sábado, 16 de maio de 2015

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Colecção Clássicos: Poemas, de Tibulo

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Cronica da Urda - Carta Aberta a Lourival Barreira

Carta Aberta a Lourival Barreira


                                   Jamais poderia imaginar que, nesta altura da vida, acabaria por me tornar amiga de Barreira, o goleiro do Grêmio Esportivo Olímpico, time de Blumenau que, nos idos da minha infância, tornou-se campeão catarinense de futebol. Tal aconteceu no campeonato estadual de futebol de 1964, e com meu pai, eu assisti ao jogo e lembro inúmeros detalhes dele, até de como a torcida do Internacional de Lages botou fogo na faixa do nosso time, pendurada no alambrado do campo.
                                   O fato é que o tempo passou e o milagre da Internet me permitiu começar uma amizade com Lourival Barreira, hoje respeitado advogado no Estado de São Paulo. E no dia de hoje acabei por ler um relato do próprio Barreira no blogue do Adalberto Day, aqui da minha cidade, onde ele relembrava exatamente aquele jogo e as coisas que o precederam. Dentre elas, Barreira se referia a Feola.
                                   Quem ainda se lembra do Feola, sabe dizer quem foi Feola? Nossa, como eu lembro de Feola, técnico da Seleção Brasileira de Futebol que, em 1958 foi campeã mundial! Parece que vejo agora as fotos de Feola nas páginas da revista O Cruzeiro – vem-me uma enxurrada de lembranças, e como eu gostaria de ter aqui, agora, o meu pai, que tanto gostava de futebol, para conversarmos sobre tudo isso! Já que o meu pai partiu tão cedo, achei que deveria conversar com alguém do futebol daquele tempo, e é por isto que estou a escrever esta carta a Lourival Barreira.
                                   Conto a Barreira como contaria a meu pai um dos muitos momentos maravilhoso que o futebol me proporcionou na vida, e estou a lembrar do dia em que conheci Zagallo! Eu já havia visto Zagallo uma vez, quando o Flamengo jogou em Blumenau e eu estava no restaurante aonde o time veio jantar, depois do jogo, com direito a ver Zico e tudo. A mesa onde eu estava parou, petrificada, congelada, a olhar para Zico, mas Zico não me fez a cabeça: meu fascínio era olhar para a lenda viva que, para mim, era Zagallo!
                                   Passaram-se diversos anos, no entanto, até eu conhecer Zagallo de verdade. Eu tinha ido a Brasília para ir ao Supremo Tribunal Federal ajudar a defender o boi da Farra, o pobre boi da famigerada e vergonhosa Farra do Boi que ainda grassa em certas partes deste meu Estado de Santa Catarina, embora eu tenha nos meus arquivos cópia do Acórdão do Supremo Tribunal Federal que, naquela altura, proibiu a Farra do Boi sob qualquer aspecto e terminantemente. Eu andava (ando) na luta contra a Farra do Boi e soube, naquele sábado à noite que teria que estar em Brasília na segunda de manhã. Foi uma correria. Eu ainda batia ponto e tinha que avisar ao meu gerente que faltaria na segunda feira – devia ser o ano de 1997, acho, quando até telefone ainda era coisa difícil, e mal e mal consegui deixar um recado com um colega para que me justificasse junto ao gerente. E houve problema de neblina, atraso de voos, etc., mas acabei chegando ao Supremo com algum atraso. Muita água rolou debaixo da ponte, naquele dia e no outro, coisa para outro texto, e estava toda preocupada que demoraria mais um dia a voltar – como me justificar com o meu gerente?
                                   Naquela segunda-feira à noite alguém me levou para o hotel em que ficaria, em Brasília, e entrei nele pasma pela quantidade de repórteres e cinegrafistas que tomavam conta de toda a recepção, centenas e centenas deles, e fiquei muito curiosa: Farra do Boi despertava a atenção da imprensa, claro, mas não tanto assim. O que estava acontecendo ali? O rapaz da recepção me informou: nada mais nada menos que a Seleção Brasileira de Futebol estava hospedada ali!
                                   Fremi! Acho que como todo o amante do futebol, pensei que acabaria por ver a Seleção, mas em vão – ela estava em ala separada do hotel, fazia as refeições em separado, etc. De qualquer forma, era uma coisa maravilhosa estar respirando o ar do mesmo hotel que a nossa Seleção!
                                   Foram acontecendo coisas, no entanto. Havia um hall cheio de portas de elevadores, e eu estava ali a esperar quando uma das portas se abriu - e o elevador estava recheadinho de jogadores um pouco atônitos por estarem no andar errado – a porta fechou e eles sumiram, como num passe de mágica. Ou como, no final do jantar em um dos diversos restaurantes do hotel, quando uma enxurrada de repórteres adentrou onde eu estava, seguindo Romário, que ia dar uma entrevista coletiva. Não tive nenhum pejo de ficar em pé atrás do bando de repórteres, assistindo a entrevista, e no final chegar perto de Romário e lhe dizer, com a minha voz mais trêmula de tanta emoção:
                                   - Romário... queria que você soubesse que lá no sul do Brasil você tem uma fã...
                                   Já era emoção mais do que suficiente, mas a maior aconteceu na manhã seguinte, depois do café da manhã, de novo no tal hall de elevadores. Uma porta se abriu e saiu Zagallo, e meu coração escorregou até o pé ao me ver frente a frente com Zagallo! Para mim, aquele era o Zagallo de 58, de 62, de 70, de 94 – era algo como uma divindade, era como um anjo na minha vida, e fui diretamente a ele e segurei sua mão com as minhas, e acho que ele ficou um pouco envaidecido com toda aquela minha tietagem, pois parou e me deu a maior atenção. A emoção era tanta que não faço ideia do que falamos, mas conversamos, com certeza sobre aquelas coisa de 58, 62, 70, 94... Nem me passou pela cabeça que alguém poderia estar vendo aquilo, mas havia um repórter que viu e fotografou – e no dia seguinte, quando eu ainda não voltara para trabalhar, aquela foto saiu na capa de um jornal de circulação estadual, aqui em Santa Catarina – e eu virei a heroína do meu gerente!
                                   Quando voltei, certa de que ia levar uma bronca, encontrei o banco onde trabalhava cheio de cópias daquela foto em todas as paredes e meu gerente tão orgulhoso de mim que só faltava me carregar no colo!
                                   Era isto que queria contar, Lourival Barreira! Meu pai não chegou, a saber, disso, havia partido antes, e então agora eu te tomo como confidente. Tantas alegrias o futebol me deu, tantas! Talvez tudo tenha começado lá naquele campeonato de 1964, naquele jogo em que tu foste o goleiro! E talvez não tivesse lembrado de tudo isto, hoje, se tu não tiveste falado no Feola!
                                    Valeu, Lourival Barreira! Obrigada!


                                               Blumenau, 27 de Abril de 2014.

                                               Urda Alice Klueger
                                               Escritora, historiadora e doutora em Geografia.        

Melanina Carioca lança clipe de “Me Pega”





Desde que surgiu nas noites cariocas, o Melanina Carioca tem chamado atenção do público com seu som muito dançante, seu estilo original e seu carisma. Além da performance ao vivo desse mega grupo, formado por oito vocalistas, que impressiona pela presença de palco, coreografias bem elaboradas, cuidado com figurinos e cenografia, tornando a apresentação um espetáculo imperdível. Com a música “Deixa Se Envolver”, em alta execução nas rádios do segmento e na trilha da novela Babilônia (Rede Globo), a banda prepara-se para o lançamento do primeiro trabalho ao vivo, o CD e DVD “Vivendo de Amor”, pela Deck. Dando uma amostra do que está por vir eles disponibilizam o vídeo da música “Me Pega” https://www.youtube.com/watch?v=Fqz8MucHkDE&, com participação de MC Sapão, extraído desse registro.

Roberta Rodrigues e Roberta Santiago dividem os vocais da música com o funkeiro MC Sapão, convidado especial dono de hits como “Diretoria”, “Eu Sei Cantar” e “Tô Tranquilão”, dando um clima mais sensual à música. Marcelo Mello Jr., também integrante do Melanina, participa da canção interpretando a faixa incidental “Te Quero Mais”, de sua autoria. “Sapão é um artista incrível. Tem uma presença de palco que me deixou cada vez mais admirado, além de fazer um show super pop, animado e eclético. É muito bom ter um artista como ele no DVD.” – conta Jonathan Haagensen, outro vocalista do grupo, que ainda conta com Jonathan Azevedo, Luiz Otávio, Jefferson Brasil e David dos Santos.

O DVD foi gravado ao vivo, durante apresentação no Burn On Stage, no Guarujá (SP), em janeiro desse ano, e é composto por 18 faixas. A produção musical é assinada por Walmir Borges, com supervisão de João Augusto. O novo trabalho do Melanina Carioca estará disponível, em formato físico e digital, a partir do dia 09 de junho e já está em pré-venda nas plataformas digitais.

Mais informações: www.deckdisc.com.br

Casa de Rui Barbosa | Agenda 15-31.05 2015

VI Seminário Internacional de Políticas Culturais
            

26 a 29.05
terça a sexta,
8h30 às 20h
        

O encontro de especialistas, estudiosos e interessados nas questões relativas à área de políticas culturais, objetiva divulgar trabalhos e promover debates no campo das ações políticas, das reflexões históricas, teóricas e das práticas. O evento será composto por seções de conferências, palestras e mesas de comunicações individuais. Para se inscrever como ouvinte e participar gratuitamente, basta enviar um email, com o assunto “inscrição ouvinte”, para politica.cultural@rb.gov.br, contendo o nome completo do participante, o email de contato e se há interesse em receber certificado. Auditório, sala de cursos e porão do Museu.
            
          

EXPOSIÇÃO

até 09.07
        

Exposição “A Abolição e seus registros na vida privada II”

Desde 2011 o Serviço de Arquivo Histórico e Institucional realiza exposições ligadas à temática da escravidão negra e sua abolição no Brasil. Em 2014 foi realizada a primeira edição da mostra “A Abolição e seus registros na vida privada”, com documentos que retratavam a perspectiva abolicionista. Uma vez que o material não se esgotou e a recepção do público foi boa, a exposição volta com sua segunda edição em 2015. Foram selecionados alguns arquivos do período de 1871 a 1896 que mostram os desdobramentos da lei de 13 de maio; documentos de Rui Barbosa e da Família Barbosa de Oliveira que registram os movimentos pelo fim da escravidão e seu impacto na sociedade brasileira depois de maio de 1888. Museu.
            
          

IDEIAS

18.05
segunda, 15h
        

Palestra e oficina com Carlos Almeida

O pesquisador português do Instituto de Investigação Científica Tropical e da Universidade de Lisboa ministrará palestra na Casa de Rui Barbosa. Sua pesquisa se concentra na história da África Central, na formação do discurso etnográfico e na imagem da África e dos africanos na cultura europeia. Sala de Cursos. Entrada franca.
            

20.05
quarta, 14h30
        

Memória & Informação

Palestra “O som que vem do arquivo”, ministrada por Mariano Marovatto, doutor em Literatura Brasileira/PUC-Rio. Sala de cursos. Entrada franca.
            

20 a 24.05
quarta a domingo,
14h30
        

Museu Casa de Rui Barbosa participa da 13ª Semana Nacional de Museus

Programação variada que inclui contação de história para o público infantil, mesa-redonda, visitas guiadas especiais ao Museu e oficina de horta doméstica. Museu, jardim, Biblioteca Infantojuvenil Maria Mazzetti e sala de cursos.
            

22.05
sexta, 15h
        

Cultura brasileira hoje: diálogos

A série se reinicia com a presença do poeta e crítico de arte Ronaldo Brito e do escultor José Resende. Além dos convidados, o evento contará com os debatedores Paulo Sérgio Duarte, Carlos Zílio, Ana Linnemann, Ana Luiza Nobre, Vera Beatriz Siqueira, Patrícia Lambert, Elena O’Neill, Vanda Klabin, Sueli de Lima e Felipe Süssekind. Sala de cursos. Entrada franca.
            

26.05
terça, 18h
        

História e Culturas Urbanas

Palestra “O Rio nas crônicas dos anos 1920”, proferida pela professora Jane Santucci (UFRJ/Belas Artes). Sala de cursos. Entrada franca.
            
          

MÚSICA

21.05
quinta, 12h30
        

Música no Museu

A Fundação Casa de Rui Barbosa receberá três concertos do X RioHarp Festival, com os músicos Andres Izmaylov (Rússia), Alex Martinez (Venezuela) e Alfredo Jorge - Gaston Menguez (Argentina). Auditório. Entrada franca.

            

Combate ao trabalho escravo: estudos mostram características do trabalho escravo contemporâneo no Brasil


Dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) divulgados essa semana - em que se completam 127 anos da assinatura da Lei Áurea, que formalmente acabou com a escravidão no país - mostram que, desde 1995, quando o país reformulou seu sistema de combate ao trabalho escravo contemporâneo, foram realizadas 1.785 operações de fiscalização para erradicação do trabalho escravo e mais de 49 mil pessoas foram resgatadas, aplicando multas que superam os R$ 92 milhões. Segundo os dados do MTE, o Estado que registrou maior número de trabalhadores resgatados de situações análogas à escravidão foi Minas Gerais, com 380 dos 1.674 trabalhadores resgatados no país em 2014.
A Campanha da Comissão Pastoral da Terra (CPT), chamada “De olho aberto para não virar escravo”, no entanto, chama a atenção que 1.674 pessoas foram libertadas de condição análoga à de escravo durante o ano de 2014, um valor inferior à média dos últimos 4 anos, o que pode ser reflexo de um número de fiscalizações (284) também abaixo da média observada desde 2003. Segundo os dados da CPT, 57% dos casos de trabalho escravo identificados no ano passado estão nas regiões Norte e Nordeste, sendo 48% na Amazônia Legal.

Já segundo pesquisa da Agência Repórter Brasil, em parceria com o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait), o trabalhador escravo contemporâneo é homem (em 95% dos casos), na faixa etária dos 18 aos 44. Mais de 50% têm baixa escolaridade e são, em geral, migrantes do Norte, Centro-Oeste e Nordeste. Ainda segundo esse estudo, passados 20 anos da adoção de medidas que intensificaram o combate ao trabalho escravo, houve uma migração do ambiente onde se pratica esse tipo de crime, das zonas rurais para as cidades, marcada entre os anos de 2013 e 2014.
Percebe-se assim a dimensão do problema do trabalho escravo no Brasil – que embora não tenha a mesma proporção da escravidão pré-1888, é uma questão muito grave - e a necessidade combatê-lo, com fortalecimento de medidas institucionais e apoio da sociedade. Por exemplo, alguns dos desafios para o combate ao trabalho escravo no Brasil são ampliar a estrutura de fiscalização e garantir a segurança dos profissionais da área; a publicação da “Lista Suja” (relação de empregadores flagrados com mão-de-obra escrava), suspensa em 2014 pelo Supremo Tribunal Federal (STF); bem como barrar propostas que excluem elementos definidores do conceito de trabalho análogo ao de escravo da legislação brasileira.

13a Semana de museus | Casa de Rui Barbosa 20-24.05





Exposição “Heróis de Brinquedo” reúne esculturas de personagens dos quadrinhos


A Fundação Cultural de Curitiba inaugura na próxima terça-feira (19), às 19h, no Solar do Barão, uma exposição de esculturas do artista plástico paranaense Thiago Provin, que desde 2008 atua no mercado europeu e norte-americano de brinquedos colecionáveis, “toy art” e “action figures”. Thiago deu forma a inúmeros bonecos de super-heróis e alguns desses trabalhos fazem parte da mostra organizada pela Gibiteca.
Nascido em Curitiba e formado em Escultura pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná, Thiago Provin desenvolveu projetos para empresas como Sideshow Collectibles, Image Comics e Marvel Comics. A exposição “Heróis de Brinquedo” contará com cerca de 20 trabalhos que ilustram a sua trajetória como escultor de personagens do cinema, videogames, histórias em quadrinhos e cultura pop em geral.

A exposição reúne esculturas originais, moldes e produtos finais. Muitas de suas criações estão em pontos de venda de empresas especializadas no mundo inteiro. Estarão em exposição, por exemplo, o boneco do personagem Volverine, que Thiago elaborou para a Marvel Comics e a escultura projetada para um dos personagens da série Senhor dos Anéis, da Sideshow Collectibles. Esta foi, aliás, a sua primeira peça feita para uma empresa estrangeira.

Mas o que lhe abriu as portas para o mercado internacional foi um busto do Batman, que ele apresentou durante um fórum de discussão de profissionais do ramo, na internet. O trabalho chamou a atenção e logo veio o convite para produzir para uma empresa norte-americana. Essa escultura também estará na exposição.
A intenção de Thiago, além de apresentar seus trabalhos, é mostrar o processo de criação desses personagens colecionáveis que fascinam o público infantil e adulto. “É uma exposição tanto para crianças como para aqueles que alimentam uma certa nostalgia da infância, porque também colecionaram esses brinquedos”, diz o artista.

Serviço:
Exposição “Heróis de Brinquedo”, de Thiago Provin
Local: Solar do Barão – R. Carlos Cavalcanti, 533 – Centro
Data e horário: Abertura dia 19 de maio, às 19h. De 20 de maio a 5 de julho de 2015, de terça a sexta-feira, das 9h às 12h e das 13h às 18h; sábados, domingos e feriados, das 12h às 18h
Entrada franca.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Mapa da Violência 2015: análise sobre as mortes por arma de fogo


Foi lançado nesta quinta-feira, 14, o “Mapa da Violência 2015 – Mortes Matadas por Armas de Fogo”, elaborado por Julio Jacobo Waiselfisz. O estudo mostra que o Brasil, com sua taxa de 21,9 mortes por arma de fogo por cada 100 mil habitantes, ocupa a 11ª posição entre 90 países analisados e, no que se refere aos homicídios por arma fogo, a 10ª posição.
De 1980 a 2012 morreram no Brasil um total de 880.386 pessoas vítimas de disparos de armas de fogo, sendo 497.570 deles jovens na faixa de 15 e 29 anos: os jovens, pouco menos de 27% da população do país, foram 56,5% das vítimas de disparo de armas de fogo. Também, se entre 1980 e 2012 a população teve um crescimento em torno de 61%, as mortes matadas por arma de fogo cresceram 387%, e entre os jovens esse percentual foi de 463,6%. E a gravidade da questão se torna ainda maior quando se sabe que, em sua maioria, são os jovens negros as vítimas dessa escalada, como mostra o estudo. Também, a proporção de vítimas do sexo masculino é extremamente elevada: 94% para a população total e 95% para a jovem.
Taxas de mortalidade (em 100mil habitantes) por armas de fogo. População total e jovem (15 a 29 anos), 1980/2012

Fonte: Mapa da Violência 2015 – Mortes Matadas por Armas de Fogo
Por um lado, entre 2002 e 2012, observa-se o forte crescimento da mortalidade na região Norte (puxada por Pará e Amazonas) de 135,7%. No Nordeste, o crescimento foi de 89,1%. A única região com quedas na década é o Sudeste (puxadas por quedas em São Paulo e no Rio de Janeiro, com aumento em Minas Gerais), cujos óbitos apresentam uma expressiva diminuição de 39,8%. Já o ordenamento das UFs segundo taxas de óbitos por armas de fogo para a população total e para jovens de 15 a 29 anos mostra Alagoas com os índices mais graves e Roraima com os menores índices no país.
O estudo mostra que o Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826/2003), além de reduzir parcialmente o arsenal clandestino e alertar a sociedade quanto aos riscos trazidos por essas armas, é o provável responsável pela queda nos homicídios no país a partir de 2004, quando o Estatuto entra em vigor (apesar de após os índices sofrerem recuperação): calcula-se que, sem as políticas de desarmamento no país, se se mantivesse a desenfreada tendência de crescimento dos homicídios por AF, de 2004 a 2012 cerca de 160mil homicídios a mais teriam ocorrido no país.
Os dados do estudo, portanto, apresentam importantes elementos para a discussão sobre maioridade penal e para o controle do acesso às armas de fogo no país.

Jair Naves lança novo disco no Teatro do Paiol



Um dos mais celebrados nomes da nova música brasileira volta a Curitiba para o show de lançamento do seu novo álbum. Jair Naves se apresenta no palco do Teatro do Paiol no sábado (16), às 20h, para tocar ao vivo o repertório do disco "Trovões a me atingir".
O novo trabalho trata de amor e tempestades pessoais, com letras marcantes e a voz potente que fez do músico um dos mais elogiados de sua geração. O ábum conta com participações especiais das cantoras Bárbara Eugenia e Camila Zamith (Sexy Fi), do trompetista Guizado e do também cantor e compositor Beto Mejia (Móveis Coloniais de Acaju), além de Raphael Evangelista (violoncelo) e Caio e Igor Bologna (percussão).
"Um dos maiores diferenciais desse disco para o anterior está no elenco de convidados. São talentosos artistas de quem tive a oportunidade de me aproximar nos últimos anos e que enriqueceram consideravelmente esse registro. Essas parcerias me possibilitaram alcançar nuances, texturas e interpretações até então inéditas nos meus trabalhos", explica Jair.
"Trovões a me atingir" sucede "E Você Se Sente Numa Cela Escura, Planejando a Sua Fuga, Cavando o Chão Com as Próprias Unhas", disco que Jair Naves lançou em 2012. O álbum recebeu o importante Prêmio APCA na categoria "revelação", além de ter sido um dos títulos mais mencionados em listas de melhores álbuns brasileiros daquele ano.
No palco do Paiol, Jair Naves estará acompanhado por Renato Ribeiro no violão e guitarra, Felipe Faraco no teclado e sintetizador, Rafael Findans no baixo e Thiago Babalu na bateria. Todos eles assinam a produção do novo disco.
Trajetória - Ex-líder do Ludovic, cultuado nome da cena alternativa nacional, Jair soma mais de uma década de estrada, que teve início no grupo punk Okotô, quando ele tinha 17 anos. O debute solo veio em 2010: o elogiado EP "Araguari" é inspirado no trágico caso dos irmãos Naves, um dos maiores erros judiciais da história do Brasil.
Serviço:
Jair Naves – show de lançamento do álbum "Trovões a me atingir"
Dia 16 de maio, sábado, 20h
Teatro do Paiol – Praça Guido Viaro, s/n – Prado Velho
R$ 30 e R$ 15 (meia-entrada) Somente dinheiro
Informações: (41) 3213-1340
Pontos de venda: bilheteria do Paiol (terça a sexta, das 13h30 às 19h; sábado e domingo, das 15h até o horário do evento) e Restaurante Mezanino das Artes (Alameda Dr. Carlos de Carvalho, 805, segunda a sábado, das 11h30 às 23h)

Projeto Expressões Curitibanas ocupa palco das Ruínas aos domingos



O palco das Ruínas de São Francisco passa a receber, todos os domingos, uma programação artística variada, com música, dança, circo, stand up, teatro e atrações folclóricas. O projeto “Expressões Curitibanas” começa no próximo domingo (17), às 10h, com show dos grupos Samba de Saia e Viola Quebrada.
A proposta é valorizar as manifestações artísticas da cidade, ocupando um dos seus espaços históricos e animando uma das suas atividades mais tradicionais – a Feira de Artesanato. O projeto é uma realização da Mind Estratégias e será promovido por 16 domingos consecutivos, com o apoio do Ministério da Cultura, por meio da lei federal de incentivo à cultura. Conta também com o apoio da Copel, da Fundação Cultural de Curitiba e das empresas Uega e Solvay.
Os grupos Samba de Saia e Viola Quebrada são duas autênticas expressões da música curitibana. O Samba de Saia mostra o universo feminino da música popular brasileira, desde a composição até a interpretação. O grupo formado só por mulheres homenageia importantes mulheres compositoras e sambistas. O Viola Quebrada tem quase 20 anos de carreira e desenvolve um repertório voltado à música caipira brasileira. Seus integrantes têm formações musicais diferentes, mas estão sintonizados justamente por causa do gosto que cultivam pela verdadeira música nativa.
Serviço:
Projeto “Expressões Curitibanas” – Shows dos grupos Samba de Saia e Viola Quebrada
Local: Ruínas de São Francisco – Setor Histórico
Data e horário: 17 de maio de 2015 (domingo), às 10h
Entrada franca
Para mais informações: www.facebook.com/expressoescuritibanas

ABERTURA XVII SALÃO GRACIOSA DE ARTES PLÁSTICAS



Nesta segunda, dia 18, acontece a abertura da 17ª. edição do Salão Graciosa de Artes Visuais 2015 com a participação de 52 artistas visuais selecionados.

Considerado um dos mais relevantes eventos de Arte do Paraná, o Salão Graciosa apresenta a sua 17ª. edição. A abertura acontece nesta segunda, no Dia Nacional dos Museus, dia 18, às 20h, na Sede Social do Graciosa Country Club. Inscreveram-se 113 artistas, destes formam selecionados 52 e 116 obras em diversos formatos e linguagens artísticas, entre elas, pintura, fotografia, escultura, gravura.
A curadoria tem assinatura de Suzana Lobo e a seleção das obras foi realizada por uma comissão julgadora formada João Henrique do Amaral, Alfi Vivern e Fernando Velloso."A qualidade surpreendeu e fez com que a seleção exigisse muito dos julgadores", revela Suzana.
A artista plástica, Katia Velo, participa pela segunda vez do Salão Graciosa. “Sinto orgulho em participar novamente neste evento, pois sei da relevância e profissionalismo, tanto que as minhas obras selecionadas em uma das edições foram premiadas no 18º. Salão do MAC em Cascavel”, declara a artista.

Serviço:
Salão Graciosa de Artes Plásticas
Abertura para convidados: Segunda (18/5), às 20 horas.
Exposição: de 19 a 21 de maio das 14h às 21h.
Local: Sede Social do Graciosa Country Club
Endereço: Av. Munhoz da Rocha, 1.146 – Cabral, Curitiba, PR.


SELECIONADOS - SÓCIOS
Alex F. Prestes,  Flavio Prestes Filho, Henrique Borges, Isabela Cavallin Demeterco - Prêmio Diretoria Cultural, Priscila Prestes Zeni, Ricardo Cunha Marques - Presidente João Carlos Ribeiro
Silvana Correa De Almeida Coelho

SELECIONADOS – NÃO SÓCIO
Ana Marlize Serafin, André Barroso da Veiga, Andrea de Freitas Rocha Loures Bastos, Aparecida Arruda Sanchez, Ari Vicentini Silveira - Prêmio Graciosa Country Club, Barbera Van Den Tempel, Carla Schwab Bertineti, Cassia Caroline Acosta, Cecifrance Reis de Aquino, Cyntia Werner, Daniel Gustavo Escudero - Prêmio Tulio Vargas, David Engelman, Edilson de Carvalho Viriato, Eloir Amaro Junior, Georgiana Nardi Vidal Maceno, Gilberto Marques, Graciela Sara Marciana Scandurra,  Igor Rodacki, Isabelle Soares Neri Vicentini, Jéssica De Souza Luz, João Paulo Gomes de Carvalho, Jorge Luiz Kimieck, Karla Cavalheiro, Karol Klassen, Katia Dutra Kimieck, Katia Godoi Velo, Kézia Cristina Talisin dos Santos, Leandro de Souza, Lucas Alves de Oliveira, Lucas Alameda,  Luiz Lavalle Filho, Luiza Uady, Luzia De Alencar De Carvalho Viriato, Maria Ester Vianna Alessio,  Maria Regina Azolin De Lima, Marilsa Urban, Marinice Skalski Costa, Marisa Vidigal Carneiro Ribeiro,  Miguel Augusto Basil Silva, Nelson Edi Hohmann (Neeho), Odil Miranda Ribeiro, Romana Rosecká Zequinão, Sander Vital Riquetti, Silvana Maria Camilotti, Telma Marisa Richter e Teresa Cristina Daher Vianna.


quinta-feira, 14 de maio de 2015

Ensaios de Myrtha Ratis - ROMANCE HISTÓRICO QUANDO A VERDADE SE CONFUNDE COM A FICÇÃO



“Foi numa noite de gala, aniversário do príncipe regente, que D. Pedro viu no palco, pela primeira vez, a bailarina entontecedora. Era uma francesinha de matar.”

Paulo Setúbal  in As Maluquices do Imperador



ROMANCE HISTÓRICO

QUANDO A VERDADE SE CONFUNDE COM A FICÇÃO






Costumamos pensar que o romance histórico é uma típica narrativa dos que se socorrem dos fatos para dar asas a seus floreios ficcionais. Talvez pudesse ser verdade, não fosse o empenho de grandes autores em procurar aproximar as informações históricas, muitas vezes maçantes, bordadas de datas e acrescida de pinduricalhos, como notas de rodapé do grande público. Não fosse assim, poucos teriam a oportunidade de entender melhor a história de seus países. O romance histórico também é um fenômeno pop, uma vez que é a base para muitas das adaptações de sucesso para o cinema e a televisão. Muitos ousam demais e “romanceiam”, glamourizando personagens muito mais desinteressantes. De uma forma ou outra, realmente fica difícil para qualquer um de nós saber o diálogo ocorrido, nessa ou naquela alcova, ou ainda o último suspiro de um bravo herói (isso se ele realmente foi um herói).

Mas o romance histórico para nossos teóricos, tem origens muito claras e certificação de legitimidade nos compêndios de teoria literária. No Brasil, podemos dizer que o romance urbano é a prosa romântica que inaugura a publicação do romance de ficção. Sua característica principal é levar ao leitor os costumes sócio-culturais da sociedade. Por condição cultural para nós ele retrata, em especial, a sociedade carioca da primeira metade do século XIX. No seu ‘verbete’ de prosa o romance indianista se faz presente, juntamente com o romance regionalista ou rural. Porém nosso alvo é o romance histórico em si mesmo, que seguiu da mesma forma a linha de valorização nacional. “O romance histórico relata episódios históricos ocorridos no Brasil desde o inicio da sua valorização.” E quais seriam os seus maiores exemplos? Aqueles que cairiam em qualquer vestibular – os de José de Alencar : "A guerra dos Mascates"; "Minas de Prata" e o "O garatuja".

Se pensarmos que o romance histórico é a prosa narrativa ficcional cuja ação decorre no passado, essa literatura cuja ação decorre no passado histórico, ao nosso ver, sempre foi abundante. Porém cabe a muitos teóricos a sacralização de Walter Scott como o iniciador da tradição moderna que situa esse tipo de romance, que pode ser de amor, em um passado que tem como base fatos reconhecidos. Nossos patrícios portugueses acreditam que “o uso que este autor fez dos pormenores históricos e as subseqüentes imitações que escritores europeus desenvolveram da sua técnica, levaram a que o gênero prosperasse.”

Os romances passam da ação ao envolvimento romântico sem deixar de ter as inserções históricas que registram fatos, datas e locais. E assim, dessa forma, temos o gênero utilizado por Alessandro Manzoni, Victor Hugo, Charles Dickens, James Fenimore Cooper e, em Portugal - Alexandre Herculano, nosso mais destacado autor seguido por Almeida Garrett. Já no século XX, ainda em Portugal, temos outros destacados autores que se dedicam ao romance histórico e é importante citar, Carlos Malheiro Dias, Fernando Campos, Seomara da Veiga Ferreira, João Aguiar, Mário de Carvalho, e mais recentemente, alguns romances de José Saramago,  com o mesmo tratamento.

ENTENDENDO O PROCESSO


Segundo Heloísa Costa Milton, o romance histórico é leitor singular dos signos da história. A história, como discurso, pré-existe ao romance histórico e os signos da história são retomados pelo romance histórico para multiplicar seus significados. Ele “recupera os signos da história do universo da afirmação científica para o espaço da existência humana, onde foram motivados e onde são recarregados da ambigüidade original.” Vera Follain de Figueiredo (Doutora em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Professora Adjunta da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ, Professora de Literatura Brasileira da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro) escreveu um estudo interessante, onde faz uma reflexão sobre o romance histórico contemporâneo no Brasil e na América Hispânica, partindo das origens no século XIX europeu, para traçar a trajetória do subgênero na América Latina. Para ela, o romance histórico surge no século passado, numa atmosfera em que uma série de transformações sociais, políticas e econômicas ocorridas na Europa, fazem com que o homem comum, as massas populares se sintam num processo ininterrupto de mudanças com conseqüências diretas sobre a vida de cada indivíduo. “Na América Latina, o século XIX também foi marcado pelo surgimento de uma literatura de fundação, de narrativas que buscavam inventar uma tradição (...) A visão de história que importávamos do Ocidente europeu criava impasses para a compreensão da realidade das nações recém-independentes.
A ilusão de uma tradição contínua entrava em choque com as experiências vividas num passado relativamente recente”. Dessa forma ela inclui de José de Alencar (sempre ele) as obras Iracema e O Guarani que, segundo a autora, refletem esse impasse. De um modo geral, “seguindo os procedimentos de toda literatura de fundação da nacionalidade, inclusive a européia, a narrativa romântica latino-americana, procurando elipsar os traumas da conquista ibérica e criar imagens que nos aproximassem do modelo de civilização européia, teve de trabalhar mais com o esquecimento do que com a memória para transcender a diversidade que nos constitui, visando nos emprestar uma face homogênea”.

Mario Miguel González (Professor Titular de Literatura Espanhola da Universidade de São Paulo; Graduado em Letras na Universidad Católica de Córdoba) nos escreve em seu ensaio O romance que lê as leituras da história, que as relações entre a literatura e a história foram sempre “ muito importantes e, ao mesmo tempo, bastante pacíficas”. Acredita que as oposições conflitivas entre ambos os fenômenos decorrem, antes de mais nada, de “polarizações nascidas, talvez, de perspectivas decorrentes de vícios profissionais”. Se bem escreve quem bem descreve, a atitude do leitor perante ambos os textos - historiográfico e literário - será diferente. Continua Miguel Gonzáles “o leitor do texto historiográfico estará à procura do sentido único pretendido pelo historiador, ou seja, daquilo que, para este, é a verdade dos fatos. Já o leitor do texto literário terá um papel muito mais complexo, pois deverá construir "seu" texto, escolhendo um (ou alguns) dentre os múltiplos sentidos que o texto literário pode apresentar.” Em seu saber explica que a ficção narrativa em prosa  levou muito tempo até atingir o status de gênero literário, como salienta Antonio Candido no seu ensaio "Timidez do romance" (CANDIDO, 1989, p.82-99). Isso acontece “pelo fato de não ter tido o romance um precedente consagrado entre os gêneros clássicos, como a poesia lírica, a poesia épica, a tragédia ou a comédia”. O precedente do romance está principalmente, na falsificação da história. Geoffrey de Monmouth, em sua Historia Regum Britanniae, da primeira metade do século XI, “é dos primeiros a realizar essa falsificação quando, utilizando um nome do passado bretão, Artur, faz deste uma personagem, a figura protagônica de uma história falsa que, ancorada na mitologia, substitui a épica e se espalha pela Europa. A chamada "matéria de Bretanha" permite que cada escritor vá acrescentando sua invenção, até que acaba sendo construído, séculos depois, o universo fantástico das novelas de cavalaria ibéricas.”

Mário Maestri, Doutor em história pela Université Catholique de Louvain, Bélgica, e professor do Programa de Pós-Graduação em História da UPF em seu ensaio História e romance histórico: fronteiras, levanta uma interessante questão - de que através de recursos artísticos, “e eventualmente, sem penetrar a essência do passado, a ficção de cunho histórico sugeriria, errônea e perigosamente, a possibilidade da literatura substituir a história. A má vontade da historiografia com o romance histórico deve-se também a compreensível despeito. A narrativa ficcional possui abrangência de público e sobrevida temporal dificilmente alcançada pela historiografia, contribuindo, devido às características assinaladas, mais do que a última para a formação das representações de uma comunidade sobre o passado.” Cita então os dois volumes do romance histórico O continente, de Érico Veríssimo, sobre as origens do Rio Grande do Sul, que venderam, de 1949 a 1972, aproximadamente 100 mil exemplares, tiragem jamais sequer aproximada por trabalhos historiográficos sobre o tema. O jornalista Luiz Carlos Merten em artigo sobre Veríssimo (Os 50 anos do maior romance histórico já escrito no Brasil ) nos apresenta as opiniões de Flávio Loureiro Chaves que relembrava , “se o primeiro volume de O Tempo e o Vento apareceu em 1949, Érico desde os anos 30 acalentava o projeto grandioso de contar uma saga do Rio Grande. Mas ele não tem certeza de que a trilogia nasceu metalingüística, um livro sobre um livro que está sendo escrito, verdadeiro jogo de espelhos, ou se adquiriu esse formato durante o processo. Seja como for, a primeira frase de O Continente é também a última de O Arquipélago, o volume final da trilogia, quando Floriano Cambará, o alter ego de Érico, senta-se e escreve: "Era uma noite fria de lua cheia. As estrelas cintilavam sobre a cidade de Santa Fé, que de tão quieta e deserta parecia um cemitério abandonado." Érico Veríssimo fundou um padrão para o romance histórico contemporâneo e não apenas brasileiro. São 2 mil páginas que resgatam o passado do Rio Grande do Sul e o fazem refluir à memória, abrangendo mais de 200 anos numa extensa reflexão sobre a identidade brasileira.

"Embora esteja ancorado na História e faça a crônica de seus episódios, o romance não pode ser discurso histórico, sob pena de deixar de ser literatura", diz Chaves. E precisamente porque não bastam os manuais escolares e os compêndios de exaltação cívica, os autores recorrem ao universo imaginário da ficção. A de Érico estrutura-se, do começo ao fim, na dependência dos arquétipos de tipos essenciais e opostos entre si, representando o masculino e o feminino, conclui Merten.

UM POUCO MAIS DE BRASILIDADE

O reinventor do personagem Dom Pedro I foi, sem dúvida, Paulo Setúbal. P. S. de Oliveira, advogado, jornalista, ensaísta, poeta e romancista, nasceu em Tatuí, SP, em 1o de janeiro de 1893, e faleceu em São Paulo, SP, a 4 de maio de 1937. Órfão de pai aos quatro anos, sua mãe cuidou sozinha de nove filhos pequenos. Sendo assim, colocou-o como interno no colégio do seu Chico Pereira e começou a trabalhar para viver e sustentar os filhos. Transferindo-se com a família para São Paulo, o adolescente Paulo entrou para o Ginásio Nossa Senhora do Carmo, dos irmãos maristas, onde estudou durante seis anos. E foi lá que começou o interesse pela literatura e pela filosofia. Fez o curso de Direito em São Paulo. Ainda freqüentava o segundo ano quando decidiu fazer-se jornalista. Em 1918 inicia a sua principal fase de sua produção literária, que o levaria a ser o escritor mais lido do país destacando-se, especialmente, pelo gênero do romance histórico, com A Marquesa de Santos (1925) e O Príncipe de Nassau (1926). “Sabia como romancear os fatos do passado, tornando-os vivos e agradáveis à leitura. Os sucessivos livros que escreveu sobre o ciclo das bandeiras, a começar com O ouro de Cuiabá (1933) até O sonho das esmeraldas (1935), tinham o sentido social de levantar o orgulho do povo bandeirante na fase pós-Revolução constitucionalista (1932) em São Paulo, trazendo o passado em socorro do presente.” De suas obras destacamos As maluquices do Imperador, contos-históricos (1927); Nos bastidores da história, contos (1928); O ouro de Cuiabá, história (1933); Os irmãos Leme, romance (1933); El-dorado, história (1934); O romance da prata, história (1935). Assim como ele, Raul Pompéia nos legou o delicioso Jóias da Coroa.

Outro que investiu muito em propagar essa nova brasilidade é Francisco Marins, especialmente dedicando seu trabalho ao público juvenil. Nascido em Pratânia (SP), a 23 de novembro de 1922 é descendente de tropeiros e plantadores de café. Formou-se em 1946, pela Faculdade de Direito de São Paulo e, durante o curso jurídico, foi diretor da Revista Arcádia e Presidente da Academia de Letras da mesma. Foram seus contemporâneos na Faculdade, Israel Dias Novaes, Lygia Fagundes Telles, Leonardo Arroyo, Péricles Eugênio da Silva Ramos, Rubens Teixeira Scavone, Célio Debes, Paulo Bomfim, José Altino Machado. Sua importância no romance histórico brasileiro começa como editor da Melhoramentos, responsável por numerosas coleções e obras fundamentais da cultura brasileira: "Memória Histórica Brasileira", "Ficção Nacional", "Clássicos Imortais" e, ainda, "Verdes Anos", "Obras Célebres", "Colorama", esses últimos no campo da literatura infanto-juvenil. Marins também se debruçou, com dedicação, sobre Os Sertões, obra de Euclides da Cunha e publicou dois títulos que contam a saga e tragédia de Antônio Conselheiro e seus milhares de seguidores - A Aldeia Sagrada e A Guerra de Canudos, ambos pela Ática. Segundo ele, dentro de nosso idéia de romance histórico o trabalho nasceu do seu primeiro contato com Os Sertões  “uma obra volumosa, de texto compacto e tema com poucos atrativos para os adolescentes. No meu caso, ao ter em mãos aos 14 anos o "livrão", deparei-me com os temas intrigantes: "A Terra, o Homem, a Luta". E, de início, esbarrei com a linguagem, com o vocabulário difícil. Saltei para o capítulo final e empolguei-me com a "Luta", páginas de grande emoção e beleza e profundo conteúdo dramático. Assim, se posso aconselhar aos principiantes, iniciem a leitura pela terceira parte, depois retornem ao "Homem" e à "Terra". O tema e a epopéia sertaneja constituem pontos de reflexão e atração permanentes. Sobre eles existe a maior bibliografia jamais escrita no Brasil. Recentemente, o escritor Adelino Brandão reuniu, em volume de 756 páginas, cerca de 10 mil verbetes sobre o tema. Senti que o assunto deveria ser levado aos jovens e escrevi A Aldeia Sagrada para contar o drama canudense não pela ótica dos soldados que atacaram o arraial, mas conduzindo a narrativa de dentro para fora, isto é, os defensores tentando resistir aos atacantes. E, sem que eu previsse, A Aldeia Sagrada e também o outro livro que escrevi, A Guerra de Canudos, tornaram-se leituras introdutórias para os estudantes e jovens leitores, a despertar-lhes o interesse pelo grande livro”, completa ele. Sobre o mesmo tema Mario Vargas Llosa nos deu A Guerra do Fim do Mundo (editora Francisco Alves); Moacir Scliar , O Sertão Vai Virar Mar (editora  Ática), e O rei dos Jagunços, a crônica histórica sobre os acontecimentos de Canudos em uma edição documentada e comentada por Manoel Benício em edição conjunta do Jornal do Commercio e Fundação Getúlio Vargas.

AS MULHERES DÃO SEU RECADO

O romance histórico não é uma seara tão somente masculina, e por isso mesmo, no Brasil, nossas escritoras transformaram seus títulos em grandes sucessos de vendagem e também de mídia eletrônica.  A exemplo de sucessos como o fenômeno de vendagem “au reverse” como o do livro norte-americano E o vento levou... de Margareth Mitchell, o Brasil criou novos sucessos de vendagem como o de A casa das sete mulheres de autoria de Letícia Wierzchowski (Editora Record). A jovem escritora portoalegrense de 29 anos, começou a escrever aos 25 quando abandonou a Faculdade de Arquitetura. Se o romance de Mitchell tinha como pano de fundo uma guerra onde no livro se destacam as personagens femininas, no livro de Letícia o cenário foi a Guerra dos Farrapos, a mais longa guerra civil do continente. A história é recontada pela ótica da solidão e da força feminina.

Outro sucesso de mídia eletrônica que revive um sucesso editorial foi A Muralha, de Dinah Silveira de Queiroz. Além de novela de tevê nos idos anos 60, o livro percebe um boom de vendagem com o seu lançamento como mini-série televisiva e posteriormente, no formato de DVD.  A muralha narra a bravura, a violência, as paixões e intrigas dos primeiros desbravadores do Brasil. Os costumes coloniais são desnudados e os personagens fortes são homens, mas também as mulheres como Isabel, Mãe Cândida e Margarida. Na visão de José Lins do Rego, no livro de Dinah “ as figuras humanas crescem de vulto e assumem a importância de absorventes estados de alma. Aí o livro vence e se expande como força de criação autêntica”. Por outro lado a rudeza dos paulistas foi poucas vezes tão bem retratada, mostrando o outro lado da figura mítica dos bandeirantes.

Outra autora que focalizou o mundo e o submundo do Rio de Janeiro e Minas Gerais, o inicio do ciclo do ouro e a guerra dos Emboabas,  foi Ana Miranda. A escritora cearense que já nos tinha brindado com Boca do Inferno (Cia das Letras), nos entregou  o inquietante O  Retrato do Rei (Cia das Letras) e recentemente Desmundo  (Cia das Letras), um romance que se inicia em 1555 com a chegada ao Brasil de uma leva de órfãs mandadas pela Rainha de Portugal para se casarem com  os cristãos que aqui habitavam.

Outra saga muito bem retratada com os inquietantes referenciais históricos é o da vinda ao Brasil de Bento Teixeira, que saído dos cárceres da inquisição em Lisboa, aporta no Brasil como cristão novo e se casa com a cristã-velha Filipa Rosa. Essa história do século XVI é contada em Os Rios Turvos (Editora Rocco), de autoria de nossa companheira de Suplemento Cultural, a pernambucana Luzilá Gonçalves Ferreira, professora da Universidade Federal de Pernambuco.


Não fosse o golpe do Chile, o terror e o exílio, eu talvez ainda estivesse escrevendo frivolidades em jornais de moda” escreveu Isabel Allende. A escritora latino-americana mais lida do mundo, é com sua história de vida repleta de grandes acontecimentos, que acabaram por gerar conteúdos históricos em seus romances - o golpe militar chileno em 1973 e a morte da filha, Paula, em 1992. "Eu não confio mais no amanhã. Na minha cabeça, tudo pode estar perdido em um minuto", declara. Os mortos e os espíritos são um tema importante nos seus romances, como A Casa dos Espíritos e De Amor e de Sombras  (Bertrand Brasil) este último o grande exemplo de romance de história contemporânea .

CONTANDO E SENDO PROTAGONISTA

Muitas vezes não temos o devido distanciamento do fato romanceado. Sem dúvida os três volumes de Subterrâneos da Liberdade de Jorge Amado é uma obra emocionada, mas com certeza foram fruto de vivências e tradição oral muito próximas. Um quase romance reportagem. Talvez pudéssemos falar o mesmo de Agosto, de Ruben Fonseca. Esse exemplo brasileiro e bastante contemporâneo acaba por refletir outros exemplos históricos.
Consta que Emile Zola para escrever Le ventre de Paris e Nana, percorreu os bairros da capital francesa, entrevistando peixeiros, comerciantes, prostitutas, gigolôs e marafonas, no que podemos considerar uma verdadeira investigação sociológica. Porém preferimos considerar como romance histórico o seu Germinal.

Para Charles Dickens (nascido em Landport, Portsmouth, 1812) o trabalho de repórter lhe dava condição de circular em meio à aristocracia londrina. É a partir desse contato que Dickens passou a publicar, crônicas humorísticas sob o pseudônimo de Boz. Depois, em forma de folhetim, publicou os capítulos de seu romance "As Aventuras do Sr. Pickwick". Como Zola, Dickens denuncia freqüentemente o poder político e os ricos vaidosos e especuladores. Nele o pensamento idealista e o romance sentimental unem-se para comover a sensibilidade do leitor e despertar a sua consciência moral. Torna-se um mestre das narrativas protagonizadas por crianças como em David Copperfield, Tempos Difíceis ou Oliver Twist e garante sua condição de cronista de toda uma época. Mas em "História de Duas Cidades" (1859) e "Grandes Esperanças" (1861) que identificamos a sua melhor compreensão da história. Nos últimos anos de sua vida iniciou o livro "O Mistério de Erwin Drood", cujo desfecho permaneceria desconhecido: Dickens morreu em 9 de julho de 1870, antes de concluí-lo.

Como Mário Maestri  escreve socorrendo-se de Luckács “Quando atinge nível artístico, o romance histórico é percebido como animação do passado. Heine afirmava que os romances de Walter Scott reproduzem muitas vezes o espírito da história inglesa mais fielmente do que Hume.” E o que poderíamos contestar, a tal distância , de um romance como  Ivanhoé de Sir Walter Scott (relançado pela editora Madras). Uma saga do cavaleiro negro, dos templários e as lembranças das Cruzadas embaladas pelas crônicas arturianas nós dá todo o direito, por exemplo, de aceitar como romance histórico a saga de quatro volumes de As brumas de Avalon, de Marion Zimmer Bradley, porém o lícito seria indica-la por sua obra O Incêndio de Tróia (editora Imago). Se cometeu uma visão feminista da história, por outro lado, com imaginação, nos deu explicações factíveis para várias lacunas.

Eleanor Alice Burford Hibbert nasceu em 1906  e anos mais tarde, transformou-se em uma das mais prolíficas escritoras de romances históricos e a quem conhecemos como Jean Plaidy. Sua saga de 14 volumes sobre Os Plantagenetas pode ser considerada definitiva. Chegando até a época dos Tudors, a autora decidiu enveredar em outras fronteiras, e com afinco britânico, entrou pela Revolução Francesa. Já saíram no Brasil  Luíz, o Bem Amado e A Estrada para Compiègne (editora Record), os dois primeiros volumes desta série de cinco títulos, que pretende de forma romanceada dirimir qualquer dúvida sobre aqueles conturbados anos.

O certo é que todos os bons escritores podem se enveredar pela seara do romance histórico. Um exemplo é Manuel Vázquez Montalbán, o pai de um dos mais populares detetives espanhóis da ficção e que nos deu o genial Ou César ou nada (Ediouro), uma “novela” decididamente histórica. Uma tarefa sem dúvida muito mais difícil e complexa que seus mistérios por se tratar da narração das intrigas de uma Roma renascentista, dominada pela família valenciana dos Borgia. Os personagens que protagonizam a historia são complexos heróis que já conhecíamos através da historia, a literatura e a arte.

Já a tarefa de Christian Jacq,  que nasceu em Paris, em 1947 nos parece mais simples. Egiptólogo renomado, doutor em Estudos Egípcios pela Sorbonne, em 1995, lançou a Série Ramsés em cinco volumes, que o consagrou definitivamente na carreira literária. Esta série já vendeu mais de 12 milhões de exemplares em 29 países de todo o mundo. No Brasil, destacamos A Rainha Sol (Bertrand Brasil), que conta o período em que na cidade do Sol chega ao fim junto com o reinado de Akhenaton e Nefertiti. O Egito, berço das civilizações, surge repentinamente à beira do drama e do desmembramento. Guerra civil, lutas pela sucessão ao trono, e Akhesa, a terceira filha do casal real sonha com o poder como uma verdadeira herdeira de Nefertiti.

Outro interessante lançamento é Sócrates e Xantipa  de Gerald Messadié, autor da série Moisés. Desta vez ele escolheu a Atenas dos séculos V e IV a.C., como lugar da ação de Sócrates e Xantipa: Um Crime em Atenas (Bertrand Brasil) onde Xantipa, a esposa de Sócrates, conhecida por sua personalidade forte e por ter sido uma das megeras da História, encarna o papel do detetive à procura do assassino. O escritor retrata a era de ouro da democracia e das artes atenienses, marcada, porém, por escândalos e espionagem.

Mika Waltari é um finlandês que se notabilizou por seus romances históricos. O Egipcio é, sem dúvida, seu maior sucesso, e conta a história do reinado do faraó Akhenaton se desenvolvendo no período de 1390 - 1335 AC. Porém, seu romance melhor construído é O Segredo do Reino que narra com acuidade histórica o período do nascimento e morte de Jesus Cristo.

Outra leitura interessante é Shogun, de James Clavell. Nascido em Sidney em 1924, Austrália Clavell se notabilizou por seus romances que envolvem a história do oriente, em especial o Japão. Em Shogun temos um retrato do Japão feudal e o processo da construção do estado-nação com as diferenças comportamentais no século XVII entre japoneses e europeus. 

Complementando nossas indicações sobre os romances históricos precisamos não esquecer de escritores dedicados como Nagib Mahfuz, que nasceu no Cairo em 1911. Formado em Filosofia, trabalhou como funcionário público até se aposentar, aos 60 anos. Laureado com o Prêmio Nobel de Literatura em 1988, foi jurado de morte por extremistas islâmicos, no ano seguinte. Em 1994 sofreu um atentado no Cairo, onde vive.  Suas obras Noites de mil e uma noites; Entre dois palácios e O jardim do passado foram publicadas no Brasil. Agora chega a vez de “A Batalha de Tebas” (Record) que é o seu segundo romance de um projeto de 30 novelas, que começou com O jogo do destino, considerado um dos seus mais impressionantes trabalhos. A intenção de Mahfuz era cobrir toda a história egípcia, desde os tempos faraônicos até a invasão inglesa, no século XIX. Entretanto, no decorrer da terceira novela - Kifah Tibah, de 1944 - Mahfuz voltou o foco de seu interesse para o presente e se dedicou a escrever romances com temas sociais, ao mesmo tempo em que redigia vários roteiros para a indústria cinematográfica de seu país.
O romance relata as circunstâncias da morte de Sekenen-ra, o governador de Tebas, a capital da parte sul do país, hoje conhecida como Luxor. Dez anos depois, enquanto seu filho, Kamus, se esconde em Nabata, o neto Ahmus, disfarçado de mercador, retorna a Tebas para preparar a grande batalha de libertação.

        Um estudo do trabalho de Nagib Mahfuz mostra que sua ficção passou por três fases distintas. A primeira, entre 1939 e 1944, compreende três romances sobre o Antigo Egito, entre esses, A BATALHA DE TEBAS, escritos sob a influência das novelas históricas de Sir Walter Scott. Os livros traçam um paralelo entre a ocupação inglesa do Egito - fato vivenciado pelo próprio Nagib - e a luta dos antigos faraós contra outros povos do deserto e margens do Nilo.

        A segunda fase coincide com o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, com a publicação de O novo Cairo (Al-Qahira Al-Jadihah). É nesse período que Mahfuz escreve sua famosa trilogia (1956 e 1957), trabalho que despertou o interesse da crítica para sua escrita. Nele, o autor narra as aventuras e desventuras de várias gerações de uma família de comerciantes. Seus sucessos, fracassos, amores e dissabores, uma parte importante da história social do Egito. Após seu lançamento, no entanto, Mahfuz ficou exatos sete anos sem escrever. 

O hiato na carreira de Mahfuz só termina quando publica, dividido em capítulos num jornal diário, Os meninos do nosso bairro (Awlád Háratina). A importância de Mahfuz para o gênero romance pode ser medida pela maneira como a Academia Sueca o saudou, ao lhe entregar o Nobel de Literatura: “Com um trabalho rico em nuanças, ora claramente realista, ora evocativamente ambíguo, ele fundou uma arte narrativa árabe que vale para toda a humanidade”.

Devemos citar ainda o lançamento de “Notícias do Império” de Fernando Del Paso  (Record) . Imaginem um romance que conta a história de Carlota Amélia, mulher de Maximiliano José, arquiduque da Áustria, príncipe da Hungria e Boêmia, conde de Habsburgo, príncipe de Lorena, imperador do México e... “rei do mundo!”.Uma história de amor e a louca história fracassada de criar um império mexicano. O autor, é jornalista e redator publicitário e foi adido-cultural e depois cônsul-geral do México em Paris promove um delírio histórico em mais de 600 páginas.

Devemos também falar de pratas da casa como “Uma história de Poder”, de Rivaldo Paiva, uma enfeixada de fatos marcantes da história recente de Pernambuco é mais que uma biografia onde Marco Maciel é apresentado ao leitor, em uma narrativa que apresenta personagens e fatos desconhecidos do grande público. Não se romanceia, mas também não se recai nos enfadonhos textos datados, e por isso mesmo é outra faceta nesse estilo de registro histórico.

E por fim e não o último, um pouco de suspense, aventura, religião e até esoterismo. O livro é “O Tesouro do Templo”, de Eliette Abécassis (Ediouro), autora nascida em Estrasburgo de família judia vinda do Marrocos. Se você acha pouco, no livro além dos Essênios, dos Templários e da seita dos Assassinos, a aula de história chega até os dias de hoje (ano 2000) e inclui o serviço secreto israelense.

Como nem sempre tudo é tão obviamente histórico. Crônica de indomáveis delírios (Rocco) do historiador e romancista Joel Rufino nos conta que “durante a Revolução Pernambucana de 1817, a facção “francesa” acalentou um sonho: trazer Napoleão – a Águia -, então prisioneiro dos ingleses, para comandar seu exército. Esse movimento era um típico caso de ‘idéias fora de lugar’”. Pois bem, Napoleão veio e radicaliza as contradições. “Para ele só a Abolição e a incorporação dos quilombos tornariam invencível a empreitada democrática...” E por fim, como um dos personagens do livro diria – “Sabe Roldão, em que consiste a Suprema Alegria? Estar vivo para ler Diderot”.

Conceição Ratis
Jornalista