terça-feira, 18 de outubro de 2016

Reflexões sobre o mercado de trabalho para as mulheres no Brasil


O Brasil é conhecido pelas dificuldades em avançar em vários temas relacionados às questões sociais, dentre eles, com relação ao papel da mulher na sociedade. E mesmo diante de um cenário que dificulta as mudanças, as mulheres brasileiras têm conseguido pautar importantes discussões sobre o seu papel na sociedade, pleiteando a desconstrução de antigos estereótipos de gêneros.
Diante disso, o discurso da primeira dama, Marcela Temer, foi recebido pelas feministas brasileiras como um indicativo de que o atual governo ignorou as lutas das mulheres, pleiteando a construção de um ambiente mais justo e igualitário na sociedade, e sinalizou uma tentativa de retrocesso das conquistas feministas, reafirmando antigos estereótipos – de que à mulher cabe o papel coadjuvante de cuidadora (o cuidado com as crianças, por exemplo), liberando o homem para trabalhar e construir sua carreira, ganhar dinheiro e ser o provedor do lar. Mais que isso, o discurso traz o trabalho feminino como trabalho voluntário, que não carece de remuneração.

Em entrevista recente, a socióloga da área do trabalho, Helena Hirata, sinalizou que a atual conjuntura política e econômica brasileira, além de acarretar perdas ao mercado de trabalho como um todo e retrocesso nas questões sociais, parece sinalizar o surgimento de um cenário negativo para as mulheres brasileiras: para elas serão relegados os trabalhos mais precários – o que significa as piores remunerações e piores condições de trabalho, além de aumentar as chances de exploração.

Se em um cenário positivo para o mercado de trabalho, que é um ambiente propício às lutas, já era difícil construir uma agenda de lutas e mudanças para a condição da mulher na sociedade, este novo cenário exige muito mais da organização e das lutas em prol de mudanças no papel das mulheres e das conquistas sociais alcançadas.

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