Unicef: homicídios entre jovens no mundo e no Brasil
Estudo
do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) mostra a
vulnerabilidade de crianças e adolescentes do sexo masculino e como o
Brasil se destaca com altas taxas de mortalidade entre esse grupo em
nível mundial: por exemplo, entre os grupos com maior número de vítimas
de homicídio, a Nigéria teve, em 2012, aproximadamente 13 mil mortes de
crianças e adolescentes, seguida pelo Brasil, com cerca de 11 mil e pela
Índia, com 9,5 mil mortes.
Segundo
o estudo, os três países com maior taxa de homicídio entre crianças e
adolescentes estão na América Latina e Caribe (El Salvador, Guatemala e
Venezuela), no entanto, países como Cuba, Peru e Suriname têm baixos
índices de homicídio nessa faixa etária. Considerando os indicadores
mundiais para taxa de homicídio de crianças e adolescentes, o Brasil se
encontra em sexto lugar, conforme o gráfico abaixo. Quanto às taxas de
homicídio entre garotos (0 a 19 anos), o Brasil tem a quarta maior taxa
do mundo, perdendo somente para El Salvador, Venezuela e Guatemala. Já
entre garotas (0 a 19 anos), o Brasil não faz parte da lista dos dez
países com maior taxa de homicídio, sendo os primeiros colocados Lesoto,
Nigéria, Guatemala e Ruanda.
Número
de vítimas de homicídio entre crianças e adolescentes de 0 a 19 anos
por 100 mil pessoas em 2012, nos dez países com maior taxa de homicídio
entre esse grupo populacional
Fonte: Unicef, 2014
Os
dados dos países também mostram que o risco de morte por homicídio
aumenta quando as crianças entram na adolescência, conforme o gráfico
abaixo, que mostra o brutal crescimento das taxas de homicídio entre
crianças e adolescentes (homens) de 10 a 14 anos e 15 a 19 anos, em
especial na América Latina. No Brasil, a taxa de homicídio para crianças
de 0 a 9 anos é de menos de 1 por 100 mil, mas aumenta para 32 por 100
mil entre crianças e adolescentes de 10 a 19 anos, sendo que a taxa de
homicídio entre garotos de 10 a 19 anos é de 58 por 100 mil e de garotas
da mesma idade é de 5 por 100 mil. O estudo aponta que muitos dos
avanços conseguidos em termos de mortalidade infantil são minimizados
devido a essa alta taxa de homicídio e o Brasil, segundo o estudo,
infelizmente se destaca nesse quesito.
Número de vítimas de homicídio entre crianças e adolescentes de 0 a 19 anos por 100 mil em 2012, por sexo e idade
Fonte: Unicef, 2014
As
altas taxas de homicídio no país são atribuídas à desigualdade social,
disponibilidade de armas e envolvimento com drogas e tráfico de drogas e
estudos prévios também mostram que crianças e adolescentes negros estão
mais suscetíveis à altas taxas de homicídio. Um estudo de 2012 da
Unicef projetou que até 2016 cerca de 36 mil adolescentes brasileiros
seriam mortos por homicídio a não ser que fossem tomadas medidas
contrárias.
Percebe-se
portanto que o Brasil se destaca no cenário internacional pela taxa e
número absoluto de homicídios entre jovens (em especial jovens homens e
negros) e tais dados mostram a necessidade de medidas enérgicas para
combater os homicídios nessa faixa etária em especial. Tal constatação
de fato é preocupante, pois o problema da violência entre jovens se
reforça em um panorama de melhorias do mercado de trabalho e queda da
pobreza nos últimos dez anos.
Análise: Ana Luíza Matos de Oliveira, economista
As opiniões aqui expressas são de inteira responsabilidade do seu autor, não representando a visão da FPA ou de seus dirigentes. |
sexta-feira, 9 de janeiro de 2015
Papo Sério - Unicef: homicídios entre jovens no mundo e no Brasil
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