sexta-feira, 17 de abril de 2015

INÉDITOS - A POESIA DE MYRTHA RAC'Z - 20


POEMA VII (2)

Badala sino do outeiro
badala badala em ão
enquanto crianças pobres
de fome badalarão
balada sino do outeiro

Grita longe o jornaleiro
de fome grita primeiro
Jacinta, negra, suor
badala sino do outeiro
chamando toda a cidade
pra esquecer e rezar
pra esquecer da pobreza
da fome e do mau agouro
badala plangentemente
badala povo cristão
que vai esquecer na reza
seus filhos sem criação
badala sino do outeiro

Sino bom
sino alemão
trazendo triste saudade
do tempo da escrevidão
badala sino do outeiro
badala badala em ão
a fome é passageira
a saudade é que não
badala
sino
saudade
o que morre
mais uma tarde
na vila da expiação



Myrtha

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