segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Você e o Espelho Social


 por Chaitanya-charana Dasa -
Enquanto passamos pelas fases naturais da vida, é comum aumentarmos nosso fardo por aceitarmos como as metas da nossa vida as definições de sucesso dos nossos tempos.
Enquanto passamos pelas fases naturais da vida, é comum aumentarmos nosso fardo por aceitarmos como as metas da nossa vida as definições de sucesso dos nossos tempos. Um definidor de sucesso incessantemente glamourizado é ter uma aparência ideal, que, nos dias de hoje, significa ser jovem e magro.
É claro que precisamos ter saúde, e gostaríamos de ter uma aparência que reflita isso. Contudo, quando ter uma boa aparência se torna uma obsessão, nos sujeitamos a tormentos desnecessários. Adotamos dietas da moda de validade duvidável, tomamos pílulas milagrosas de “queima de gordura” ou nos submetemos a rotinas de exercícios extremados. Nosso humor sobe e desce na proporção inversa dos números na balança. Obsessão pela aparência ideal nos sentencia a horas e anos de estresse e insatisfação.
Para nos prevenirmos contra esse sofrimento, precisamos impedir que nossa autoimagem seja distorcida pelo espelho social. Afinal, o espelho social é inconstante – qual aparência é considerada ideal varia de acordo com concepções culturais e históricas de beleza. Poucas gerações atrás, em muitas partes do mundo, considerava-se pessoas “gordinhas” como atrativas, tomando-se isso como uma indicação de prosperidade, enquanto uma silhueta magra indicava pobreza e era considerada menos atraente.
Alguém talvez argumente: “Bem, é o espelho social da atualidade que me interessa.” Sim, e podemos nos empenhar para mudar nossa aparência conforme julguemos necessário, mas, como dito, não precisamos deixar que isso vire uma compulsão. Precisamos ter a confiança de que, em nosso âmago, somos muito melhores do que vemos refletido no espelho social.
Essa confiança vem naturalmente quando cultivamos conhecimento espiritual. Textos de sabedoria, como a Bhagavad-gita, explicam que somos almas eternas, diferentes de nossos corpos físicos. Como somos partes eternas de Deus, Krishna, o todo-atrativo, fazemos partes da beleza e poder de atração do Todo. No momento presente, podemos buscar ampliar nossa beleza de duas maneiras – nos empenhando para melhorar nossa aparência ou nos empenhando para lapidar a beleza da alma. Trabalhar o exterior proporciona, na melhor das hipóteses, resultados efêmeros. O corpo e sua beleza nascem com data de validade, a qual não pode ser muito estendida. Em uma cultura materialista, pessoas mais velhas são frequentemente consideradas feias e indignas, e se prefere que estejam ausentes, daí os esforços intensos por parte de muitas pessoas mais velhas para terem uma aparência mais jovem, por meio de tingimento dos cabelos e plásticas. Contudo, isso não funciona – mesmo com tecnologia de ponta, a degeneração do corpo continua imparável.
Em contraste, trabalhar o nosso interior para manifestar a beleza da alma produz resultados duradouros. Ao reconhecermos que somos uma alma e que nosso corpo é nosso veículo, focamos menos na aparência do veículo e mais em para onde estamos indo com o veículo. Quando vivemos com um propósito espiritual, encontramos satisfação interior através do exercício de nossa conexão íntima com Krishna. Independente de nossa aparência e de nossa idade, o conhecimento espiritual abre caminho para nossa segurança interior e satisfação. Assim nos libertando da obrigação de sermos bonitos diante do espelho social, nos sentiremos livres – livres para sermos quem somos. A Bhagavad-gita (13.10) indica que pessoas de conhecimento se recusam a serem levadas pelas opiniões das massas.
Quando nos aceitamos com base no que somos de fato, experimentamos imenso alívio. Paramos de desperdiçar nossa energia mental em obsessões ligadas à nossa aparência – não que fiquemos negligentes em relação às externalidades, mas ficamos confiantes em relação ao que somos.
Nossa autoconfiança espiritual se manifesta em nossa conduta; irradiamos o conforto e a alegria que vêm naturalmente da autoaceitação. Esse conforto e essa alegria, mesmo que não sejam envoltos por glamoure atração, carregam um encanto que cativa quem se aproxima de nós. E porque esse encanto não é mera ostentação ou espetáculo, mas expressa nossa substância, é sustentável. Naturalmente, relacionamentos estabelecidos com base em nossa substância, e não em nossa aparência, são mais reais, mais duradouros e mais agradáveis ao coração.
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