Dados do Ministério da Fazenda mostram revisões para baixo sobre o crescimento da economia. O governo revisa as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB), que vai cair mais do que esperado em 2016 e crescer menos em 2017. Em números, a expectativa é de que o PIB caia 3,5% em 2016 e não 3% como mensurado em agosto pelo governo. Para 2017, a expectativa é de um crescimento de apenas 1% e não mais 1,6%, como era esperado nas projeções anteriores.
No dia 30 de novembro será divulgado pelo IBGE o PIB no terceiro trimestre deste ano. Desde a divulgação do PIB no trimestre anterior, as perspectivas de algum crescimento neste trimestre se frustraram completamente. Mesmo uma recessão menor se mostrou improvável. Se avaliarmos a atividade econômica pelo chamado IBC-Br – utilizado como um indicador de "antecedente" do PIB – o ano de 2016 tem mostrado a gravidade da crise econômica brasileira. A despeito do arrefecimento da contração no segundo trimestre de 2016, o índice voltou a apresentar forte retração no acumulado do terceiro trimestre do ano.
Em uma crise econômica aguda, a ausência de ações anticíclicas contundentes, a retração do papel do BNDES no fomento dos investimentos, a alta volatilidade cambial e os juros adversos ao setor produtivo sobrepujaram qualquer tentativa de recuperação econômica. Nos últimos meses, os indicadores de confiança da indústria e do comércio passaram a dar sinais de reversão de uma possível retomada. Além disso, o aumento de incertezas no front externo com a eleição de Donald Trump também pode colaborar para a maior lentidão na recuperação dos investimentos, uma vez que a aversão ao risco dos investidores internacionais deve se elevar. Com esta conjuntura interna e externa desfavoráveis, a estabilização do nível de atividade deve ocorrer apenas em 2017, com um nível baixo de emprego e renda, além de grande capacidade ociosa nas empresas produtivas. A contenção dos gastos públicos, através da PEC 55 e outros mecanismos, retira do Estado a capacidade de atuar de maneira anticíclica, deixando o país totalmente dependente das decisões de investimento do capital privado. Investimentos privados, de empresas domésticas, são improváveis dado o arrefecimento da demanda interna. Do ponto de vista da entrada de capital estrangeiro para investimentos produtivos, a alta volatilidade cambial e o alto patamar das taxas de juros desestimulam qualquer projeto por mais otimista que seja. Em suma, a crise é grave e as ferramentas de política econômica têm agido de forma contraproducente para a retomada da economia.
terça-feira, 29 de novembro de 2016
Atividade econômica prossegue muito reprimida
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F Perseu Abramo
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