sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Confiança do empresário e do consumidor volta a cair e sepulta discurso pró-ajuste

Os índices de confiança do empresário e do consumidor brasileiro apresentaram recuo no mês de agosto, após a confiança da indústria ter registrado uma pequena alta no mês anterior. Segundo dados divulgados nesta manhã pela FGV, o Índice de Confiança da Indústria (ICI) recuou 1,6% no mês de agosto, revertendo a alta de julho e acumulando queda de 17,9% na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Com esta queda, o nível de confiança do empresário industrial se reduziu para 68 pontos (onde qualquer valor abaixo de 100 indica retração), a mínima histórica em 10 anos. Tanto o Índice de Situação Atual (ISA) quanto o Índice de Expectativas (IE) apresentaram queda de 1,6%, mostrando que a percepção dos empresários sobre o presente e o futuro segue se deteriorando conjuntamente. Ontem, a FGV divulgou sondagem que mede a confiança do consumidor brasileiro, que também apresentou recuo de 1,7% na passagem de julho para agosto, somando queda de 21,6% na comparação com agosto/2014. No caso dos consumidores, a piora da percepção se concentrou no IE, mostrando que o brasileiro está crescentemente desconfiado com o futuro da economia.

Comentário: As seguidas quedas nos índices de confiança da indústria, dos serviços e dos consumidores sepultam de maneira definitiva a expectativa de que, com a implementação do ajuste fiscal, os empresários voltariam a confiar na economia brasileira, elevando os investimentos e aumentando o emprego e renda dos trabalhadores. Na realidade, o que pode se notar a partir dos dados é que, uma vez anunciado e implementado o ajuste recessivo, a confiança dos empresários desabou, levando junto consigo os empregos e, consequentemente, a confiança dos consumidores. A estratégia austericida imposta a uma série de países europeus para supostamente sair da crise, mas que na realidade os afundou em uma recessão sem fim, parece estar sendo adotada voluntariamente pelas autoridades econômicas brasileiras, em uma demonstração de absoluta desconexão com o avanço do debate internacional acerca das estratégias de retomada do crescimento. Enquanto instituições internacionais como FMI, Banco Mundial e até mesmo as conservadoras autoridades econômicas europeias discutem mecanismos de superação da recessão baseados em aumento dos investimentos públicos e políticas monetárias pouco ortodoxas, o Brasil segue lendo a cartilha pré-crise, se agarrando desesperadamente à gestão ortodoxa do antigo tripé macroeconômico. As sinalizações por parte do governo de que 2016 será marcado por cortes duros nas despesas obrigatórias (afetando diversos programas sociais), além da redução já esperada nos investimentos e gastos correntes, apenas confirma a estratégia austericida, mantida apesar de seus péssimos resultados, não tendo entregue nem o ajuste fiscal prometido, nem a recuperação da confiança e do crescimento planejados. 

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