terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

TRAMA DAS VONTADES

TRAMA DAS VONTADES
NEGROS, PARDOS E BRANCOS NA CONSTRUÇÃO DA HIERARQUIA SOCIAL DO BRASIL ESCRAVISTA

de CACILDA MACHADO


Prefácio:
STUART B. SCHWARTZ
YALE UNIVERSITY


220 páginas






A Trama das Vontades trata das relações de poder estabelecidas entre escravos e livres, e entre brancos, pardos e negros, no pequeno vilarejo de São José dos Pinhais, que na passagem do século XVIII para o XIX era freguesia da Vila de Curitiba, região paranaense que, por então, pertencia à Capitania de São Paulo. Trata-se de um livro de história social clássica, meticulosamente construído a partir de fontes e técnicas quantitativas e com o acompanhamento de trajetórias individuais e familiares. Segundo o historiador Stuart Schwartz - autor do prefácio – a obra nos permite conhecer “a natureza da escravidão e também o caminho através do qual as posições raciais e sociais foram construídas e modificadas em uma região agrícola particularmente modesta, onde nem escravos nem escravidão predominavam, mas onde a escravidão e as distinções raciais influenciavam todas as relações sociais.”



SOBRE O AUTOR

Cacilda Machado é Doutora em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Mestre em História da População pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), a mesma instituição onde se graduou em História e da qual é professora. Atualmente lotada na UFRJ, está ampliando suas pesquisas sobre casamentos de escravos e negros livres no período colonial para outras áreas do Brasil rural. Também faz parte do Grupo de Pesquisa Demografia e História, formado por pesquisadores de diversas universidades brasileiras e empenhado em um projeto de padronização de procedimentos metodológicos para a coleta e o tratamento de registros vitais (eclesiásticos e civis), a fim de fomentar novos estudos de história demográfica no Brasil.



SOBRE A COLEÇÃO

Os trabalhos históricos sobre as Américas Ibéricas, especialmente os que se voltam para os séculos XVIII e XIX, incluídos na coleção Distâncias têm como foco as trajetórias de agentes históricos e o vínculo estabelecido entre as regiões no interior dos impérios e aborda esta diversidade regional. Assim, permite observar áreas coloniais e de países novos na sua relação com as regiões centrais, estruturadoras do conjunto. Mas também aborda lugares cuja ocupação se inicia ao longo destes dois séculos, e que apesar disso, apresentavam grande dinamismo social, cultural e econômico, conquistando grande representatividade.

O Brasil se produziu muito mais a feição, por exemplo, de São José dos Pinhais que passamos a conhecer através do trabalho de Cacilda Machado – Trama das vontades: negros, pardos e brancos na construção da hierarquia social do Brasil escravista, livro que inaugura a coleção, do que com áreas centrais que davam o tom do conjunto.

Distâncias enfatiza os percursos sociais e geográficos da população, bem como a implantação de instituições em locais apartados de onde foram formuladas. Já se estabeleceu que, nas Américas Ibéricas, o avanço das populações em direção às fronteiras esteve muito ligado, quase sempre, ao estabelecimento e à manutenção de relações sociais de grande desigualdade, de modo que apontar para as distâncias geográficas significa também prestar atenção à manutenção de distâncias sociais e étnicas, porque migrantes espontâneos (metropolitanos ou não) dividiam seu cotidiano e desenvolviam suas atividades econômicas com migrantes forçados e etnicamente diversos – os escravos de origem africana ou indígena – estabelecendo com estes grupamentos humanos relações também de diferenciação étnica.

Cada um dos trabalhos incluídos fornece elementos, a partir de seus próprios objetivos, para compreender os modos como as pessoas organizavam e reorganizavam suas vidas em meio a esses deslocamentos e choques. Os textos analisam igualmente as relações entre regiões e as trajetórias de pessoas que se movimentam entre elas. Trabalha o trânsito entre grupos sociais e étnicos diversos, prestando atenção à criação de intermediários e do estabelecimento de uma hierarquia entre estes grupos. O mundo agrário, as zonas fronteiriças, as relações entre grupos étnicos, trajetórias sociais, tudo isso é pesquisado, discutido e analisado nos trabalhos da coleção. Os textos abordam também as posições tomadas pelos contemporâneos a este processo e que refletiam sobre ele,como religiosos, administradores,militantes ou membros de grupos políticos dirigentes.

um lançamento da

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