terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

A CASA DO MORRO BRANCO - lançamento da José Olympio



A CASA DO MORRO BRANCO

de Rachel de Queiroz
Crônicas
Páginas : 144

Rachel de Queiroz se consagrou como um dos grandes nomes na narrativa longa brasileira a partir da publicação do romance O Quinze, em 1930. A antologia de textos curtos A casa do Morro Branco, no entanto, vem provar que a autora também dominava perfeitamente a arte dos contos e crônicas. São 14 histórias na qual a autora expõe todas as características que marcaram obras renomadas como João Miguel, Caminho de pedras, As três Marias e Memorial de Maria Moura: análises literárias da existência humana, em seus aspectos políticos e pessoais. É um relançamento que dá continuidade ao resgate pela Editora José Olympio da obra de Rachel e de outros autores.
Lançamento da José Olympio.

O LEGADO DE ARN



O LEGADO DE ARN
de Jan Guillou
Páginas : 532

O Legado de Arn. Guillou narra com maestria uma grandiosa saga de cavalaria, ao mesmo tempo bela e sangrenta, e uma trama que mostra como um casamento pode ser mais poderoso que uma espada. Em meio a batalhas e conflitos, é a história de um amor perdido como parte do alto preço que se paga pelo poder. O romance gira em torno da vida do templário Arn Magnusson, mais conhecido como Birger Jarl. Arn foi criado e educado numa época cruel em que o direito do mais forte era a única lei vigente. Após vencer a batalha pelo poder, impressionou seus contemporâneos com uma ferocidade implacável, devastando o mundo vândalo. Determinou normas para a segurança dos lares, assegurou liberdade à prática religiosa e garantiu os direitos das mulheres – leis as quais perduraram por mais de seiscentos anos após a sua morte.Magnusson fundou ainda a cidade de Estocolmo e criou uma Suécia unida. Sua saga, no entanto, vai muito além de tais atos: foi um vencedor que nunca se acovardou perante a moralidade e suas práticas, até fundar o Novo Reino.A série As Cruzadas já vendeu milhões de exemplares no mundo. O Legado de Arn é agora apresentado por meio de uma talentosa e criativa mescla de fatos e recriações na qual é impossível apontar onde termina a realidade e começa a fantasia.

Os mercadores da noite



"Os mercadores da noite tem um enredo que supera, e muito, os ‘romances de homens de negócio’ lançados às dúzias. Por dois motivos básicos: primeiro, consegue dar uma perspectiva real do que acontece num dos cenários mais fascinantes do mundo, o mercado financeiro global – sem deixar o leitor entediado; segundo, foge do padrão estereotipado de tantas obras do gênero." Gazeta Mercantil

Com a experiência de quem atuou na área por mais de 30 anos, Ivan Sant’Anna criou um thriller surpreendente e emocionante, que tem o ritmo nervoso dos pregões das grandes bolsas de valores.

Julius Clarence é um operador financeiro extremamente bem-sucedido, que deixou a Bolsa de Mercadorias de Chicago para conquistar Wall Street e várias empresas. Mas num mercado tão competitivo, tamanho sucesso vai lhe render, além de uma grande fortuna, um grande inimigo: Clive Maugh.

Após muitos anos de disputa entre esses dois gigantes do mercado de capitais, Julius cria um plano para destruir o rival e provocar um colapso na economia mundial, mesmo que para isso seja necessário sacrificar sua própria empresa.

Julius está prestes a dar a cartada final em um jogo eletrizante, repleto de traições e chantagens, onde o mais importante não é ganhar, mas sim quem vai perder.

ESCUTE SEU CORAÇÃO



ESCUTE SEU CORAÇÃO
de Fern Michaels
Páginas : 182
Após a morte de sua tão querida mãe, com o casamento de sua irmã gêmea se aproximado e sem um grande amor no horizonte, Josie Dupré se sente solitária. Felizmente, seus dias são preenchidos com seu trabalho no bufê bem-sucedido que mantém com a irmã em Nova Orleans e com sua cadelinha branca e fofa, Rosie, que lhe faz companhia. Subitamente, tudo muda quando um cão boxer invade sua casa e desperta a atenção de Rosie. Para Piorar a situação, o romance entre os cães leva à aproximação de Josie com o dono do boxer – o playboy sexy e mulherengo Paul Brouillette.Paul nada tem contra se apaixonar, mas, ao entrar na vida de Josie, coisas estranhas começam a acontecer. Ela ouve música onde não há nada tocando e sente o aroma da colônia favorita da mãe num cômodo onde não há mais ninguém. Talvez sua mãe esteja tentando lhe enviar uma mensagem... algo sobre encontrar o amor onde menos espera... e sobre escutar o que seu coração lhe diz.Romântico e divertido, Escute Seu Coração prova que Fern Michaels é uma das grandes contadoras de histórias de sua geração.

A VIZINHA - lançamento da Bertrand Brasil

A VIZINHA
de Barbara Delinsky
Páginas : 350


Em A Vizinha, Barbara Delinsky, presença constante na lista de bestsellers do mundo inteiro, apresente seu mais fascinante romance até hoje. É uma história que mescla confiança, ciúme e a luta para manter vivo o amor.Repleto de suspense, surpresas e reviravoltas, além das agudas percepções sobre a mente e o coração de seus personagens que valeram a Barbara Delinsky uma enorme legião de fãs, A Vizinha é um hábil retrato sobre o cotidiano da vida a dois.

O Testamento - lançamento da Sextante


"O Testamento é uma fascinante história de seitas secretas, milagres religiosos e história medieval combinada com questões políticas contemporâneas. Com ritmo vertiginoso, inteligente e atraente, O Testamento traz Lustbader em sua melhor forma."

de Steve Berry, autor de O legado dos templários
Durante séculos, uma seita secreta fundada por seguidores de São Francisco de Assis – a Ordem dos Observantes Gnósticos – guardou um segredo que poderia transformar para sempre a história da humanidade. Mas agora a segurança desse legado está nas mãos de um homem e uma mulher que mal se conhecem.
Braverman Shaw nunca perdoou o pai, Dexter, por levar uma vida distante e enigmática. Mas ele nunca imaginara a gravidade dos segredos que Dexter escondia – até que, durante uma tentativa de reconciliação, o pai foi brutalmente assassinado.
Ainda atordoado pelos acontecimentos, Braverman descobre que seu pai era membro do alto escalão da Ordem dos Observantes Gnósticos, uma centenária organização secreta cuja missão era preservar documentos sagrados capazes de causar um verdadeiro caos no mundo se caíssem em mãos erradas.
Envolvido numa teia de mistério e perseguição, Braverman se vê diante de incompreensíveis pistas deixadas por seu pai para levá-lo ao esconderijo do Testamento de Cristo – um evangelho apócrifo e a Quintessência, a lendária substância que possibilitaria a vida eterna.
Em sua luta frenética para escapar da morte e, ao mesmo tempo, encontrar respostas para suas perguntas, Braverman é auxiliado pela jovem Jenny Logan, guardiã da Ordem treinada para protegê-lo. Mas, pouco a pouco, ele percebe que não deve confiar em ninguém e que o perigo pode estar onde ele menos imagina.
Numa trama tensa, repleta de suspense e ação ininterrupta, Eric Van Lustbader conduz o leitor por uma vertiginosa viagem por grandes segredos da história, da política e da religião e pelos mais sombrios sentimentos humanos.

****
"Eric Van Lustbader prova mais uma vez que é o mestre do thriller inteligente. Em O Testamento, ele mistura o antigo e o contemporâneo com a grande questão da atualidade – o extremismo religioso – e faz isso com habilidade, discernimento e energia. Um romance sensacional, bem escrito e bem pesquisado."
Nelson DeMille, autor de Night Fall

Consultor de empresas com uma sólida formação em estudos medievais e criptografia, Braverman Shaw, de um dia para o outro, é violentamente arrastado para o epicentro de um conflito cujas forças vão muito além do que ele pode prever.
Depois que seu pai é assassinado, Braverman descobre que ele era integrante da Ordem dos Observantes Gnósticos e tinha a missão de proteger o Testamento – documentos históricos que poderiam abalar o Cristianismo e os fundamentos da civilização ocidental se viessem a público.
Entre esses documentos estão um evangelho apócrifo, supostamente escrito pelas mãos do próprio Jesus Cristo, e a fórmula da Quintessência, o quinto elemento buscado pelos alquimistas e tido como a chave da imortalidade.
Os Cavaleiros de São Clemente, inimigos da Ordem e braço armado secreto do papado, não medem esforços para descobrir o paradeiro do Testamento. Usando de todo o seu poder e influência, eles deixam um rastro de sangue numa guerra mortífera que envolve interesses econômicos, políticos e religiosos.
Numa corrida desesperada para desvendar os enigmas deixados por seu pai e salvar a própria vida, Braverman se dá conta de que está sozinho no meio de uma complexa rede de intrigas, traições, conspirações e assassinatos.
O Testamento tem uma narrativa ágil e cheia de reviravoltas, que torna impossível parar de ler antes de se chegar à última página. Com rica pesquisa histórica e enredo original, tem todos os ingredientes para se tornar um livro inesquecível.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Novas exposições

no Bosque do Papa

Coleção de selos, desenhos feitos com recortes de papel, postais e fotografias que lembram as tradições polonesas, estão em exposição no Bosque do Papa

Novas exposições que tratam do folclore, do artesanato e das tradições da Polônia estão abertas no Memorial da Imigração Polonesa, no Bosque do Papa. Entre as atrações estão uma coleção de selos de vários países e exemplares de wycinanki (típico artesanato polonês). Outra exposição reúne cartões postais e fotografias que retratam os trajes típicos das diversas regiões da Polônia, a história do país desde o período renascentista e as paisagens naturais polonesas.
Os wycinanki constituem um dos mais característicos artesanatos da Polônia. São imagens coloridas de animais, flores, cenas religiosas e do cotidiano feitas com recortes de papel. A técnica data do século 19. As peças são utilizadas na ornamentação das casas, coladas em móveis e paredes. As coleções pertencem a Danuta Lisinski, representante da Missão Católica Polonesa no Brasil, que cedeu o material para as exposições. As mostras ficarão abertas no Memorial Polonês até a Páscoa.

Serviço:
Novas exposições no Memorial da Imigração Polonesa
Bosque do Papa
Visitas: às segundas-feiras, das 13h às 18h; de terça-feira a domingo, das 9h às 18h.
Entrada franca.




LITERATURA POLICIAL

UM TIRO NO PEDANTISMO INTELECTUAL

"Não há nada que antes não tenha sido outra coisa, pensava Mma Ramotswe."
(personagem de Alexander McCall Smith,
a única mulher detetive particular em toda Botsuana)

Antes que alguém já saia torcendo o nariz para o tema, mais nos compensa repensar o quanto esse crime compensa. Se para alguns de nossos intelectuais os romances policiais estariam fadados a carregar eternamente o rótulo de subliteratura, para a maioria de intelectuais e escritores, tal colocação não passa de claro preconceito criado a partir de uma outra grande distorção - a de que toda a literatura que envolve crime e mistério é de baixa qualidade. A verdade é que tais intelectuais vivem de dar tiros no próprio pé, e esquecem que muitos de nossos autores clássicos produziram seus contos e romances de mistério, de inconteste qualidade e importância. São livros recheados com todos os elementos execrados pelos tão exigentes detratores. Nas tramas, o crime, os processos, as deduções e as investigações.

Não é preciso ter tanta acuidade de detetive para lembrar de Emile Zola que nos brindou com obras como "Tereza Raquim", "Germinal" e a "Besta Humana" que, certa feita, escreveu que "toda a obra de arte é um pedaço da natureza, visto através de um temperamento". Dessa forma, os elementos policialescos e os crimes em si, fazem parte de nosso dia-a-dia, uma realidade que, nem por ser trágica e incluir muitas vezes elementos repugnantes, deve ser ignorada pelo artista. Talvez seja por isso mesmo que no início do século passado, Enrico Ferri, psicólogo e criminalista, professor da Universidade de Roma e de Bruxelas, afirmou que "Besta Humana" e ainda "Crime e Castigo", de Dostoievsky eram, para a psicopatologia e para a antropologia criminal, "um meio de propaganda, mil vezes mas rápido que a observação estritamente erudita". Citando aqui Dostoievsky, lembramos que no universo da literatura russa, temos Leon Tolstoi que além de romances perfeitos como Anna Karenina e Guerra e Paz, escreveu contos de fina ironia e sátira onde a figura da lei era colocada em cheque. Basta conferir "O Custo Da Justiça".

LITERATURA POLICIAL
ONDE ENCONTRAR

Nas boas casas e livros do ramo, e mais aqui e ali e vez por outra tanta no acolá. Pode ser encontrada de diversas formas e, dificilmente, um leitor pode correr o risco de dizer que nunca leu esse tipo de livro. Segundo o escritor Ignácio de Loyola Brandão, o gênero policial pode ser encontrado até na Bíblia. Basta ler Caim e Abel. "Gosto e leio muitas histórias policiais e acho que, como todo o gênero, tem produções boas e más. Mas é um estilo extremamente fascinante e muito importante na formação de um escritor, pois com os bons policiais você aprende muito em relação à arte da narrativa. Na verdade, o que existe é um grande preconceito por parte dos falsos intelectuais que se postam contra a literatura policial. Meus autores prediletos no gênero são George Simenon, Raymond Chandler, Patrícia Highsmith e Agatha Christie”.

A Ediouro lançou um “catatau” especialíssimo organizado por Flávio Moreira da Costa - "Os 100 melhores contos de crime e mistério". Jornalista desde os 15 anos, o gaúcho Flávio Moreira da Costa foi crítico de cinema, música e literatura. Redator, editor e tradutor, tem hoje cerca de 30 livros publicados. Segundo ele , "o homem é o único animal que mata seu semelhante por razões que não sejam sua própria sobrevivência". Temos aqui uma ficção que beira a realidade, tratando de um assunto por demais comentado em nossos dias, sobretudo devido à crescente globalização do crime. Os textos registram uma faceta da humanidade sempre presente e cada vez mais visível e ameaçadora. A antologia, organizada com brilhantismo, pode ser considerada a mais completa da literatura de crime e mistério até hoje publicada no país. A primeira história da coletânea é do Antigo Testamento - A história de Sansão, depois passamos por Sófocles - Édipo Rei. Mil e uma noites, Perrault, Voltaire, Honoré de Balzac, Robert Louis Stevenson, Apollinaire, Guy de Maupassant, Kafka, Dickens, Edgard Allan Poe...

UM REINADO DE RAINHAS E DETETIVES

Agatha Christie é certamente a mais conhecida escritora de romances policiais. É chamada de a Rainha do Crime, mas o que na verdade intriga a muitos é como uma mulher, saída da era vitoriana,conseguiu criar tramas e enredos tão verossímeis, e ao mesmo tempo, construir histórias passíveis de serem consideradas crimes perfeitos. Com seus mais de 80 livros publicados, incluindo romances, contos, peças e até obras a quatro mãos, ela é uma das autoras mais traduzidas em todo o mundo e o maior sucesso do teatro inglês depois de Shakespeare. Durante um certo período de sua carreira, tentando livrar-se do rótulo de escritora de livros policiais e indo de encontro aos seus críticos ferrenhos que a acusavam de reles comerciante, Agatha escreveu uma série de romances utilizando-se do pseudônimo literário de Mary Westmacott. Mas, mesmo assim, não conseguiu evitar de permear essas histórias com certa dose de suspense. Por certo não figuram na obra Hercule Poirot ou Miss Marple, seus mais famosos detetives. Mas, com certeza, foi Dame Agatha que abriu as portas para várias outras escritoras de mistério.

Mulheres como P. D. James, na verdade Phyllis Doroty James, que nasceu em Oxford, Inglaterra, em 1920. Trabalhou no Serviço Nacional de Saúde, no Serviço de Ciência Forense e no Departamento de Lei Criminal, onde aprendeu "coisas úteis" para seus livros. Iniciou sua carreira literária aos 42 anos, com a publicação de "Over her face", seguido por mais treze romances que consolidaram sua reputação como uma das principais escritoras de livros policiais da atualidade. Em 1991, recebeu da rainha Elizabeth o título de Baronesa James of Holland Park. Seu mais recente livro, relançado no Brasil pela Cia das Letras é "A morte de um perito".

Mas outras mulheres passaram a dominar a cena. Mulheres fortes e decididas como Patrícia Highsmith, que com o seu talentoso Mr. Ripley subverteu a idéia do criminoso ser sempre capturado. Ou ainda escritoras cuidadosas como Mary Higgins Clark (publicada pela Record) com tramas urdidas como um bom tricot. E ainda mulheres exóticas, de lugares distantes como a Nova Zelândia, a senhora Ngaio Marsh. A lista é intensa e imensa - Sara Paretsky, (Ed.Rocco), Ruth Rendell (Ed.Rocco), Lyza Cody,l Lillian O’Donnell, Patrícia Cornwell (Cia das Letras), ou ainda Antonia Fraser que além de ser autora de romances policiais é historiadora e muitas outras mais.


COMO CRIAR UM DETETIVE


O primeiro detetive criado para compor a estrutura do romance policial foi obra e graça de Edgard Allan Poe. Sem dúvida, é ele o criador da moderna literatura policial. Americano de Boston (Massachusetts) que, a priori, deveria também ser o mais belo exemplo de conservadorismo, Poe, além de alcoólatra era um gênio pouco compreendido. Nascido em 1809, é um dos escritores de suspense e terror que teve a vida mais conturbada, morrendo na mais completa miséria e degradação, vitima da bebida, em 1849, após vários dias de impressionante delírio. Os que acompanharam sua agonia disseram que suas últimas palavras foram – “Senhor, ajudai minha pobre alma”. Algo digno para qualquer personagem do gênero. Seu maior divulgador post-mortem foi Charles Baudelaire, que o via como a “cristalização da genialidade e do delírio humano”.

A importância de Edgard Allan Poe pode ser medida na proporção direta de sua popularização, de quadrinizações a centenas de filmes baseados ou livremente inspirados em seus contos e poemas. “Os Crimes da Rua Morgue” é, com certeza, a pedra angular de sua obra e da criação da figura do detetive. É nessa novela que aparece o personagem Dupin, um policial que “gostava de exercitar sua capacidade analítica”.

Frente a um gancho como esse, era óbvio que outros seguiriam essa seara. Vai daí que surge um inglês também dado ao fantástico e que tinha tudo para ser outro escritor conservador. Sir Arthur Conan Doyle certa feita tomou a decisão de “construir uma obra imortal” e assim, sem dó ou razão, assassinou seu personagem e a sua galinha dos ovos de ouro. Matando Sherlock Holmes pensou em livrar-se da maldição de ter criado tão sedutor personagem, com o qual não gostaria de ser lembrado. Foram apenas nove volumes, mas que ofuscaram para sempre qualquer outra tentativa de projetar-se com uma “obra mais séria”. Chegou a pedir um valor proibitivo para um editor usando como pretesto não retomar o personagem, e mesmo assim, teve de ressuscita-lo, algo até simples para quem começava a tomar gosto pelo então chamado “espiritismo”. O herói da Baker Street era, definitivamente, um espectro em sua vida, assim como seu fiel escudeiro o Dr. Watson.

Mas nem só de detetives afáveis e dândis vive a literatura policial. Chesterton, por exemplo, tradicional pensador católico, frasista incorrigível, criou padre Brown. Inglês, como outros tantos escritores de mistério, tem a seu favor ter criado a figura de um detetive de características singulares. O padre Brown é a própria irreverência de G.K.Chesterton que criando esse tipo de anti-detetive, talvez a principio só para satirizar os outros romances policiais acaba por transforma-lo em sucesso. Com padre Brown, a pureza e a simplicidade são amparadas pela sua fé católica que se contrapõem à necessidade dos já famosos raciocínios dedutivos e científicismos quase irreais.

Mas os judeus acabaram por também ganhar seu personagem. Harry Kemelman, da Nova Inglaterra, integrou os costumes judaicos ao romance policial. Em seus livros não há a violência explícita, só a constatação de seus estragos, não há devassidão, mas entrega ao amor e o respeito entre as pessoas. E por fim, existem os originalíssimos caminhos e métodos investigativos do rabino David Small. A Cia das Letras publicou no Brasil quatro livros com o personagem.

Outros detetives são pouco dados a sutilezas. Em contraste com o belga Poirot, só mesmo o francês Maigret. Criação genial de Georges Simenon (que também produziu romances não policiais e sem o seu mais famoso personagem), Maigret tem como linha do humor suas idiossincrasias. Não violento, quando não está tentando resolver os intrincados casos está em sua casa, no Boulevard Richard Lenoir, fumando cachimbo, um dos muitos de sua coleção, ou bebericando um beaujolais. Em tempo, ele adora gerânios.

Outro estranho personagem é o Nero Wolf, o gordo detetive que resolve seus problemas sem nunca sair de sua casa. O personagem de Rex Stout é um tanto bizarro, trabalha por dinheiro e tem uma grande legião de fãs. O romance noir também nos deu Sam Spade, os detetives dos escritórios obscuros, que dão tapa na cara de mulher, bebem Bourbon e fumam como loucos. Raymond Chandler e Dashiel Hammet (do Falcão Maltês, lembram?) são os mais soturnos criadores desse estilo.

Outro inglês, mais precisamente um londrino, que tinha uma legião de defensores, mesmo com seu estilo pouco cordato era Edgard Wallace. Traduzido para mais de 15 idiomas, escreveu cerca de 150 novelas em 27 anos. Em certa época, um em cada quatro livros ingleses vendidos era de sua autoria. Talvez acabe sendo somente lembrado por uma obra que nada tem de detetivesca – “King Kong”. Edgard Wallace morreu em 1932, em Hollywood, de pneumonia dupla, mas até hoje seus livros continuam sendo reeditados. Conta-se que Edgard Wallace ditou de uma vez uma novela completa entre a noite de uma sexta-feira e a manhã do domingo.

PROLÍFICOS

Em meio a essas extensas obras, muitos acabam por desconfiar da prolificidade. Nos socorremos então da nossa mais importante escritora, Lygia Fagundes Telles, que também figura na galeria do livro de Flavio Moreira Costa com o conto “As Formigas” . Lygia é categórica em afirmar que “não existem gêneros menores na literatura. O que existem são escritores menores”.

Para Lygia, a literatura policial é tão importante quanto a do gênero mágico, intimista ou fantástico – “ são importantes na medida em que os escritores também o são. Os maiores escritores do mundo já trataram, de uma forma ou outra, de temas policiais.” Lygia vai longe e salienta que, “ na literatura policial, exige-se uma série de qualidades do escritor, que são indispensáveis. Esse tipo de literatura revela muito da grandeza do escritor, pois é nítido detectar-se se o autor é ou não um bom escritor”. Essa literatura difere da fantástica “pela primeira explicar os fatos e a segunda parar em suas fronteiras”.

É curioso constatar que no Brasil é preciso relembrar incisivamente nossos escritores que usaram algo no tema. Além de Lygia, precisamos destacar Machado de Assis (A Cartomante), Antonio de Alcântara Machado (Amor e Sangue), Aníbal Machado (A Morte da Porta Bandeira), o nosso querido Loyola, e ainda Monteiro Lobato (O Estigma), Marcos Rey, agora relançado pela Cia das Letras. Não dá para deixar de fora Rubem Fonseca e o seu “O Cobrador” ou ainda os novos como Tony Belloto e seu “Belline e a Esfinge”. No final da década de setenta, tempos difíceis de repressão, os brasileiros reuniram-se em uma coletânea policial intitulada muito apropriadamente de “Chame o Ladrão”. Outro brasileiro que está sendo reeditado é Paulo Corrêa Lopes.

Certa feita, conversando com o então só escritor e não político Fernando Gabeira, ele disse-me que “sob todos os aspectos, tão importante quanto qualquer outro gênero, na medida que é a continuidade popular de clássicos como “Crime e Castigo” ou ainda tragédias gregas”. Falou que a discussão sobre a qualidade de uma obra de literatura policial é “uma discussão muito parecida se uma língua é ou não um dialeto. A questão depende do poder de quem está definindo a coisa. A literatura policial pode ser uma denúncia e uma crítica da sociedade, uma visão tão crítica quanto a literatura política o é. Quando uma peça como A Ratoeira, de Agatha Christie, fica 20, 30 anos em cartaz, é um fenômeno que está merecendo um estudo mais profundo.”


E MUITOS OUTROS CRIMES


A Editora Record, por exemplo, publicou a sua Coleção Negra, com textos de romance noir. Um dos destaques é o livro “A Última Dança” de Ed McBain sobre quem a Publishers Weekly escreveu o seguinte – “McBain é tão bom que deveria ser preso por isso”. Outro livro fantástico é o de Alexander McCall Smith, nascido no Zimbábue, professor em Botsuana e que hoje leciona na Universidade de Edimburgo - Escócia. O livro tem o título “Agência Nº1 de Mulheres Detetives” (Cia das Letras) e conta a história de uma detetive mulher na pequena cidade de Gaborone, Botsuana. No mínimo instigante. Denis Lehane é outro destaque da mesma editora, é dele “Apelo às Trevas” e o sucesso “De Meninos e Lobos”, já filmado por Clint Eastwood. Ainda na Coleção Negra, vale destacar o noir europeu de Andréa Camilleri (O Cheiro da Noite), ainda Michael Conelly (Mais Escuro que a noite), Walter Mosley e o admirável “Uma Volta com o Cachorro”. Fechando o noir americano a coletânea “Mistério à Americana”.

Curioso é ainda o livro de Mark Bowden (Editora Landscape) – “Achado não é roubado” que conta a história do homem que encontrou um milhão de dólares. Para esse, o crime o compensaria, e muito. Sendo assim, dizer que o crime compensa não é uma afirmação leviana. Compensa sim, e não apenas para os ladrões de colarinho branco nesse nosso país de impunidades. São muitos os escritores policiais pelo mundo vivendo de direitos autorais. Talvez não no Brasil, como bem sabemos. Raro é o crime compensar para os personagens desses mesmos autores, pois eles sempre terão pela frente um Poirot ou um Maigret, que ao contrário dos nossos “sherloques” não aceitará propina. Requintados ou grotescos esses policiais nos crimes da literatura são sempre melhores que os da vida real de qualquer país. Ou mais virulentos em um estilo pouco politicamente correto, o certo que na grande maioria das vezes, ao menos na literatura, o criminoso sempre leva a pior!

Resta a minha boa intenção de solucionar esse caso sobre a importância da literatura policial e socorro-me do mestre Edgard Allan Poe – “Depois de ter ouvido o que recentemente ouvi, seria por certo estranho que eu permanecesse em silêncio a respeito do que tanto vi como ouvi já faz tempo. (in O Mistério de Maria Roget)


Myrtha Ratis
Jornalista






Fundação Cultural oferece cursos nas Ruas de Cidadania



Em oito regionais da cidade é ofertado um total de 112 cursos,
em várias áreas artísticas

As aulas já começaram, mas ainda há vagas para vários cursos ofertados pela Fundação Cultural de Curitiba nas Ruas da Cidadania. Em oito regionais, é oferecido um total de 112 cursos abrangendo as áreas de música, artes visuais, teatro e dança. Há turmas para crianças e adultos. Os preços são acessíveis. As mensalidades são de R$ 30,00 para quase todos os cursos. Informações sobre horários e vagas disponíveis podem ser obtidas nos núcleos regionais da Fundação Cultural de Curitiba: Bairro Novo (3289-4988), Boa Vista (3356-2566 Ramal 201), Boqueirão (3276-6016 Ramais 228 ou 254), Cajuru (3361-2302), Matriz (3321-3340), Pinheirinho (3212-1513), Portão (3245-1100 Ramal 2036) e Santa Felicidade (3374-5018). Violão, flauta, coral infantil, teclado, guitarra, bateria, desenho, pintura, dança do ventre, dança de salão, yoga, teatro adulto e infantil são alguns dos cursos promovidos nas regionais.

Confira a relação dos cursos para este primeiro semestre de 2008:

BAIRRO NOVO:
Bateria, Cavaquinho, Flauta Doce, Guitarra, Musicalização Infantil, Teclado, Violão, Desenho Artístico (História em Quadrinhos e Mangá), Pintura em Tela, Dança do Ventre e Yoga.
Informações: 3289-4988
R$ 30,00

BOA VISTA
Bateria, Canto Coral, Cavaquinho, Guitarra, Teclado, Violino, Desenho Artístico, Pintura em Tela, Violão Popular, Violão Clássico, Técnica Vocal, Teoria Musical (preparatório para os vestibulares da FAP e EMBAP), Dança de Salão, Teatro Adulto e Teatro Infanto-Juvenil.
Informações: 3356-2566 Ramal 201
R$ 35,00 (Violino e Violão Clássico)
R$ 30,00 (Para os demais cursos)

BOQUEIRÃO
Acordeão, Bateria, Balé, Canto Coral, Coro Infantil, Cavaquinho, Contrabaixo, Guitarra, Teclado, Técnica Vocal, Teoria Musical, Violão, Violino, Desenho Artístico, Esferocromia, História em Quadrinhos, Mangá, Pintura em Tela, Dança de Salão, Street Dance, Teatro Infantil e Teatro Juvenil.
Informações: 3276-6016 Ramais 228 ou 254
R$ 30,00

CAJURU
Bateria, Canto Coral, Cavaquinho, Contrabaixo, Flauta Doce, Guitarra, Teclado, Técnica Vocal, Teoria Musical, Violão, Violino, Desenho Artístico, Pintura em Tela.
Informações: 3361-2302
R$ 30,00

MATRIZ
Canto Coral, Flauta Doce, Teclado, Técnica Vocal, Violão Popular, Violino, Desenho e Pintura.
Informações: 3321-3340.
R$ 30,00

PINHEIRINHO
Acordeão, Cavaquinho, Guitarra, Percussão, Teclado, Técnica Vocal, Viola de Arco, Violão, Violino, Violoncelo, Desenho Artístico, História em Quadrinhos, Pintura (Preparatório para FAP, EMBAP e UFPR), Retrato Artístico, Dança de Salão, Dança do Ventre e Ateliê Infantil.
Informações: 3212-1513
R$ 30,00

PORTÃO
Cavaquinho, Teclado, Técnica Vocal, Violão, Violino, Desenho Artístico, História em Quadrinhos, Pintura em Tela, Dança do Ventre, Hip-Hop, Yoga, Teatro Infantil e Teatro Adulto.
Informações: 3245-1100 Ramal 2036.
R$ 30,00

SANTA FELICIDADE
Guitarra, Teclado, Técnica Vocal Adulto e Infantil, Violão, Violino, Viola Caipira, Ateliê de Artes Infantil, Desenho Artístico, Pintura em Tela (Adulto), Origami, Retrato Artístico, Teatro Infantil e Teatro Juvenil.
Informações 3374-5018.
R$ 30,00