quinta-feira, 9 de julho de 2009

O circo no risco da arte

O Circo no risco da arte
de Emmanuel Wallon (Orgs.)
com Tradução deAna Alvarenga, Augustin de Tugny, Cristi
ane Lage

Título original
Le cirque au risque de l’art
Páginas: 192

Durante mais de dois séculos, o circo inventou suas relações próprias com o corpo, a palavra, o objeto e o espaço sem deixar de manter sedutoras relações com outras disciplinas. Provenientes de novas escolas, as companhias de hoje desestruturam as categorias e as hierarquias tradicionais, concebendo obras nas quais a proeza não está mais em primeiro plano. A gente do circo contesta a noção de gênero menor inserindo-se com isso nas noções usufruídas pelas artes cultas?

Os autores deste livro exploram um universo em que a noção de risco artístico recobre todas as direções.


Fala Emmanuel Wallon

“Tendo ouvido o aviso, o lobo da fábula ainda corre. Assim também o circo estará sempre tentado a pegar a tangente, quaisquer que sejam os lisonjeiros com os quais nós o gratificamos. Pois definitivamente seus intérpretes preferem as incertezas do estado nômade às seguranças das situações de repouso. Como a margem residiria no centro? A circularidade da pista se presta a redondezas regulares. As forças centrífugas não continuarão a dominar menos. No risco da arte.”

“O circo no risco da arte” trata do universo circense a partir da análise de pesquisadores franceses

Desde o final do século XVIII o circo vem reinventando suas relações com o corpo, a palavra, o objeto e o espaço. A partir de 1980, entretanto, um novo movimento se intensificou, principalmente na França. O interesse dos artistas de teatro, da dança e da música pelo circo, formando um intercâmbio entre as artes, que chegou para desestruturar as categorias e as hierarquias circenses tradicionais, mostrou a riqueza de possibilidades que um picadeiro pode acolher. Surge, assim, desta interface entre as artes, o circo contemporâneo. E é sobre esse universo de magia e encanto que trata o livro O Circo no risco da arte, da Autêntica Editora. Organizado por Emmanuel Wallon com a contribuição de Caroline Hodak-Cruel, traduzido por Ana Alvarenga, Augustin de Tugny e Cristiane Lage, a publicação reúne artigos de 20 renomados pesquisadores franceses acerca do processo de desenvolvimento e evolução do circo, desde o início até os dias atuais. O lançamento integra a programação do Ano da França no Brasil. O livro aponta que o circo hoje está acompanhado de formas que nos remetem, em parte, ao espetáculo tradicional, às suas figuras que renovam sua linguagem com a ajuda de outras artes cênicas, como a dança, o teatro, a performance, o espetáculo audiovisual. “O circo contemporâneo tem a tendência de se integrar em uma continuidade frequentemente inédita daquilo que antes dependia da sucessão de fragmentos, de números em benefício de um novo relato, de uma nova narrativa”. Entre os pontos abordados está a relação entre o circo e o teatro, a importância do corpo como instrumento artístico de proeza e performance, além de vários estudos e pesquisas sobre as possibilidades de um espetáculo. O circo limita sua ambição ao êxito de seu jogo, cujos principais valores são a virtuosidade, a perfeição do gesto, o desafio lançado à dificuldade e o gosto pelo extremo. “Ele propõe, ainda, a quem o pratica uma primeira aprendizagem, que é essencial: o do risco a se correr, que só pode ser assumido pelo trabalho, que é o único a promover o rigor do gesto, a exatidão do movimento, a força da atenção. É verdade que tudo é ficção, mas leva constantemente à realidade: assim que se entra na pista, sabe-se que pelo menor erro, pela mais ínfima negligência, pela menor sombra de desenvoltura pode-se pagar muito caro, em pesadas perdas e, por vezes, irreversíveis”. Os autores destacam que o conhecimento do universo circense passa por suportes que revelam tanto a gênese de um espetáculo quanto as escolhas estéticas de um artista, as obrigações administrativas de uma instituição ou mesmo os elementos de comunicação e referências características de uma marca. Como forma de compartilhar este conhecimento e permitir que ele se multiplique, o livro disponibiliza uma lista de fontes de pesquisa sobre o universo do circo, muitas vezes negligenciado enquanto manifestação artística, principalmente no Brasil.

O AUTOR
Emmanuel Wallon formou-se aos 20 anos pelo Instituto de Estudos Políticos de Paris. Fez Doutorado em Sociologia na École des hautes études en sciences sociales EHESS (Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais) e habilitou-se orientador de teses em Ciências políticas na universidade de Paris .

Aos 50 anos Emmanuel Wallon é professor de sociologia política em Nanterre e no Centro de estudos teatrais da universidade de Louvain-la-Neuve (Bélgica). É ainda membro do comitê de redação das revistas Temps Modernes, Études théâtrales e L´Observatoire, a revista das políticas culturais na França. Foi presidente da associação Hors Les Murs (Associação nacional para a promoção e o desenvolvimento das artes da rua e do circo) de 1998 à 2003. Em junho de 2005, apresentou a pedido do então ministro da Cultura da França um relatório intitulado Sources et ressources pour le spectacle vivant, 2onde analiza a situação da pesquisa na área dos estudos do espetáculo vivo, ou as artes cênicas.

Confira aqui um capitulo do livro

UM LANÇAMENTO



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