segunda-feira, 18 de maio de 2009

Obra de Mohamed ganha exposição e catálogo


O projeto “Mohamed – Enigmagens”, financiado pelo Fundo Municipal da Cultura, mostra a produção de um dos mais importantes artistas do Paraná.

A partir das 19h de quarta-feira (20), os Salões Paraná e Brasil do Memorial de Curitiba abrigam a exposição “Mohamed – Enigmagens”, que reúne obras de Mohamed Ali el Assal (1958 – 1987), um dos mais importantes artistas plásticos do Paraná. A mostra completa-se com o lançamento do catálogo de mesmo nome, que registra a produção de Mohamed, no período de 1983 a 1986.

O projeto, de autoria da também artista plástica Patricia Stuart, foi selecionado por meio de edital do Fundo Municipal da Cultura. A exposição e o catálogo colocam ao alcance do público desenhos e pinturas deste artista que foi destaque na arte paranaense da década de 1980. A proposta de Patricia Stuart é mostrar que a produção de Mohamed continua de vital importância, capaz de inquietar o espectador que o descobre nesse evento ou que tem a possibilidade de rever a obra.

Depois da morte de Mohamed, em 1987, sua obra foi resguardada, em caráter de comodato, no Acervo da Fundação Cultural, onde se encontra até hoje. Desde aquele ano, foram realizadas três exposições individuais: em 1988, na Sala de Exposições da FCC; em 1991, no Solar do Barão; e a última em 2004, no Museu Metropolitano de Arte – MuMA. Juntamente com a exposição de 1991, produziu-se o Boletim da Casa Romário Martins, “Mohamed – Olho Moderno”, com algumas reproduções em preto e branco de desenhos e pinturas, além de anotações e comentários do próprio Mohamed. Também foram utilizados dois textos, um de Adalice Araújo, tratando da formação e das exposições realizadas pelo artista, e outro de Geraldo Leão, abordando os desenhos apresentados no Bar Ocidente, em 1984.

O nome do atual projeto, “Mohamed – Enigmagens”, que reúne exposição e catálogo, foi baseado em um termo utilizado pelo próprio artista. Em suas anotações, Mohamed trapaceava com a língua, utilizava de artimanhas para que aquilo que fosse escrito tomasse um formato único. Talvez o melhor exemplo disso seja o fato de atribuir às pinturas a definição de Enigmagens, uma junção para mostrar algo entre a imagem apresentada e as questões que levanta como artista.

Trajetória – Nascido na cidade paranaense de Rio Negro, em 1958, Mohamed Ali el Assal iniciou sua trajetória como artista na segunda metade da década de 1970, em Curitiba. A princípio dedicou-se ao desenho e realizou sua primeira exposição individual na Galeria Centro Cultural Brasil-EUA, em 1977. Nessa primeira mostra, trazia no trabalho as referências ilustrativas, resquícios de um convívio profissional com o desenho industrial e informes publicitários.

No início da década de 1980, participou do Grupo Convergência1, cujo objetivo era discutir arte e os trabalhos desenvolvidos pelos integrantes. O convívio com alguns membros do grupo, então alunos da Escola de Belas Artes, proporcionou a Mohamed o contato com os artistas que viriam a realizar, nos anos de 1982 e 1983, respectivamente, os eventos Bicicleta e Moto Contínuo.

A Mostra de Arte Bicicleta2 teve como objetivo abrir caminhos. Os trabalhos eram discutidos, bem como a concepção da montagem, já que a curadoria foi realizada pelos próprios participantes da exposição. Posteriormente, alguns artistas que participaram da Mostra de Arte Bicicleta, reuniram-se e geraram outro evento: o Moto Contínuo3, cuja essência estava nas discussões dos trabalhos dos participantes. No Bicicleta, Mohamed apresentou pinturas em óleo e tela, nas quais ainda é reconhecível a influência da ilustração, mas que começavam a mostrar sinais de mudança: formas figurativas que vão, no descer do quadro, perdendo valores ilustrativos e tornando-se resquícios geométricos. No Moto-Contínuo, o artista iniciou seus desenhos gestuais, baseados na escrita árabe e executados em rolos de papel sulfurisé.

Na segunda exposição individual, em 1984, no Bar Ocidente, os trabalhos apresentados ainda guardavam a memória caligráfica, mas adquiriram outra característica marcante: os desenhos, em nanquim, eram lavados logo após serem executados. Ao mesmo tempo em que a matéria foi lavada, o gesto que estruturava os desenhos foi desgastado, não a ponto de se perder, mas a ponto de manter resquícios e insinuar novas passagens de tempo.

Após a exposição de seus desenhos em 1984, e no ano posterior, Mohamed já direcionava seu trabalho para a linguagem da pintura, recebendo em 1985 o Prêmio Aquisição no II Prêmio Pirelli Pintura Jovem4, de âmbito nacional. Sua pesquisa em pintura baseou-se, num primeiro momento, na transposição da gestualidade do desenho para tela. Em seguida, transmutou esse gesto em formas que ganharam cada vez mais massa, cor, volume, sombra – elementos específicos de representação pictórica, utilizados nas pinturas de Mohamed para projetar um espaço que fazia alusão a uma tridimensionalidade sem, no entanto, romper com os limites do quadro. Em 1986, realizou a exposição dessas pinturas na extinta Galeria de Arte Poupança Banestado.

Serviço:

Exposição e lançamento de catálogo do projeto “Mohamed – Enigmagens”

Local: Memorial de Curitiba – Salões Paraná e Brasil (2º e 3º andar) – Rua Claudino dos Santos, 79 – Setor Histórico

Data: de 20 de maio (abertura às 19h) a 12 de julho de 2009

Horário de visitas: de terça a sexta, das 9h às 12h e das 13h às 18h; sábados e domingos, das 9h às 15h

Informações: (41) 3321-3328

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