COR-LUZ - HERMELINDO FIAMINGHI E O PARADIGMA CONCRETO
Exposição na Dan Galeria traz 40 obras do artista que criou um novo paradigma na arte brasileira
Cor-Luz 9002/ 1990/ 140 x 150 cm/ Têmpera/óleo sobre tela
Cor-Luz 9002/ 1990/ 140 x 150 cm/ Têmpera/óleo sobre tela
“Eu
achava que poderia existir uma arte em que a cor era ela mesma. Digo
“ela mesma” e não cor pura, porque tecnicamente essa história de cor
pura é própria da linguagem de um crítico. Na verdade, que parâmetro é
conferido a uma cor para se dizer que ela é pura? Talvez possa-se dizer
que uma cor é mais luminosa que a outra, ou mais limpa.”
As
palavras de Hermelindo Fiaminghi (1920-2004) expressam o desejo nascido
na exposição de Max Bill, realizada no MASP, em 1950, que se consumaria
no início da década seguinte na estética que veio a ser conhecida como
Cor-Luz, centro da exposição sobre o artista na Dan Galeria, que reunirá
também obras do período concretista.
Paradigma
da obra de Fiaminghi, a Cor-Luz é caracterizada pela obtenção da cor e
da imagem por meio de retículas feitas em pincel compostas
individualmente, por meio do pincel e tinta, criando uma nova maneira de
composição de imagem, ao invés da tradicional mistura de tintas. Cada
ponto é uma espécie de unidade celular da pintura e desvela o que está
por detrás da pintura tradicional. Por meio das retículas e da pesquisa
em torno da fusão e difusão da cor pela luz, Fiaminghi leva às artes
plásticas a influência da estética da arte gráfica – que exerceu nos
anos 1940 - ao mesmo tempo em que retoma o caráter plástico da pintura.
“Quando elimina a construção geométrica da escola concretista e passa a
trabalhar com a retícula, Fiaminghi inicia o paradigma da Cor-luz”,
afirma Peter Cohn, da Dan Galeria, curador da exposição junto de Daniela
Bousso.
O artista
Hermelindo
Fiaminghi nasceu em São Paulo em1920. Cursa, entre 1936 e 1941, o Liceu
de Artes e Ofícios de São Paulo, onde teve aulas com Lothar Charoux
(1912 - 1987) e Waldemar da Costa (1904 - 1982). Inicia sua trajetória
como artista gráfico no início dos anos 1940, ao passar a se dedicar a
litografia. Em 1946, monta sua primeira empresa no setor, o Graphstudio.
No
início dos anos 1950, o artista começa a realizar trabalhos abstratos,
em que revela a influência da arte construtiva, e colabora ainda com os
poetas concretos na programação gráfica de seus poemas. Em 1955, na
terceira Bienal de Artes de São Paulo, é “denunciado” como concretista,
embora tido como “intruso” por um dos líderes do movimento, o artista
Waldemar Cordeiro (1925 - 1973), cujo manifesto – Ruptura, que dera nome
ao seu grupo – fora concebido pouco tempo antes. Ao longo dos anos
1950, contribui na produção gráfica dos poemas-cartazes de poetas
concretistas de São Paulo, como Haroldo de Campos (1929 - 2003) e Décio
Pignatari (1927-2012).
Em
1959, Fiaminghi rompe com Waldemar Cordeiro (1925 - 1973) e o grupo de
artistas concretistas de São Paulo. A partir dos anos 1960, o artista
inicia as experiências com a cor que criaram a estética e o paradigma da
Cor-Luz. Na década de 1980, realiza uma série de "desretratos", como o
de Haroldo de Campos, de 1985, e de "despaisagens", com pinceladas
livres, que revelam o colorido como superfície flutuante. A Cor-Luz
marcará sua obra e busca artística até o fim de sua vida.
Hermelindo Fiaminghi – Cor-luz, na Dan Galeria
Coquetel de abertura: sábado, dia 30 de agosto, das 10h às 14h
Visitação: De 30 de agosto a 30 de setembro
De segunda a sexta das 10h às 18h, sábado das 10h às 13h
De segunda a sexta das 10h às 18h, sábado das 10h às 13h
Rua Estados Unidos, 1638
Telefone: (11) 3083-4600
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