Queda nas exportações prejudica balança comercial brasileira: O
saldo comercial do Brasil com o resto do mundo na terceira semana de
abril foi negativo em US$ 240 milhões, resultado de exportações de US$
3,745 bilhões e importações que somaram US$ 3,985 bilhões. Apesar de
apresentar alta na comparação semanal, passando de média diária de US$
721,9 milhões nas primeiras semanas do mês para média diária de US$ 749
milhões na terceira semana, o volume de exportações apresentou queda na
comparação mensal e anual, tendo caído 5% em relação ao mês anterior –
de média diária de US$ 986,2 milhões em abril de 2014 para US$ 733,2
milhões em abril de 2015, desempenho 25,7% pior. A queda nas exportações
alcançou todas as categorias de bens (básicos, semimanufaturados e
manufaturados), mas se mostrou mais acentuada nos produtos básicos
(queda de 29,4%), dada a queda do preço das commodities nos
mercados internacionais. Já o volume de importações também apresentou
redução, mas de menor monta, com queda de 22,8% na comparação com a
média diária registrada em abril de 2014. O mais recente resultado
ampliou o déficit comercial brasileiro registrado no ano, que alcançou o
valor negativo de US$ 5,665 bilhões.
Comentário: Apesar
de mantermos uma situação tranquila do ponto de vista externo, com
vastas reservas e grande entrada de investimento estrangeiro (o que
financia tranquilamente nossos déficits em transações correntes), a
deterioração da balança comercial indica uma importante alteração na
lógica do crescimento internacional, que determina o preço dos
principais produtos de exportação. Mesmo após alguns anos de crescimento
baixo e desvalorização da taxa de câmbio, a tendência de deterioração
da balança comercial não se reverteu, em particular dado o cenário
recessivo internacional, que leva à redução dos preços de nossos
principais produtos de exportação. Além disso, pode-se observar uma
importante queda no volume de importação de alguns bens manufaturados
por nossos principais parceiros regionais, como o caso dos automóveis
que exportamos para a Argentina. A retração esperada da economia
brasileira (que deve reduzir a necessidade de importações), em conjunto
com a desvalorização do real (que incentiva a exportação), deve ter
algum efeito positivo sobre a balança comercial no médio/longo prazo.
Porém, diante de cenário tão negativo e contando com uma estrutura
industrial cada vez mais permeável e dependente de importações, o
esforço para retomar os superávits comerciais deverá ser muito maior do
que o realizado atualmente. A manutenção de uma taxa de câmbio em
patamares desvalorizados por um período longo de tempo deve ter algum
efeito sobre as expectativas dos exportadores e, particularmente, sobre a
constituição de cadeias de fornecedores locais para os industriais. A
composição e dilemas de nossa balança comercial, deste ponto de vista, é
apenas o reflexo das dificuldades que temos em nossa estrutura
produtiva e industrial
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quarta-feira, 22 de abril de 2015
Queda nas exportações prejudica balança comercial brasileira
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