O Espaço Cultural Porto Seguro apresenta a exposição de fotos EXERIANAS, de Dimitri Lee, de 20 de agosto a 28 de setembro.
Reconhecido pelas tradicionais imagens panorâmicas P&B captadas por câmera analógica, em filmes de grande formato, em EXERIANAS Dimitri surpreende ao trazer fantasia à realidade retratada. “É como se saísse do acústico, para o elétrico”, define.
Esta
mudança foi impulsionada há dois anos, quando, ao tentar ampliar a já
máxima captura possível retratada numa panorâmica de 360º, o fotógrafo
resolveu utilizar sua câmera giratória não apenas por uma volta, mas
sim girando-a mais vezes, na sequência, de um ponto fixo.
Sem
intenção, a transformação da paisagem, mesmo segundos depois, foi
captada. O TEMPO apareceu e inquietou. Mas como captá-lo? Como ganhar
TEMPO e aumentar o interesse por um mesma imagem por dias, meses, anos?
Na
busca por respostas, Dimitri trocou a câmera analógica pela digital, as
cores, ainda que discretas, apareceram e as várias imagens captadas,
ainda em grandes formatos, foram cortadas e manipuladas digitalmente.
Vem daí a escolha do nome da exposição, uma alusão ao artista gráfico
holandês Escher, conhecido por suas obras com ilusão de ótica.
“As
fotos, deformadas em curvas, parecem ganhar volume. E o volume sugere
movimento. As diferenças de cor e textura são amenizadas, para criar a
ilusão de continuidade. À distância, parece um todo amorfo em que as
partes se fundem e confundem, duplicando-se em encruzilhadas de sua
própria matéria. Mas quando nos aproximamos, os detalhes revelam
múltiplas variações, como um infinito que não se repete, mas retorna
transformado, sempre novo. Essa é a principal diferença desse trabalho,
em relação às simetrias espelhadas de Escher. Por isso, além da
explícita referência, em seu título, à fonte de inspiração em Escher, há
também a não menos explícita subversão dessa relação, ao nomeá-las de Exerianas, com x no lugar de sch.
Aí Está o x da questão- nas fotomontagens de Dimitri não há simetria,
geometria, espelhamento”, fala o poeta e músico Arnaldo Antunes em seu
texto sobre a obra de Dimitri Lee.
Estarão
expostas 12 imagens de 180X77cm, ampliadas em papel algodão em
metacrilato, além 2 imagens que revelam o processo de trabalho de
Dimitri Lee.
Serviço:
Exposição
EXERIANAS do fotógrafo DIMITRI LEE
Abertura para Convidados: dia 19 de agosto, às 19h.
Visitação: de 20 de agosto a 28 de setembro.
Local: Espaço Cultural Porto Seguro
Avenida Rio Branco, 1489 – Campos Elíseos
Horário de Funcionamento: de terça a sexta-feira, das 10h às 19h; Sábado e Domingo, das 10h às 17h
Entrada Gratuita.
Acessibilidade a portadores de necessidades especiais
Texto de Arnaldo Antunes sobra a Exposição
CONTORCIONISMO DA IMAGEM
O
Produtor Chico Neves, com quem trabalhei em alguns discos, me expôs uma
vez uma curiosidade que ele tinha (e que gostaria de simular de alguma
forma): como soaria um som escorrendo como água, em redemoinho, por um
ralo? O Desejo de alterar a percepção do que chamamos de real (ou
normal), sempre foi um impulso para as manifestações artísticas, das
inscrições rupestres às animações em 3D.
A
Modernidade deu a esse desejo feições mais definidas, para além da
ilusão de recriar o mundo exterior com fidelidade fisionômica. Um tanto
dessa inquietação expressiva aparece agora, armada de novos meios, nas Exerianas de
Dimitri Lee: Como Seria se o que vemos se contorcesse sobre si mesmo
subvertendo todas as noções de proporção, profundidade e perspectiva a
que estamos habituados? Uma das belezas desse trabalho é não entender
bem como ele foi feito.
O
Resultado vertiginoso se soma ao mistério de sua realização, muito bem
acabada. Dimitri não tem medo da tecnologia. E usa o arsenal digital a
serviço do sonho, da mágica, da alteração dos sentidos.
Num
Tempo em que sobram recursos sedutores e faltam respostas de linguagem
adequadas a eles, Dimitri consegue usar os efeitos procedentemente, para
potencializar sua criação, com a descoberta de um novo repertório
visual.
Ousado
no uso assumido dos filtros, efeitos, fusões, distorções, emendas; faz
com que as imagens se dobrem e desdobrem sobre si mesmas, como matéria
moldável.
As
fotos, deformadas em curvas, parecem ganhar volume. E o volume sugere
movimento. As diferenças de cor e textura são amenizadas, para criar a
ilusão de continuidade. À distância, parece um todo amorfo em que as
partes se fundem e confundem, duplicando-se em encruzilhadas de sua
própria matéria. Mas quando nos aproximamos, os detalhes revelam
múltiplas variações, como um infinito que não se repete mas retorna
transformado, sempre novo. Essa é a principal diferença desse trabalho,
em relação às simetrias espelhadas de Escher. Por isso, além da
explícita referência, em seu título, à fonte de inspiração em Escher, há
também a não menos explícita subversão dessa relação, ao nomeá-las de Exerianas, com x no lugar de sch. Aí Está o x da questão- nas fotomontagens de Dimitri não há simetria, geometria, espelhamento.
A
Sugestão da onda que se contorce sobre si e a uniformização da cor
sugerem a repetição cíclica, mas um olhar atento percebe que, na maioria
dessas peças, a imagem toda difere, de cima a baixo, de um lado a
outro, em contínua transformação.
Sobre Dimitri Lee
São Paulo, SP, 1961
Biografia
Autodidata,
começou a carreira trabalhando como assistente nos estúdios da Editora
Abril em 1978, onde atuou até 1980. Em 1981 montou estúdio próprio e
começou a trabalhar com publicidade, atendendo as principais agências do
Brasil. Em 2000 começou a utilizar o formato panorâmico em projetos de
expressão pessoal. Em 1995, criou o primeiro provedor de Internet
exclusivamente baseado em Macintosh no Brasil em parceria com a Apple.
Embora tenha muita experiência em informática, tem resistência no seu
uso em fotografia, preferindo usar filme de grande formato.
Mostras individuais
1981 – Galeria Jasmim, São Paulo
2006 – Templos Politeístas, Cinemateca Brasileira, São Paulo
2007 – Templos Politeístas, Galeria Paparazzi, São Paulo
Exposições coletivas
1981 – Museu da Cidade / Edifício Martinelli, São Paulo
1986 – Recy Clic, Focus, São Paulo
2005 – Coletivo Fotográfico, Museu de Imagem e do Som, São Paulo
2006 – Coletivo Fotográfico, Caixa Cultural Brasília, Brasília e Rio de Janeiro
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