segunda-feira, 10 de março de 2014

Os cantos de Maldoror, poesias e cartas de Conde de Lautréamont

Os cantos de Maldoror, poesias e cartas

de  Conde de Lautréamont


No de Paginas:384




Lautréamont, depois de morrer desconhecido aos 24 anos, em 1870, e de sua obra esperar dezessete anos para ter os primeiros leitores, tornou-se um mito, pela extraordinária ousadia e criatividade de seu texto, um exercício radical de liberdade de criação. Hoje multiplicam-se as edições de Os Cantos de Maldoror e da obra completa de Isidore Ducasse, celebrizado sob o pseudônimo de Conde de Lautréamont. Sua bibliografia é gigantesca, situando-o entre os escritores mais estudados e discutidos da atualidade.

Ignorou a modernidade e apontou caminhos para o surrealismo e as vanguardas do século XX. Provocou fascinação e espanto em autores tão diversos como Breton, Malraux, Gide, Neruda e Ungaretti. É reconhecido como poderoso inventor, expoente dos inovadores, transgressores e poetas malditos, assim como o foram William Blake, Baudelaire, Rimbaud e Jarry.

O poeta Claudio Willer, que já havia publicado sua tradução de Os Cantos de Maldoror, preparou esta edição completa de Lautréamont.

Incluiu comentários, notas e um substancioso prefácio, onde enfrenta obscuridades, vencendo o desafio da interpretação do texto e os mistérios decorrentes da ausência de biografia. Mostra como os Cantos e Poesias são uma escrita do avesso, abissal e perversa, regida pela lógica da metamorfose, pois nela cada termo contém seu oposto e cada coisa implica seu contrário, aquilo que não é. Repleta de paradoxos, representa a consagração do pensamento analógico, oposto à razão dualista. Satírica e paródica, pelo modo como se apropria de outros autores, adulterando-os e invertendo-lhes o sentido, seu caráter monumental deve-se à coerência, aliada à imaginação desenfreada e transbordante. Da concepção geral, passando pelos relatos e reflexões, até o estranho vocabulário e as figuras exageradas de retórica, tudo, em seus detalhes, obedece à lógica do delírio e da negação. Por isso, não é apenas reflexão crítica sobre a literatura, mas rebelião extrema contra a sociedade e o mundo.


A CRITICA

A história da poesia moderna é a de um descomedimento. (...) O astro negro de Lautréamont preside o destino de nossos maiores poetas.

Octavio Paz


Os Cantos de Maldoror e Poesias brilham com um fulgor incomparável: são a expressão de uma revelação total, que parece exceder as possibilidades humanas. Com ele o famoso “tudo é permitido” de Nietzsche não permaneceu platônico, pretendendo significar que a melhor regra aplicável ao espírito ainda é a orgia.

André Breton





Ele era, sem dúvida, um gênio irredutível para o mundo, e não mais desejável para o mundo do que Edgar Poe, Baudelaire, Gérard de Nerval ou Arthur Rimbaud.

Antonin Artaud


Abram Lautréamont! E aí está toda a literatura virada pelo avesso como um guarda-chuva! Fechem Lautréamont! E tudo, imediatamente, volta ao lugar...

Francis Ponge



 O AUTOR

Isidore Lucien Ducasse, mais conhecido pelo pseudónimo literário de Conde de Lautréamont (Montevidéu, 4 de Abril de 1846 — Paris, 24 de Novembro de 1870) foi um poeta uruguaio que viveu na França.

É o autor dos Cantos de Maldoror. Sua poesia também era apreciada por André Breton, que o considerava, de certa forma, como um dos precursores do surrealismo.

A quantidade de informação sobre a vida deste poeta é diminuta. Sabe-se que nasceu no Uruguai, "nas costas da América, na foz do La Plata", como é dito no Canto I de sua obra-prima "Os Cantos de Maldoror", onde também se identifica como "Montevidense". Era filho de um chanceler do Consulado Francês no Uruguai. Sua mãe, francesa, morreu quando o escritor tinha apenas vinte meses de idade.

Em outubro de 1859 foi para a França estudar no colégio interno de Tarbes e, depois, no colégio de Pau, onde foi colega de Paul Lespès, uma das pessoas a que foram dedicados os "Cantos de Maldoror" e a cujo testemunho se deve o conhecimento de uma situação ocorrida durante uma aula de retórica do professor Gustave Hinstin. Este professor, que também consta na dedicatória do seu poema, tê-lo-ia repreendido publicamente de forma severa devido ao conteúdo de uma das suas "Poesias" – Ducasse ter-se-ia sentido extremamente injustiçado com a situação.

Foi também descoberta, em 1977, uma edição da Ilíada de Homero, em Espanha, com a seguinte inscrição na folha de rosto: "Propriedad del señor Isidoro Ducasse nacido en Montevideo (Uruguay) – tengo tambien "Arte de hablar" del mismo autor. 14 Avril 1863.", ou seja "Propriedade do senhor Isidore Ducasse nascido em Montevidéu (Uruguai)- tenho também "Arte de Falar" do mesmo autor. 14 de abril de 1863", o que leva a crer que, apesar de ter escrito a sua obra maior em francês, utilizasse principalmente a língua espanhola.

Crê-se que pseudónimo Lautréamont tenha sido inspirado no nome de um romance de Eugène Sue, "Latréaumont" (note-se que há uma leve diferença na grafia da palavra); a atribuição do título de Conde poderá ser uma referência ao Marquês de Sade ou uma forma de destacar-se da burguesia, ainda que não existam quaisquer provas destas duas teses.

Lautréamont morreu aos 24 anos de idade, em 24 de novembro de 1870, às 08h00, em seu hotel. Em seu atestado de óbito foi dado "não há nenhuma informação". Uma vez que muitos tinham medo de epidemias, enquanto Paris foi sitiada, Ducasse foi sepultado no dia seguinte após um culto em Notre Dame de Lorette, em um túmulo provisório no Cemetière du Nord. Em janeiro de 1871, seu corpo foi colocado em outra sepultura num outro lugar.



Cantos de Maldoror - Canto Primero - Conde de Lautréamont 


 

UM LANÇAMENTO


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