quinta-feira, 1 de outubro de 2009

OS PRAZERES E DESPRAZERES DO TRABALHO


OS PRAZERES E DESPRAZERES DO TRABALHO
de Alain de Botton

Tradução:Hugo Langone

Páginas:328

Trabalhar é um dever ou um prazer? É possível conciliar um “ganha-pão” com uma vocação para toda a vida? Qual a importância de determinadas funções que perdem sua essência e utilidade de contribuição para a humanidade, se vistas de um plano geral? Foi tentando entender os mecanismos do universo do trabalho – seus encantos e seus espantos – que o escritor e ensaísta Alain de Botton conheceu de perto algumas das mais diversas práticas e ambientes de trabalho – de navios cargueiros a fábricas de biscoito – que deram origem a este lançamento da editora Rocco, Os prazeres e os desprazeres do trabalho.

“Quando um trabalho é significativo?”, pergunta o autor ao acompanhar a rotina de uma fábrica de biscoitos. Se o ofício de assar biscoitos tem ou não algum significado maior acaba se tornando menos importante do que questionar até que ponto essa tarefa pode parecer significativa depois de ter sido expandida e subdividida ininterruptamente entre cinco mil vidas e meia dúzia de locais de produção diferentes. Botton leva estas e outras reflexões para diferentes paragens e ofícios: da construção de foguetes à logística de uma grande empresa pesqueira; da contabilidade à aviação, passando pelas artes plásticas, engenharia de transmissão e por aqueles que atuam em campos menos ortodoxos, como pequenos inventores e empreendedores. Neste capítulo, o escritor discute como a ideia de começar um novo negócio “está intimamente ligada à concepção moderna de satisfação” e mostra que nossa época é perversa ao tratar os casos de sucesso, a exceção, como regra.

Nos ensaios, o autor mostra um panorama deste estranho mundo do trabalho, que consome boa parte da vida do homem moderno e sobre o qual, estranhamente, se pensa tão pouco a respeito. É justamente o que Alain de Botton se propõe nesta obra, a partir do exame de diferentes ambientes e situações, como, por exemplo, a observação do complexo universo dos portos e navios cargueiros, que transportam os mais variados produtos, de carros a alimentos, pelo mundo inteiro, na “calada da noite”, sem que os consumidores tenham noção de como eles chegam às prateleiras de lojas e supermercados.

Curioso também é o capítulo sobre o acompanhamento da rotina de uma empresa de consultoria vocacional. “Todas as sociedades colocaram o trabalho numa posição central; a nossa é a primeira a sugerir que ele pode ser algo mais do que uma punição ou uma penitência”, analisa Botton. E foi com esta história em mente que o autor procurou um consultor vocacional, profissional empenhado em encontrar maneiras de garantir que o trabalho seja sinônimo de satisfação e prazer. Será que isso é possível?

Em Os prazeres e os desprazeres do trabalho, Alain de Botton expõe a estranheza que reside nos ambientes e nas relações de trabalho, mas também a sua beleza, a sua carga de sonho e o muito da identidade humana que se constrói nesses ambientes. E leva o leitor a refletir sobre uma antiga, mas não tão recorrente pergunta que ultrapassa o aspecto financeiro da questão: “Por que trabalhamos?”


O AUTOR

Alain de Botton nasceu em Zurique, na Suíça, em 1969. Sucesso de crítica e vendas, formou-se em Cambridge e mora em Londres. Sua obra já foi traduzida para mais de 16 idiomas. Dele a Rocco já publicou A arte de viajar, Ensaios de amor, Desejos de status, Como Proust pode mudar sua vida, Nos mínimos detalhes, O movimento romântico, As consolações da filosofia, A arquitetura da felicidade e, mais recentemente, Os prazeres e desprazeres do trabalho. Embora de não-ficção, seus livros contêm lirismo e leveza típicos de um bom romance.

UM LANÇAMENTO


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