Sri Krishna Murti
A Bossa ganhou o mundo, mas nunca tinha flertado tão de perto com o oriente.
A Bossa Nova recebe Chandramukha Swami e os tradicionais mantras indianos em um autêntico casamento Brasil/Índia. Quando o clássico compacto de João Gilberto com “Chega de Saudade” e “Bim Bom” chegou às lojas em 1958, certamente os grandes personagens da grande história da Bossa Nova jamais poderiam imaginar que aquela batida diferente encontraria pela frente uma das mais antigas expressões de devoção a Deus da humanidade – nem mesmo quando os jazzistas americanos Stan Getz e Charlie Byrd arrebataram os EUA com o novo gênero, ou ainda quando Astrud Gilberto gravou seu primeiro álbum, tampouco quando Tom Jobim se encontrou com Frank Sinatra.
A Bossa ganhou o mundo, mas nunca tinha flertado tão de perto com o oriente. Ninguém, nenhum desses boêmios clássicos, poderia supor que um dia, com tamanha qualidade, um monge Hare Krishna faria uma belíssima homenagem ao gênero, fundindo-o com mantras antiquíssimos e tradicionais canções devocionais da região da Bengala.
Mas Chandramukha Swami gosta de surpreender. Seu novo trabalho, “Deu Bossa no Mantra”, que conta com um time de músicos de primeira grandeza, é uma intrigante e bem feita fusão de estilos, com arranjos esmerados e um encaixe de ritmos surpreendente. As tradicionais ragas das canções originais de poetas clássicos da Índia e mantras de escrituras ancestrais seguem presentes, mas com a cadência e o swing dos grandes momentos da Bossa Nova.
A ponte entre música indiana e MPB é algo que permeia os trabalhos anteriores de Chandramukha Swami. Monge renunciado desde 1979 e um dos grandes líderes da Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna, fundada por Swami Prabhupada e hoje a maior instituição de origem hindu do mundo, o Swami, com sua voz aveludada e elegante, já levou para o universo dos mantrasgrandes nomes da nossa música, incluindo Leo Gandelman, que volta neste novo trabalho, Gabriel Guedes, B Negão, Lui Coimbra, Dorina, Paulo Moura, Marcus Vianna e um disco inteiro ao lado do Quinteto Violado, intitulado “Choveu Mantra no Sertão”. Porém, o trio indiano harmônio, karatala e mridanga, que compõe a formação básica da música devocional bengali, realmente soa próximo à zabumba, ao triângulo e ao acordeão, o que deixa o recente trabalho com a Bossa Nova ainda mais extraordinário.
Se Vinicius e Baden se encontraram com a África, Chandramukha Swami trouxe a Índia. E viva a universalidade de uma cultura milenar!
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