AS AVENTURAS DE AUGIE MARCH
de Saul Bellow
Páginas - 704
À maneira dos pioneiros que primeiro exploraram as costas da América, o irrequieto narrador-protagonista desvela um novo continente da literatura em língua inglesa. Se em Ulisses James Joyce encena nas ruas de Dublin um épico labirinto de vozes míticas, As aventuras de Augie March consagra os bairros do empobrecido sul de Chicago, durante a Grande Depressão, como cenário natural das andanças desta espécie de desiludido Cândido do século XX. Do otimismo romântico da juventude ao cinismo pessimista da idade madura, desempenhando as profissões mais inusitadas - de sindicalista e corretor de imóveis a ladrão de livros -, Augie March é o arquétipo do anti-herói errante da literatura norte-americana contemporânea.
A movimentada trajetória de Augie March entre os Estados Unidos, o México e a Europa desenha o mapa desta espécie de grande epopeia irônica, habitada por numerosos tipos inesquecíveis. Além das celebradas inovações formais, As aventuras de Augie March apresenta uma maravilhosa galeria de personagens secundários: a rabugenta vovó Lausch e suas engraçadas expressões em iídiche, o rico Einhorn e sua sinistra cadeira de rodas, sem esquecer da enigmática águia Calígula, espécie de emblema das hesitações da aventura americana.
As palavras escolhidas pela Academia Sueca, ao justificar a atribuição do prêmio Nobel de Literatura de 1976 a Saul Bellow - "humana compreensão e sutil análise da cultura contemporânea" - sintetizam com rara propriedade a essência da arte narrativa de As aventuras de Augie March.
O AUTOR
Recebeu o Nobel de Literatura de 1976. Premiado com o Guggenheim fellowship, viveu em Paris, onde escreveu The Adventures of Augie March.
Bellow dominou o cenário da ficção americana, em especial o do romance judeu-americano no pós-guerra. Seu trabalho expressa a ascensão da sensibilidade dos imigrantes judeus a um lugar de poder e visão na América urbana contemporânea, bem como a angústia moral daqueles quer se viram como sobreviventes do Holocausto - como Sammler, herói de seu livro Mr. Sammler's Planet. Filho de imigrantes russos, nascido no Canadá, Bellow fixou-se em Chicago ainda criança, e tornou-se seu grande cronista, com livros como Humboldt's Gift. Seu trabalho retrata cinco décadas de experiência americana, da depressão dos anos 30 ao novo mundo neobizantino de poder, riqueza, egoísmo arrogante e divisão social na América, no qual a inteligência deve lutar contra o materialismo. Bellow resume isso em seu mais brilhante romance, Herzog, que é o retrato de um intelectual do final do século 20, pintado de forma tragicômica, discutindo a sorte com os grandes filósofos da modernidade. Em uma época que ele vê como massificação social, luxo desordenado, individualismo fútil e falência cultural, seu trabalho e seus heróis lutam para chegar a um humanismo contemporâneo.
BIBLIOGRAFIA
* Dangling Man (1944)
* The Victim (1947)
* The Adventures of Augie March (1953)
* Seize the Day (pt: Agarra o dia; br: Agarre a vida) (1956)
* Henderson the Rain King (br: Henderson, O Rei da Chuva) (1959)
* Herzog (1964)
* Mosby's Memoirs (contos que aparecem também em Collected Stories) (1968)
* Mr. Sammler's Planet (1970)
* Humboldt's Gift (1975), com que ganhou o Pulitzer de 1976
* The Dean's December (1982)
* Him with His Foot in His Mouth (contos que aparecem também em Collected Stories) (1984)
* More Die of Heartbreak(1987)
* A Theft (1989)
* The Bellarosa Connection (1989)
* Something to Remember Me By: Three Tales (com os contos A Theft e The Bellarosa Connection) (1991)
* The Actual (1997)
* Ravelstein (2000)
* Collected Stories (2001)
Ensaios
* To Jerusalem and Back (1976)
* It All Adds Up (1994)
UM LANÇAMENTO