sexta-feira, 4 de março de 2016

PIB brasileiro cai 3,8% em 2015 e Banco Central mantém taxa de juros

 O PIB brasileiro apresentou retração de 3,8% em 2015, após registrar crescimento zero no ano de 2014. A queda, menor do que os 3,9% projetados pelos analistas, decorre de uma retração de 1,4% do PIB na comparação com o trimestre imediatamente anterior, tendo sido fortemente influenciada pela diminuição de 6,2% da indústria, seguida pela retração de 2,7% do setor de serviços. Sob a ótica da despesa, o investimento liderou a retração em 2015, ao cair 14,1% na comparação com o ano anterior, seguido pela queda de 4% no consumo das famílias e de 1% no consumo do governo. Apenas a agropecuária (na ótica da oferta), com crescimento de 1,8%, e as exportações líquidas (na ótica da despesa), com crescimento de 6,1%, apresentaram resultados positivos no ano, mas insuficientes para levar o PIB para o quadrante positivo. Dentro da indústria, chama atenção a redução de 9,7% na produção da indústria de transformação, o que, em parte, explica a queda de 14,3% na importação de bens e serviços. Diante do cenário nacional recessivo e do cenário internacional incerto, marcado pelas desvalorizações cambiais, pelo baixo crescimento e pelos juros negativos, o COPOM decidiu, na noite de ontem, manter a taxa SELIC em 14,25% ao ano, com apenas dois votos pedindo o aumento de 0,5% nos juros.
Comentário: A queda do PIB em 2015 era fato consumado e de conhecimento de todos desde o início do ano, mas a dimensão que esta queda tomou surpreendeu a quase totalidade dos analistas. A estratégia de “ajuste fiscal” (que, na realidade, promoveu uma deterioração das contas públicas) junto com o aumento dos juros, desvalorização cambial e a redução do crédito levaram a uma diminuição expressiva do PIB, que terá reflexos no resultado de 2016. A violência da recessão, que trouxe o desemprego para 9%, juntamente as incertezas internacionais, criam um cenário onde o aumento dos juros figura como uma arrematada insanidade, propensa a aprofundar a recessão, deteriorar ainda mais as combalidas finanças públicas e exercer uma influência irrisória (se não negativa) nos índices inflacionários. Por esta razão, a decisão do Banco Central de manutenção da Selic pode ser entendida como uma postura conservadora, tendo em vista que vários analistas já apontam a necessidade de redução mais acelerada da taxa de juros como forma de promover a retomada do crescimento econômico.

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