quarta-feira, 3 de julho de 2013

FPA Informa 06


Dilma enviará hoje proposta de questões para plebiscito: A presidenta Dilma Roussef prometeu enviar hoje ao congresso suas sugestões de temas que poderão fazer parte do plebiscito sobre a reforma política. A intenção do governo é não tornar a consulta popular muito complexa, limitando-a a poucas perguntas acerca do mecanismo de financiamento eleitoral e da forma de escolha dos candidatos.
Comentário: A ideia da realização do plebiscito está bastante consolidada nos planos do governo, que usará sua força para aprovar a convocação da consulta no Congresso Nacional o quanto antes. A presidência já realizou uma consulta ao TSE, que está definindo quais seriam os prazos mínimos para realização do plebiscito, assim como calculando seus custos (estimados em R$500 milhões) e sua operacionalidade. Há ainda no Congresso alguma resistência à ideia do plebiscito, mas parece pouco provável que os congressistas afrontem a vontade expressa nas ruas de maior participação direta nos rumos da nação, particularmente nos rumos da política, ideal tão bem captado pela presidenta Dilma na ideia do plebiscito. A resistência inicial da oposição ao plebiscito é natural e compreensível dado o papel exercido por estes deputados, no entanto pode se provar um “tiro no pé” daqueles que mantiverem posição contrária à consulta popular, dada a possibilidade de serem identificados como pessoas não comprometidas com a mudança nas instituições democráticas exaustivamente reclamadas pela população nos dias atuais.

Indústria patina e crescimento do segundo trimestre está ameaçado:A indústria apresentou um resultado negativo em maio, devolvendo grande parte do crescimento elevado de 1,9% registrado em abril. Superando negativamente as expectativas dos analistas (que esperavam uma queda de 1%), a indústria apresentou recuo de 2% na comparação com o mês anterior, acumulando crescimento de 1,7% em 2013 e recuo de 0,5% no acumulado de 12 meses. A queda na produção industrial foi puxada pelo setor de bens de capital, que teve uma retração de 3,5% no mês, mas ainda cresceu 12,5% em relação a maio de 2012. Os setores de bens intermediários, bens de consumo duráveis e bens de consumo não duráveis tiveram quedas menores no mês (-1,1%, -1,2% e -1% respectivamente), porém apresentam resultados piores se considerado o mesmo mês de 2012 (-0,6%, 4,1% e 0,8% respectivamente). De 27 setores pesquisados, 20 apresentaram retração da produção, com destaque para a queda de 5% na produção de máquinas e equipamentos, 4% de alimentos e 2,9% na produção de veículos.
Comentário: A queda na produção industrial em maio era esperada, mas surpreendeu pela sua intensidade. Como os protestos e manifestações tiveram início em junho, a queda acentuada da produção industrial não pode ser atribuída a eventuais paralizações na produção, tampouco está vinculada à piora acentuada no clima de negócios do país. A queda da indústria em maio e os sinais de estagnação da produção industrial em junho indicam um segundo semestre menos dinâmico do que o inicialmente esperado no campo industrial, o que somado ao possível baixo do varejo em junho (mês dos protestos que abalaram as vendas e os negócios ao redor do país), prenuncia um crescimento menor no segundo trimestre.

Setor externo e inflação preocupam, mas dão sinais alentadores: Os resultados divulgados ontem sobre o setor externo e a inflação indicam que, apesar de apresentarem dificuldades no curto prazo, estes indicadores econômicos podem melhorar ao longo do ano. A balança comercial de junho foi superavitária no montante de US$ 2,394 bilhões, com as exportações totalizando US$ 21,227 bilhões e as importações US$ 18,833 bilhões. No campo inflacionário, o IPC-S desacelerou na quarta quadrissemana de junho para 0,35% (ante 0,37% da quadrissemana anterior), enquanto IPC-FIPE acelerou de 0,10% para 0,32%, abaixo do esperado pelo mercado (que esperava alta de 0,46% em média).
Comentário: As exportações apresentaram um aumento de 9,7% em relação ao mesmo mês do ano anterior, pontualmente influenciadas pela venda de uma plataforma petrolífera no exterior, o que levou ao crescimento atípico no registro de exportações de bens manufaturados (18%). Apesar disso, junho é o primeiro mês sem a influência negativa da contabilização tardia das importações de petróleo e derivados feita pela Petrobras no ano de 2012. Sendo assim, a expectativa é de que até o final do ano o déficit acumulado no primeiro semestre de 2013 (US$ 3 bilhões), artificialmente inflado por esta contabilização tardia, se reverta e torne-se um superávit, diante do arrefecimento das importações (dado um crescimento menor da economia) e um crescimento na exportação de petróleo e grãos. Já no campo inflacionário, a redução do crescimento, o arrefecimento do varejo e a queda do preço das commodities no mercado internacional pressionam os preços para baixo, enquanto a desvalorização cambial pressiona positivamente os preços. Só será possível realizar um balanço prospectivo da inflação para 2013 quando tivermos mais segurança a respeito do nível em que se estabilizará a taxa de cambio e o preço das commodities no mercado externo.


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