“Lágrimas de São Pedro- Acalento ao Sertão Nordestino” leva o visitante para dentro da chuva de seis mil lâmpadas incandescentes
A Galeria da CAIXA apresenta a instalação "Lágrimas de São Pedro – Acalento ao Sertão Nordestino" de Vinícius S.A.. A exposição abre no dia 25 de maio, às 19h, e segue em cartaz até 11 de julho. O projeto remete à situação do sertão nordestino e trata da relação sagrada do morador da zona rural com a chuva.
Vinícius possui uma delicadeza poética, construída a partir de heranças familiares e coletivas. Recriada por quatro mil lâmpadas incandescentes cheias d’água e cuidadosamente presas ao teto em alturas diferentes, a obra concebida por Vinícius cria uma imagem singular como a manifestação da fé do sertanejo devotada à chuva. A ideia é inspirada na novena de São José, em que os fiéis oferecem ao santo cantigas e orações em troca das lágrimas de São Pedro, que é a água que vem do céu.
Cada chuva é motivo de festa. “É comum, neste caso, presenciar idosos, adultos e crianças banhando-se de braços abertos, sacramentando este ciclo que traz consigo água de beber e plantar e dignidade. É a esperança de permanecer no lugar que nasceram, evitando o translado histórico e recorrente deste povo para os grandes centros urbanos do Brasil”, comenta Vinícius.
A função imediata das lâmpadas incandescentes cheias d’água é criar um ambiente no qual o visitante pode se envolver espacialmente com a obra. “É como se tivéssemos o poder de pausar a chuva, uma chuva de gotas grandes, limpas, transparentes, leves e com isso poder contemplar sua beleza, seu poder, seu símbolo, sua necessidade”, descreve Vinícius. Para ele, trazer uma instalação como esta a um ambiente urbano proporciona ao visitante conhecer a relação lúdica que o morador da zona rural tem com a precipitação.
Mas o uso das lâmpadas incandescentes vai além. Vinícius utiliza esta matéria de linguagem visual pela sua re-significação. “O vidro da lâmpada incandescente é o único que não pode ser reciclado, o que o torna mudo e sem função após o uso", explica o artista.
"Lágrimas de São Pedro – Acalento ao Sertão Nordestino" é o alargamento de uma obra anterior de mesmo título, ganhadora do prêmio de Menção Honrosa no Salão Regional de Artes Plásticas da Bahia, em Feira de Santana. O patrocínio da CAIXA Cultural tornou possível, de acordo com Vinícius, uma nova concepção de espaço e iluminação, conferindo à obra a magnitude desejada.
Sobre o artista
Vinícius S.A. nasceu em 1983, em Salvador. A história está impregnada na vida de sua família. O pai nasceu em Santo Amaro da Purificação, cidade histórica por ser o embrião de manifestações como a capoeira e o samba, e a mãe em Ubiraitá, na região da Chapada Diamantina.
Aos seis anos Vinícius perde a sua mãe e passa a viver com o pai num bairro de Salvador, onde as construções imobiliárias cresciam a todo vapor. Vem daí o interesse do artista por materiais descartados pela sociedade de consumo, já que desde criança construía objetos para recreação, utilizando os descartes desses empreendimentos.
Na adolescência conhece espaços alternativos entrando em contato constante com artesãos, músicos, atores e viajantes. Dedica-se ao entalhe e à escultura em epóxi. Aos 18 anos, seu interesse pela física e pela matemática o leva ao curso de Geofísica, na Universidade Federal da Bahia, que abandonou depois de dois semestres. Prestes a começar o curso de Antropologia, visita uma exposição no Museu de Arte Moderna da Bahia e se depara com a pintura de Édouard Manet, intitulada “A Mulher e o Vaso”, que o arrebata. Decide então fazer Artes Visuais e ingressa, em meados de 2004, na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia.
“Lágrimas de São Pedro”, em 2005, é a primeira exposição de Vinícius e com a qual recebe menção especial no Salão Regional de Artes Visuais da Bahia, em Feira de Santana. No mesmo ano, se torna pesquisador do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), complementando seus estudos com questões como semiótica, identidade e principalmente a preocupação com o espaço.
Em 2006, participa de exposições coletivas do Salão Regional de Artes Visuais da Bahia e da VIII Bienal do Recôncavo, com as exposições “Um Minuto e Meio” e “O Pulso da Bienal”, respectivamente. É premiado nas duas ocasiões. Em 2007, dedica-se à produção de sua primeira exposição individual, que vem a acontecer na CAIXA Cultural Salvador em fevereiro de 2008 e projeta o artista como uma revelação da Arte Contemporânea individual. Um ano depois a instalação “Sorria, você está sendo filmado!” foi premiada no Salão Regional de Artes Visuais da Bahia e integrou também a exposição Salões Baianos, na galeria Solar Ferrão, em Salvador. Participa com “Objeto Óptico #02” do conceituado 15º Salão da Bahia, sendo premiado com uma residência internacional na Europa.
Serviço: Exposição: “Lágrimas de São Pedro” Local: Galeria da CAIXA Endereço: Rua Conselheiro Laurindo, 280, Centro – Curitiba Abertura: 25 de maio às 19h30 Data: de 26 de maio a 11 de julho Horários: de terça a sábado das 10 às 21h e domingos das 10 às 19h Ingressos: Entrada franca Informações: (41) 2118-5114 Classificação etária: Livre para todos os públicos www.caixa.gov.br/caixacultural
quarta-feira, 19 de maio de 2010
INSTALAÇÃO RECRIA CHUVA SERTANEJA NA GALERIA DA CAIXA
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