formado por músicos de diversas áreas: popular, erudita, eletrônica... cada um tem uma identidade de linguagem bem definida. A maior dificuldade quando se compõe para um grupo deste é como conseguir amarrar para que os músicos toquem juntos", diz. A solução veio na forma do metrônomo – aparelho de marcação de ritmo - que também resolveu a questão da sincronia da imagem. "Utilizamos uma fusão de métodos na qual, hierarquicamente, a música não é mais importante que a imagem, mas sim linguagens complementares".

O resultado final gerou 40 minutos de música, dividida em oito movimentos, com uma dinâmica própria. "São temas independentes com imagens que serão distribuídas e separadas entre si. Como se fossem oito clipes. É importante dizer que todos os músicos exercem uma influência muito grande no acabamento dessa obra. Depois da música composta nós também colocamos efeitos, experimentos eletrônicos e sonorizamos, sem música, determinadas partes das imagens para ambientar o público naquilo que está sendo exibido", comenta Vadeco, que enxerga nesse projeto uma maneira diferente de trabalhar. "Isso para mim é um fator fundamental para se desenvolver artisticamente. Essa experiência é uma volta arriscada, mas necessária para a inspiração", finaliza.

Ficha Técnica:

Direção musical: Vadeco

Guitarras e violões: Jorge Falcón

Percussão:Vina Lacerda

Piano: Fábio Cardoso

Violino: Iriz Knopfholz

Violoncelo: Thomas Jucksch

Participação especial: Jr. Tosltói

Produção: Luciana Falcon

Serviço:

Espetáculo de som e imagens: “Cine-Re-Sonar”

Local: Teatro da CAIXA

Endereço: Rua Conselheiro Laurindo, 280, Centro – Curitiba

Data: de 26 a 29 de novembro

Horários: quinta a sábado 21h e domingo 19h

Ingressos: R$ 10 e R$ 5 (meia)

Bilheteria: (41) 2118-5111 (de terça a sexta, das 12 às 19h, sábado e domingo, das 16 às 19h)

Classificação etária: Livre para todos os públicos

Lotação máxima do teatro: 125 lugares (02 para cadeirantes)

www.caixa.gov.br/caixacultural

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