segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Espaço Cultural Porto Seguro abre a exposição de fotos EXERIANAS de DIMITRI LEE

Espaço Cultural Porto Seguro abre a exposição de fotos

EXERIANAS de DIMITRI LEE

“Como seria se o que vemos se contorcesse sobre si mesmo
subvertendo todas as noções de proporção,
profundidade e perspectiva a que estamos habituados?”
Arnaldo Antunes



Abertura para convidados: dia 19 de agosto, às 19h

O Espaço Cultural Porto Seguro apresenta a exposição de fotos EXERIANAS, de Dimitri Lee,  de 20 de agosto a 28 de setembro.

Reconhecido pelas tradicionais imagens panorâmicas P&B captadas por câmera analógica, em filmes de grande formato,   em  EXERIANAS Dimitri  surpreende ao trazer fantasia à realidade retratada. “É como se saísse do acústico, para o elétrico”, define.

Esta mudança foi  impulsionada há dois anos, quando, ao tentar ampliar a já máxima captura  possível retratada numa panorâmica de 360º, o fotógrafo resolveu  utilizar sua câmera giratória não apenas por uma volta, mas sim girando-a mais vezes, na sequência,  de um ponto fixo. 

Sem intenção, a  transformação da paisagem, mesmo segundos depois,  foi captada. O TEMPO apareceu e inquietou.  Mas como captá-lo?  Como ganhar TEMPO e aumentar o interesse por um mesma imagem  por dias, meses, anos?



Na busca por respostas, Dimitri trocou a câmera analógica pela digital, as cores,  ainda que discretas, apareceram e as várias  imagens captadas, ainda em grandes formatos, foram  cortadas e manipuladas digitalmente. Vem daí a escolha do nome da exposição, uma alusão ao artista gráfico holandês Escher, conhecido  por suas obras com ilusão de ótica.

“As fotos, deformadas em curvas, parecem ganhar volume. E o volume sugere movimento. As diferenças de cor e textura são amenizadas, para criar a ilusão de continuidade. À distância, parece um todo amorfo em que as partes se fundem e confundem, duplicando-se em encruzilhadas de sua própria matéria. Mas quando nos aproximamos, os detalhes revelam múltiplas variações, como um infinito que não se repete,  mas retorna transformado, sempre novo. Essa é a principal diferença desse trabalho, em relação às simetrias espelhadas de Escher. Por isso, além da explícita referência, em seu título, à fonte de inspiração em Escher, há também a não menos explícita subversão dessa relação, ao nomeá-las de Exerianas, com x no lugar de sch. Aí Está o x da questão- nas fotomontagens de Dimitri não há simetria, geometria, espelhamento”, fala o poeta e músico Arnaldo Antunes em seu texto sobre a obra de Dimitri Lee.



Estarão expostas 12 imagens de 180X77cm, ampliadas em papel algodão em metacrilato, além 2 imagens que revelam o processo de trabalho de Dimitri Lee.


Serviço:
Exposição
EXERIANAS do fotógrafo DIMITRI LEE
Abertura para Convidados: dia 19 de agosto, às 19h.
Visitação: de 20 de agosto a 28 de setembro.
Local: Espaço Cultural Porto Seguro
Avenida Rio Branco, 1489 – Campos Elíseos
Horário de Funcionamento: de terça a sexta-feira, das 10h às 19h; Sábado e Domingo, das 10h às 17h
Entrada Gratuita..
Acessibilidade a portadores de necessidades especiais

Texto de Arnaldo Antunes sobra a Exposição
CONTORCIONISMO DA IMAGEM
O Produtor Chico Neves, com quem trabalhei em alguns discos, me expôs uma vez uma curiosidade que ele tinha (e que gostaria de simular de alguma forma): como soaria um som escorrendo como água, em redemoinho, por um ralo? O Desejo de alterar a percepção do que chamamos de real (ou normal), sempre foi um impulso para as manifestações artísticas, das inscrições rupestres às animações em 3D.
A Modernidade deu a esse desejo feições mais definidas, para além da ilusão de recriar o mundo exterior com fidelidade fisionômica. Um tanto dessa inquietação expressiva aparece agora, armada de novos meios, nas Exerianas de Dimitri Lee: Como Seria se o que vemos se contorcesse sobre si mesmo subvertendo todas as noções de proporção, profundidade e perspectiva a que estamos habituados? Uma das belezas desse trabalho é não entender bem como ele foi feito.
O Resultado vertiginoso se soma ao mistério de sua realização, muito bem acabada. Dimitri não tem medo da tecnologia. E usa o arsenal digital a serviço do sonho, da mágica, da alteração dos sentidos.
Num Tempo em que sobram recursos sedutores e faltam respostas de linguagem adequadas a eles, Dimitri consegue usar os efeitos procedentemente, para potencializar sua criação, com a descoberta de um novo repertório visual.
Ousado no uso assumido dos filtros, efeitos, fusões, distorções, emendas; faz com que as imagens se dobrem e desdobrem sobre si mesmas, como matéria moldável.
As fotos, deformadas em curvas, parecem ganhar volume. E o volume sugere movimento. As diferenças de cor e textura são amenizadas, para criar a ilusão de continuidade. À distância, parece um todo amorfo em que as partes se fundem e confundem, duplicando-se em encruzilhadas de sua própria matéria. Mas quando nos aproximamos, os detalhes revelam múltiplas variações, como um infinito que não se repete mas retorna transformado, sempre novo. Essa é a principal diferença desse trabalho, em relação às simetrias espelhadas de Escher. Por isso, além da explícita referência, em seu título, à fonte de inspiração em Escher, há também a não menos explícita subversão dessa relação, ao nomeá-las de Exerianas, com x no lugar de sch. Aí Está o x da questão- nas fotomontagens de Dimitri não há simetria, geometria, espelhamento.
A Sugestão da onda que se contorce sobre si e a uniformização da cor sugerem a repetição cíclica, mas um olhar atento percebe que, na maioria dessas peças, a imagem  toda difere, de cima a baixo, de um lado a outro, em contínua transformação.


Sobre Dimitri Lee
São Paulo, SP, 1961
Biografia
Autodidata, começou a carreira trabalhando como assistente nos estúdios da Editora Abril em 1978, onde atuou até 1980. Em 1981 montou estúdio próprio e começou a trabalhar com publicidade, atendendo as principais agências do Brasil. Em 2000 começou a utilizar o formato panorâmico em projetos de expressão pessoal. Em 1995, criou o primeiro provedor de Internet exclusivamente baseado em Macintosh no Brasil em parceria com a Apple. Embora tenha muita experiência em informática, tem resistência no seu uso em fotografia, preferindo usar filme de grande formato.
Mostras individuais
1981 – Galeria Jasmim, São Paulo
2006 – Templos Politeístas, Cinemateca Brasileira, São Paulo
2007 – Templos Politeístas, Galeria Paparazzi, São Paulo
Exposições coletivas
1981 – Museu da Cidade / Edifício Martinelli, São Paulo
1986 – Recy Clic, Focus, São Paulo
2005 – Coletivo Fotográfico, Museu de Imagem e do Som, São Paulo
2006 – Coletivo Fotográfico, Caixa Cultural Brasília, Brasília e Rio de Janeiro

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